O moribundo governo Lula acaba de receber a última pá de cal, vinda diretamente do centrão. PP e União Brasil anunciam sua saída total do governo e obrigam seus membros a deixarem os cargos. Pois é, agora só sobrou Lula e Xandão nesse Titanic afundando.
Não é de hoje que o governo Lula dá sinais de fragilidade. Desde o início desse terceiro mandato, o petista tenta manter a velha tática de aparelhar o estado com o maior número possível de aliados, distribuir cargos, pastas, diretorias e tudo o mais que pode virar moeda de troca. Afinal, esse é o verdadeiro combustível do presidencialismo de coalizão: em vez de governar com ideias, princípios ou projetos claros, governa-se com o cofre aberto. Mas chega uma hora em que nem o dinheiro público basta para manter de pé um castelo erguido sobre areia movediça. E foi exatamente isso que aconteceu agora, com a decisão do União Brasil e do PP de desembarcarem do governo e anunciarem apoio a um projeto de anistia para os investigados de 8 de janeiro. Em outras palavras: o governo Lula acabou.
Esse movimento, por mais previsível que fosse, caiu como uma bomba no Palácio do Planalto. Dois partidos que garantiam sustentação essencial à base aliada simplesmente decidiram puxar o tapete. A ordem interna foi clara: todos os filiados com mandato devem abandonar seus cargos no Executivo até o fim do mês. Isso atinge diretamente dois ministros que, até então, estavam bem acomodados com as regalias de Brasília: André Fufuca, que comandava o Esporte, e Celso Sabino, que cuidava do Turismo. Os dois foram colocados contra a parede. Se não entregarem os cargos, correm o risco de expulsão dos próprios partidos. E aí está a ironia da política brasileira: nem sempre é o povo quem expulsa o político do poder, mas o próprio partido, quando sente que o barco do governo vai afundar.
É curioso ver como esse desembarque mexe com o equilíbrio do poder. Até semana passada, Lula ainda tinha fôlego para aprovar medidas impopulares, sufocar comissões e segurar investigações. Agora, com a saída de União Brasil e do PP, esse cenário mudou completamente. Além da aprovação da anistia, que agora está mais próxima de acontecer do que nunca, outro efeito imediato do desembarque do centrão se dará sobre a CPMI do INSS, que vinha sofrendo todo tipo de pressão para não avançar. Pois bem: sem apoio parlamentar, o governo não terá como frear os trabalhos dessa comissão. E isso significa que, pela primeira vez em muito tempo, há chance de o Congresso cumprir um papel minimamente útil, investigando fraudes e maracutaias que sangram o bolso de aposentados e trabalhadores.
E é justamente aí que fica evidente como a ditadura vermelha que Lula vem tentando implementar começa a perder espaço. Porque não se trata apenas de perder votos no plenário. Trata-se de perder o poder de chantagem, o controle sobre a narrativa, a capacidade de ditar os rumos políticos sem oposição real. Quando o centrão decide abandonar o barco, é porque farejou que o governo já não tem nenhum futuro. E, convenhamos, se até o centrão, aquele bloco notório por sua flexibilidade moral e sua ânsia por cargos e verbas, percebeu que o custo de apoiar Lula se tornou alto demais, é porque o governo realmente acabou.
Claro que, oficialmente, a decisão foi apresentada de forma elegante. Os dirigentes falaram em “gesto de clareza e coerência”, em atender ao clamor do povo, em defender a democracia. Mas ninguém é ingênuo a esse ponto. A verdade é que Lula vinha cobrando lealdade pública, exigindo que seus ministros e aliados se expusessem em defesa de uma gestão cada vez mais impopular. Nessa cobrança, quem não consegue disfarçar a insatisfação prefere sair antes que a queda se torne ainda mais desmoralizante. Foi um recado direto ao Planalto: “não vamos afundar junto com você”.
E não para por aí. A decisão do União Brasil e do PP não significa abrir mão de todo o poder. Longe disso. Os partidos ainda querem manter indicações estratégicas em estatais e órgãos públicos, como a Caixa, os Correios, a Codevasf e tantos outros cabides de emprego. O discurso pode até parecer de ruptura, mas o movimento real é de preservação de privilégios. Sai-se da vitrine, mas se mantém a mão no caixa. Essa é a política brasileira em sua forma mais crua e nojenta: sempre há um jeito de continuar mamando, ainda que disfarçadamente.
Mas, mesmo com todas as ressalvas, o impacto é real. O governo Lula perdeu a governabilidade. Sem base sólida, não aprova mais nada relevante. Projetos econômicos, reformas, medidas provisórias — tudo tende a empacar no Congresso. E, para quem sonhava com mais centralização, mais gastos públicos e mais intervenção estatal, essa é uma péssima notícia. Já para quem defende a liberdade individual e enxerga o estado como o verdadeiro inimigo, é uma excelente notícia. Afinal, quanto menos o governo conseguir fazer, menos estragos ele causa na vida das pessoas.
E não se trata apenas de cálculo político. Existe aqui uma dimensão simbólica. Lula sempre se apresentou como o grande articulador, aquele que consegue unir opostos, costurar alianças improváveis e manter todos sob sua batuta. Esse mito ruiu. O desembarque do centrão mostra que a capacidade de articulação de Lula, se é que um dia existiu, acabou. O velho truque da distribuição de cargos não funciona mais como antes. O governo está isolado.
Os já citados ministros André Fufuca e Celso Sabino, por exemplo, tornaram-se figuras emblemáticas desse processo. Ambos aceitaram suas pastas de olho no poder local, sonhando em usar a vitrine ministerial para impulsionar suas carreiras eleitorais no Maranhão e no Pará, pois almejavam concorrer ao senado. Agora, no entanto, se veem obrigados a escolher: ou rompem com Lula e preservam suas chances de reeleição, ou insistem em ficar e arriscam ser devorados pelo desgaste do governo. É uma escolha difícil, mas reveladora. Até mesmo dentro do próprio governo, ninguém mais acredita em futuro.
Como já citamos, a CPMI do INSS agora ganha chances severas de avançar, e isso deve fazer com que os membros do governo, e o próprio Lula, percam suas noites de sono. E não é difícil entender o motivo. Essa comissão ameaça revelar esquemas pesadíssimos de corrupção e desvio, envolvendo benefícios previdenciários e entidades ligadas a sindicatos e associações suspeitas. O governo sabia que, se deixasse a investigação andar, teria muita gente exposta. E para Lula, o medo reside no âmbito familiar, já que há fortes indícios de que seu irmão pode ter relação, de alguma forma, com todo esse esquema de desvio. Daí a tentativa desesperada de frear os trabalhos. Agora, sem base para segurar, a CPMI tende a avançar — e isso é péssimo para quem depende da escuridão estatal para sobreviver.
Aos poucos, a ditadura vai perdendo espaço. Sim, caso você seja algum tipo de isentão ou esquerdista que acha que não vivemos em uma ditadura, saiba que você está cego, e só não sente o impacto da tirania porque suas opiniões são as mesmas do regime. É a ditadura dos burocratas, dos ministros do Supremo, dos presidentes de estatais, de toda essa engrenagem que se sustenta sobre o suor de quem produz de verdade. Essa ditadura não se manifesta sempre em tanques nas ruas, mas se manifesta em censura velada, em processos arbitrários, em perseguição política, em impostos cada vez mais altos e em um sistema previdenciário que mais parece uma máquina de roubar aposentados. Mas, como toda ditadura, ela não é invencível. Quando perde sustentação, ela rui. E o que estamos assistindo agora é exatamente isso: a ruína de um governo que tentou se sustentar no autoritarismo.
O mais curioso é perceber como até o centrão, esse bloco fisiológico e amorfo, percebeu a mudança de vento. Se até eles entenderam que não há espaço para manter o apoio a um governo impopular, é porque o sentimento de liberdade já está pulsando forte na sociedade. Não é por convicção ideológica, claro. O centrão não virou libertário da noite para o dia. Eles continuam sedentos por verbas, emendas, cargos e privilégios. Mas também sabem ler pesquisas, acompanhar redes sociais e ouvir o burburinho das ruas. E o que perceberam é simples: se continuarem colados em Lula, não serão reeleitos.
E é aí que reside a maior lição libertária dessa história. No fim das contas, nem mesmo os políticos mais cínicos conseguem escapar da realidade. Eles podem até tentar manipular, controlar, censurar e impor sua vontade. Mas quando o povo manifesta, ainda que de forma difusa, um desejo por liberdade, eles recuam. É a lei natural da sobrevivência política. Não se trata de virtude, mas de cálculo. Ainda assim, o resultado é positivo: menos apoio ao governo, mais espaço para o indivíduo respirar.
É claro que o caminho ainda é longo. O estado não vai desaparecer porque dois partidos deixaram de apoiar Lula. A máquina burocrática continua, os impostos continuam, a inflação continua corroendo o poder de compra, e o cidadão comum segue sufocado. Mas cada fissura no sistema é um avanço. Cada vez que o governo perde força, a sociedade ganha algum espaço de manobra. Cada vez que a base rui, abre-se uma brecha para que a liberdade respire.
E é isso que está acontecendo agora. O governo Lula, na prática, acabou. Não há mais força para aprovar nada relevante. Não há mais capacidade de articulação. Não há mais o mito de liderança em torno de Lula. O que sobra é um governo fraco, isolado e cada vez mais dependente de artimanhas jurídicas para se sustentar. E, ao mesmo tempo, o que surge é uma oportunidade para que projetos como o da anistia e investigações como a CPMI do INSS avancem e revelem o que o estado tenta esconder.
No fim das contas, o recado é simples: não há ditadura que resista à vontade humana de ser livre. O ser humano nasce com esse desejo, e pode até ser sufocado por um tempo, mas nunca é destruído. O centrão, oportunista como sempre, apenas percebeu esse movimento. Sentiu que o povo não aguenta mais o peso do estado, que a paciência com Lula se esgotou, que a liberdade voltou a ser uma demanda real. E, para não serem varridos junto com o governo, decidiram pular fora.
E se até o centrão, esse bloco que sempre esteve do lado do poder, agora se mostra inclinado a ficar do lado do povo, é porque o sistema realmente chegou ao limite. O governo Lula acabou. A ditadura perdeu terreno. E, como sempre, a liberdade está encontrando um jeito de voltar à superfície.
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