O Brasil se retirou da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto. A aliança para lembrar do genocídio de 6 milhões de judeus durante a segunda guerra mundial. Por que o governo não quer lembrar de tamanha tragédia? O que está por trás disso?
No dia 24 de julho de 2025, o governo brasileiro retirou o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). Esse ato causou revolta na comunidade judaica do Brasil, pois é triste ver o país rejeitar a lembrança desse tema, que é uma ferida aberta até hoje para os judeus no Brasil e no mundo.
O Holocausto foi o genocídio de judeus que ocorreu na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, perpetrado pelos nazistas. Cerca de 6 milhões de judeus foram mortos neste triste episódio. Além dos judeus, os nazistas também assassinaram entre 200 mil e 1 milhão de pessoas dos povos Roma, também conhecidos como povos ciganos. As atrocidades foram sistemáticas e brutais. Milhões de judeus foram forçados a viver em guetos, como o de Varsóvia, antes de serem enviados para campos de extermínio como Auschwitz-Birkenau. Nesses campos, a vida era um inferno. Prisioneiros eram submetidos a trabalhos forçados, fome, doenças e experimentos médicos desumanos, além de execuções em massa nas câmaras de gás.
A memória desses horrores é mantida viva por inúmeros testemunhos. Anne Frank, uma jovem que se escondeu em Amsterdã, deixou um diário que se tornou um dos relatos mais comoventes sobre a perseguição nazista, mostrando o medo e a esperança de uma vida roubada. Primo Levi, um químico italiano que sobreviveu a Auschwitz, escreveu "Se Isto É um Homem", um relato detalhado e doloroso da desumanização nos campos, onde a dignidade humana era metodicamente destruída. Elie Wiesel, outro sobrevivente, em sua obra "Noite", descreveu o terror de perder a fé e a família, tornando-se um incansável defensor da memória do Holocausto, para que o mundo jamais se esqueça. Esses relatos, junto com muitos outros, servem como um alerta eterno para a capacidade humana de cometer o mal.
(Sugestão de Pausa)
Por mais que seja duro, atrocidades dessa magnitude precisam ser lembradas. Primeiramente, em respeito às vítimas e aos seus descendentes, já que este evento, em termos históricos, ocorreu há relativamente pouco tempo. Além disso, é preciso entender até que ponto o descaso com a vida humana pode chegar. É estudando o passado que evitamos que outras tragédias do tipo aconteçam no futuro.
Foi por esses motivos que a IHRA foi criada. De acordo com sua definição: “A Aliança Internacional para a Memória do Holocausto é a única organização intergovernamental com um mandato focado em abordar os desafios contemporâneos relacionados ao Holocausto e ao genocídio dos judeus. Promovemos a educação, a memória e a pesquisa sobre o que aconteceu no passado para construir um mundo sem genocídio no futuro.”
Por qual motivo um país poderia se opor a fazer parte desta aliança? Sabemos que o governo do PT sempre se esforça para se afastar de alianças minimamente sensatas, e faz ainda mais para se aliar ao que o mundo tem de pior, como as ditaduras do Irã, Rússia, Venezuela e China. Essas tiranias oprimem de forma violenta o próprio povo e muitas vezes são hostis também a povos vizinhos. Não é de se espantar que o Brasil não tenha entrado nessa aliança durante os governos de Lula e Dilma. No entanto, em 2021, o presidente Bolsonaro incluiu acertadamente o Brasil na IHRA. Agora que Lula voltou ao poder, não tardou para o governo retirar o Brasil novamente.
(Sugestão de Pausa)
O embaixador Celso Amorim foi ao programa Roda Viva, da TV Cultura, e falou uma série de besteiras. Por exemplo, disse que o pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que a China quadruplicasse a importação de soja norte-americana representa “quase um estado de guerra contra o Brasil”. Em um momento em que se tenta negociar com o “laranjão das américas”, dizer que os Estados Unidos estão quase em guerra com o Brasil definitivamente não ajuda em nada. Só joga mais lenha na fogueira para que um tarifaço venha com força contra as exportações brasileiras. Mas sabemos que tudo é estratégia do PT. Assim como faz o ditador Maduro da Venezuela, todos os comunistas adoram se colocar como heróis da luta contra os inimigos “yankees imperialistas”. Desta forma, eles podem chamar todos os adversários políticos de traidores da pátria e persegui-los à vontade.
Mas, voltando ao assunto da memória do Holocausto, ainda no programa Roda Viva, Celso Amorim explicou o motivo da saída do Brasil da IHRA: A saída foi motivada porque o governo brasileiro se sentia “manipulado” pela aliança. Segundo Amorim, a definição de antissemitismo da IHRA não permitia que se defendesse um estado palestino.
Porém, o argumento de Amorim é uma forçação de barra sem tamanho. Não há nada na definição de antissemitismo da IHRA que impeça a defesa da criação de um estado palestino. O que acontece é que, apesar do embaixador dizer que é a favor de dois estados lado a lado, na prática, ele e o PT parecem desejar a destruição do estado de Israel. Tanto que o PT recebeu de braços abertos, em 2009, o ditador do Irã Mahmoud Ahmadinejad, que queria a destruição de Israel e, inclusive, era um negacionista do Holocausto. E outra evidência disso é que toda a esquerda política mundial tem defendido os terroristas do Hamas desde o começo do conflito.
(Sugestão de Pausa)
A definição de antissemitismo da IHRA toca em Israel em quatro itens. O primeiro é responsabilizar os judeus coletivamente pelas ações de Israel. Esse item faz todo o sentido, já que culpar uma pessoa pelas ações de outras, apenas por serem semelhantes em religião e nacionalidade, é puro preconceito. O segundo item é aplicar um padrão moral duplo para Israel, ou seja, exigir de Israel um padrão moral que não é exigido de mais nenhum outro país. Esse item mostra uma forma de ódio velado, pois quem tem preconceito costuma usar a estratégia de apontar todos os erros de um lado e fechar os olhos para o outro. Um exemplo disso é o esquecimento da esquerda de que milhares de judeus foram expulsos de países árabes no século XX e tiveram que se refugiar em Israel. Para eles, esse fato não interessa para alimentar sua narrativa infantil de malvados contra bonzinhos.
O terceiro item é: traçar comparações entre as ações contemporâneas do estado de Israel com o Holocausto. Fazer essa esdrúxula comparação, obviamente, é antissemitismo. Mesmo que se argumente que o estado de Israel responde de forma exagerada ao terrorismo do Hamas e que atinge muitos inocentes, não há nada que se pareça com os campos de concentração dos nazistas. Não há nada que se pareça com o interesse de exterminar um povo puramente por sua religião e etnia. A comparação indevida da vítima com seu maior algoz é uma forma covarde de tentar ofender o outro. Aliás, não sei se vocês se lembram, mas o nosso irresponsável presidente deu a seguinte declaração: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”. Ou seja, o nosso presidente, supostamente do amor, deu uma declaração claramente odiosa, infundada e antissemita.
Por fim, o quarto item é negar aos judeus o direito à autodeterminação, por exemplo, dizendo que a existência do estado de Israel é um empreendimento racista. Como se todos os povos pudessem ter sua soberania nacional, menos o povo judeu. O sionismo nada mais é que o nacionalismo judaico, não há nada de racista nisso.
(Sugestão de Pausa)
Vale esclarecer que nós, como libertários, valorizamos muito o direito à autodeterminação, porém não por meio de estados nacionais. Ou seja, cada povo deve poder criar sua própria legislação e governança. No entanto, a melhor forma de se fazer isso é mediante leis privadas. Criar estados nacionais é uma péssima forma de chegar à autodeterminação, pois os governos sempre crescem de poder e violam a propriedade privada. Acaba que os povos ficam sujeitos ao jogo político e não se autogerenciam na prática. Porém, veja como os antissemitas agem de forma diferente: eles não se opõem ao conceito de nacionalismo de modo geral, mas escolhem somente o povo judeu para atacar sua forma específica de nacionalismo.
Na visão de pensadores como Friedrich Hayek, a primazia do direito e das leis sobre o arbítrio estatal é fundamental. O nacionalismo, quando se transforma em estatismo, como no caso nazista, leva à violação sistemática da propriedade e dos direitos individuais. A perseguição aos judeus começou com a expropriação de seus bens, uma clara violação do princípio da propriedade privada defendido por Murray Rothbard. Para Rothbard, a propriedade é o alicerce da liberdade, e a autodeterminação individual é a manifestação máxima desse direito. A negação da autodeterminação judaica é a negação de sua própria identidade e de seu direito de existir como povo, de possuir e se autogerenciar, algo que o estado nazista fez de forma extrema. O economista Ludwig von Mises também alertou sobre como o intervencionismo e o socialismo pavimentam o caminho para regimes totalitários. Ele argumentou que a centralização de poder, uma característica de estados nacionais fortes, leva inevitavelmente à opressão, como demonstrado pelo Holocausto. O direito à defesa, portanto, não é apenas um direito de proteger a vida, mas de proteger a propriedade e a autodeterminação contra a agressão de terceiros, sejam eles indivíduos ou estados.
(Sugestão de Pausa)
Agora que destrinchamos a definição de antissemitismo da IHRA, fica claro que o embaixador Celso Amorim deu uma desculpa esfarrapada para justificar a saída do Brasil da aliança. Não há nada que impeça a defesa da criação de um estado palestino. Aliás, parece que o governo brasileiro quer mesmo é continuar fazendo as estapafúrdias comparações entre Israel e o nazismo, e se aliar aos ditadores que defendem a destruição de Israel e negam o Holocausto. Ou seja, eles querem continuar praticando tudo o que está definido como antissemitismo.
https://holocaustremembrance.com/resources/working-definition-antisemitism
https://holocaustremembrance.com/
https://crusoe.com.br/diario/confusao-entre-estado-de-israel-e-judeus-expoe-brasileiros/
https://www.metropoles.com/mundo/celso-amorim-explica-por-que-brasil-saiu-de-alianca-do-holocausto
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/sob-protestos-ahmadinejad-e-recebido-por-lula-em-brasilia,378268f40d94b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/entenda-o-que-lula-falou-sobre-holocausto-e-israel/