No meio de todo o frenesi que o show da Lady Gaga provocou, quem realmente brilhou foi o livre mercado… de sacos de areia!
Imagine o seguinte cenário hipotético: você está na praia, com sua família, quando um vendedor ambulante lhe oferece um saco cheio de areia, pelo preço de R$ 50. Você olha ao redor e vê que, bem, tem areia gratuita pra todo lado e que, portanto, se você quisesse, você mesmo poderia encher um saco de areia, sem qualquer tipo de dificuldade. A proposta do ambulante, portanto, não parece nada tentadora, não é mesmo? Contudo, propostas semelhantes foram prontamente aceitas, recentemente, no Rio de Janeiro. Sim, pessoas que já estavam na praia aceitaram pagar R$ 50 por um saco de areia daquela mesma praia. E se você acha que esse tipo de decisão é, no mínimo, questionável, saiba que estamos falando - é claro - de algo que aconteceu no badalado show da Lady Gaga.
Naturalmente, alguém menos decoroso poderia afirmar que, dado o QI médio do cidadão que compareceu a esse evento de gosto duvidoso, era de se esperar que péssimas decisões econômicas fossem mesmo tomadas. Mas a capacidade cognitiva dos “little monsters” - os fãs da diva pop - não é o foco deste vídeo. Nosso interesse é, simplesmente, analisar a mais pura manifestação do livre mercado no referido show – necessidades humanas sendo prontamente atendidas por pessoas dispostas a receber por esse pequeno serviço.
O show da Lady Gaga foi um verdadeiro frenesi. Pra começo de conversa: ao contrário do que os descerebrados de esquerda afirmaram por aí, inclusive na grande mídia, o show não foi “gratuito”. É fato que as pessoas não precisaram pagar para assisti-lo; contudo, o evento, como um todo, custou a bagatela de R$ 92 milhões - fazendo o show da Madonna, no ano passado, parecer uma pechincha. Também é verdade que a maior parte desse valor foi bancado por patrocinadores. Porém, tanto a Prefeitura do Rio de Janeiro quanto o Governo do estado contribuíram, cada um, com cerca de R$ 15 milhões para o evento. Ou seja, todos nós pagamos essa conta - inclusive os que não foram assistir o tal show.
Deixando essa questão de lado, porém, o espetáculo em si foi algo de grotesco. Não falo tanto do show que - bem, não dou a mínima para isso mesmo. Falo do antes e do depois do evento: pessoas que passaram dias em frente ao hotel onde a diva se hospedou, usando fraldas para não precisar fazer suas necessidades como pessoas civilizadas. Outras tantas, que ficaram um tempo incontável na areia da praia para conseguir um lugar favorável - apenas para descobrir que uma cerca gigantesca tiraria por completo a visão dos mais bem-posicionados.
Quero dizer, os mais bem-posicionados fora da área VIP - porque sim, por algum motivo, um show “gratuito” pago com dinheiro público teve uma enorme área, de frente para o palco, reservada para 7 mil afortunados. Afinal de contas, como bem sabemos, todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros, Por lá, se comeu e se bebeu do que há de melhor e mais luxuoso. E, sem dúvidas, ninguém pisou na areia - isso ficou só para os pobretões mesmo. No espaço privativo destinado à elite da breguice brasileira, a experiência foi estonteante - tudo isso, é claro, com consciência ambiental, conforme noticiou um site a esse respeito.
Mas, acredite ou não, também não é sobre isso que vamos falar neste vídeo. Porém, podemos aproveitar o gancho da área VIP para falar a respeito de uma maravilhosa manifestação do livre mercado que foi observada no show da Lady Gaga. Acontece que, de acordo com diversos relatos, vários cambistas estavam vendendo acesso a essa zona luxuosa perto do palco por valores que variavam entre R$ 1 mil e R$ 5 mil. Se isso é verdade, ou não, ou se esse valor, uma vez pago, seria revertido realmente em uma entrada na tão sonhada área VIP do show da Lady Gaga, isso pouco importa.
O fato é que os cambistas - nesse evento, ou em qualquer outro, - embora sejam tipicamente odiados, prestam um grande serviço econômico. O que esses empreendedores fazem, em resumo, é corrigir preços que estejam subestimados. Ao comprar um ingresso para revendê-lo, mais tarde, por um valor maior, o cambista está ajustando o valor desse ingresso à realidade: se tem quem pague mais caro pelo bem, é porque esse é o valor real desse item.
Assim, os mais interessados em obter aquele benefício - no caso específico, os mais interessados em acessar uma área VIP - têm a oportunidade de conseguir o que tanto querem. E sim: na maior parte dos casos, maior interesse é, no fim das contas, maior determinação em gastar dinheiro. O cambista, dessa forma, une o bem desejado àquele indivíduo que mais quer pagar por ele, ajustando oferta e demanda. É certo que, por causa desse importante serviço prestado à sociedade, ele pode auferir lucros - no caso, a diferença entre o valor original do ingresso, e seu valor de revenda.
Além disso, o cambista também ajuda os promotores do evento. Ao comprar grandes quantidades de ingressos, para posterior revenda, os cambistas garantem maior lucro para os organizadores do espetáculo, assumindo para si os riscos do empreendimento. Afinal de contas, o cambista pode simplesmente não conseguir vender os ingressos, ou acabar vendendo-os por um preço menor que o de aquisição. Como acontece em qualquer outra área do mercado, é um investimento que traz consigo riscos a serem considerados.
Mas não apenas os cambistas deram uma aula de livre mercado no show da Lady Gaga. Também os ambulantes não fizeram feio, com um produto bastante inusitado - o citado saco de areia. Conforme o público se aglomerava na Praia de Copacabana, a fim de ver, ainda que de relance, a apresentação da diva pop, logo ficou claro que grande parte dos presentes não conseguiria ver nada, além do cocuruto da cabeça de outras pessoas. Os que estavam mais perto do palco, por sua vez, veriam apenas tapumes, e nada mais.
Foi aí que o gênio empreendedor do carioca apareceu de vez. Diversos ambulantes começaram a vender, pela bagatela de R$ 50, sacos de areia, para serem usados como degraus para os fãs mais emocionados da Lady Gaga. Dessa forma, por uma pechincha, o comprador poderia ser capaz de assistir ao show da estrela internacional, sem o incômodo da cabeça dos vizinhos. Até mesmo os fãs mais canguinhas podiam ter acesso a esse benefício, pagando R$ 10 pelo saco vazio, tendo que enchê-lo com suas próprias mãos. Assim, podemos concluir que o trabalho de enfiar uns 30kg de areia da praia, abundante no local, dentro de um saco, rendeu R$ 40 para cada ambulante. Nada mau, não é mesmo?
Veja como funciona, na prática, o livre mercado - mesmo num lugar como o show da Lady Gaga, onde se concentraram mais esquerdistas do que naquelas seções eleitorais em que o Lula venceu com 100% dos votos. No momento em que uma necessidade humana surgiu, lá estava um empreendedor visionário, disposto a oferecer a solução por um preço justo. E muita gente pagou, sim, porque o preço era realmente justo! Pense, apenas, que - pelo menos supostamente - um fã chegou a vender um terreno para comparecer a esse evento! Dessa forma, gastar R$ 50 num saco de areia, em plena praia, para ver seu ídolo pop, nem parece tão exagerado. Ou, em bom francês: o que é um peidinho, para quem já está todo cagado?
O mercado é tão resiliente, que o empreendedorismo brota em qualquer lugar, apesar de todos os pesares - como aquele pedacinho de mato, que é capaz de brotar até mesmo em uma pequena rachadura no concreto. O Brasil é o terror dos empreendedores, com sua burocracia acachapante, sua brutal insegurança jurídica e sua carga tributária extorsiva. Ainda assim, o mercado se mantém capaz de resolver os problemas da sociedade - principalmente, quando o estado não está presente. Fala sério: eu duvido muito que a própria Lady Gaga já tenha presenciado tamanha tenacidade empreendedora, em alguma outra parte do mundo!
É claro que esse exemplo pode parecer pueril, quase como um deboche diante de um evento que, em vários aspectos, parece uma piada de mau gosto - contra o contribuinte, contra a boa música e contra o fino trato. Contudo, a verdade é que qualquer libertário sabe, muito bem, que a economia funciona, da mesma forma, em qualquer lugar - seja num grande centro urbano desenvolvido, seja no meio de um show de uma diva pop. Assim como as regras do mercado funcionam tanto num país livre, como numa ditadura comunista - em todos esses casos, apenas em escalas distintas.
Por isso, quando alguém perguntar, pela milésima vez, quem construiria as estradas, se o estado não existisse, a sua resposta será bastante simples: as mesmas pessoas que forneceram sacos de areia para os fãs da Lady Gaga. Não, não quero dizer que os ambulantes vão construir as estradas, mas sim os empreendedores, de maneira geral. Afinal de contas, onde houver uma necessidade humana, aí haverá um indivíduo sagaz disposto a resolver o problema, em troca de uma grana aceitável. E, quanto menos presente estiver o estado, melhor para todos. Até porque, imagine o desastre que seria se, ao invés de permitir a solução do livre mercado, o estado resolvesse atender às demandas dos fãs da Lady Gaga, abrindo aquela licitação esperta para adquirir sacos de areia da praia?
https://www.itatiaia.com.br/entretenimento/2025/05/03/lady-gaga-em-copacabana-cambistas-cobram-ate-r-5-mil-por-ingresso-vip-de-show-gratuito
https://exame.com/pop/show-de-lady-gaga-no-rio-vai-custar-mais-do-que-o-de-madonna-veja-valores-investidos/
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/show-da-lady-gaga/noticia/2025/05/03/show-lady-gaga-convidados-vips-cardapio.ghtml
https://diariodorio.com/como-foi-a-area-vip-mais-exclusiva-do-show-da-lady-gaga-em-copacabana/