Mesmo sob risco de falir, Correios gastam R$ 200 milhões em “vale peru”. E daí?

Não é de se espantar uma nova medida populista vinda de uma empresa estatal deficitária, mas a análise que faremos aqui é uma porrada contra o mito do Estado-carteiro.

Os Correios vão gastar cerca de R$ 200 milhões para pagar um benefício de fim de ano de R$ 2.500 para seus 84.700 funcionários, denominado "vale peru", em alusão ao peru de Natal. Esse pagamento extra foi negociado pelo sindicato da categoria na convenção coletiva de 2024 e será efetuado apesar da situação financeira precária da empresa. O comunicado sobre o benefício foi enviado em 10 de dezembro de 2024, dois meses após o anúncio inicial. Porém, os Correios enfrentam sérios problemas financeiros e devem registrar seu maior déficit da história em 2024. Até setembro, o prejuízo foi de R$ 2 bilhões, podendo ultrapassar o déficit de 2015, que foi de R$ 2,1 bilhões, durante o governo de Dilma Rousseff.
Pronto, a notícia sobre a polêmica dos gastos dos Correios foi dada. O resto do vídeo agora é só porrada libertária. Vai ofender a sensibilidade estatólatra de uns. Vai trazer um conflito de interesse em outros. Vai satisfazer uma pá de libertários. Mas vamos continuar com o vídeo.
A primeira coisa a ser dita é que tudo o que é público se firma em leis que nasceram de uma mentalidade coletivista. "O petróleo é nosso". "O interesse da nação". "O direito à saúde". Sempre coisas extremamente difusas que, na prática, é o seguinte: "Privatização dos lucros, socialização dos prejuízos". As aposentadorias dos funcionários dos Correios foram prejudicadas pela corrupção do PT, mas esses funças continuam a votar na esquerda. Por quê? Porque a esquerda vai segurar o cabidão de empregos. É lógico que um funcionário público teme a concorrência. Ninguém quer perder um privilégio. Mas o engraçado é o argumento de que a privatização dos correios seria danosa ao povo... Sempre o povo, como se eles se importassem de fato com as pessoas. O povo é um insumo dos estatólatras. O povo é uma justificativa genérica. Mas é o povo que banca o déficit da empresa pública. O povo que banca as mordomias e privilégios de poucos. É simples assim.
A segunda abordagem que falaremos neste vídeo desdobra um pouco da primeira. Será mais longa. É a seguinte: Existe um mito de que o Estado tem que ser nosso carteiro. Dizem os socialistas reacionários: “Mas sem o serviço de correio do Estado, quem vai levar cartas aos pobres que moram em áreas pouco acessíveis?” “Como o pobre vai receber sua conta de luz?” Eles acham que o governo é um benfeitor preocupado com os mais necessitados, e que as empresas privadas são más por natureza e têm os piores incentivos.
Vamos refutar esse mito do Estado como nosso único e imprescindível carteiro.
Lysander Spooner, filósofo anarquista e voluntarista, fundou a American Letter Mail Company em 1844, demonstrando que era possível oferecer um serviço postal mais eficiente e barato do que o sistema estatal dos Correios. Sua empresa perfazia diligências de cavalos, e por isso tinha mais capilaridade para entregar correspondências em locais onde as empresas de entrega do governo não alcançavam ou não chegavam a tempo.
Contudo, o governo dos Estados Unidos, buscando proteger seu monopólio postal, impôs restrições legais que forçaram o fechamento da empresa de Spooner. A lição aqui é que uma empresa privada de logística pode ser mais eficiente que uma estatal. O estado só consegue ser monopolista com o uso da força bruta. É igual um gângster.
Mas isso não é tudo para refutar. Agora preste atenção às informações que vamos trazer:
O excesso de greves nos Correios do Brasil abriu espaço para empresas de logística privadas, que agora têm seu próprio setor de entregas, inclusive em zonas rurais de difícil acesso. Quando não possuem esse setor, contratam empresas especializadas. O mercado, ao integrar diversos modais de transporte (hídrico, ferroviário, rodoviário e aéreo), demonstra uma capilaridade logística que um planejador central não conseguiria entender ou organizar. Somente o mercado pode resolver essa questão de forma eficiente.
Sobre o envio de contas de energia elétrica, por exemplo, empresas que precisam enviar faturas possuem incentivos reais para garantir que suas correspondências cheguem aos devedores. Com as greves nos Correios, muitas empresas passaram a adotar aplicativos de pagamento. Se fosse permitida a livre iniciativa de correios privados, surgiriam empresas de entregas locais, estaduais e interestaduais. Por exemplo, uma empresa poderia enviar uma fatura para um povoado remoto por meio de um correio interestadual, e caso esse serviço não tenha alcance na localidade, ela contrataria serviços de correios municipais ou estaduais para completar a entrega. Isso não lhes parece óbvio demais?
Embora um sistema de correios privados pudesse gerar custos diretos para o usuário, ele eliminaria a necessidade de impostos pagos por quem não utiliza os serviços postais. Isso tornaria o sistema mais justo, dado que atualmente todos financiam o subsídio para quem usa o serviço estatal. Um mercado desimpedido de logística e postagens aumentaria a oferta de serviços, o que, com o tempo, reduziria os preços.
Aliás, a principal demanda de qualquer pessoa é PAGAR MENOS num produto de qualidade. A demanda é saúde? Sim, mas pagando o mínimo possível pela melhor qualidade. Essa é a força dos compradores. A oferta quer cobrar mais. Somente com o uso da força é que ela pode ignorar os anseios dos clientes. E é exatamente o que o governo faz. Se os serviços dos Correios estão mais baratos do que seus concorrentes poderiam oferecer na iniciativa privada, significa que esse valor é subsidiado por impostos. João teve sua carta enviada com menos custo. Mas Maria, a costureira, comprará menos tecidos para exercer sua profissão porque ela tem que dar parte de seu dinheiro como imposto para o estado poder ser o nosso único carteiro.
Suponha que um cidadão escolha viver em um local isolado. Ele desfruta do bônus da tranquilidade e contato com a natureza, mas essa decisão traz ônus de ter acesso limitado a transportes, correios, escolas e hospitais. A questão envolve escolhas individuais e seus custos e benefícios. É incoerente que socialistas defendam que pessoas que enfrentam os problemas urbanos, como poluição e tumulto, sejam obrigadas a pagar impostos para subsidiar serviços de baixo custo para locais isolados, como transporte e educação pública.
Um estatista-socialista pode argumentar que o Estado deve garantir serviços essenciais para as áreas rurais, como educação, saneamento e correios. No entanto, a realidade é que o Estado já falha em cumprir essas promessas. Na região rural onde mora a mãe do Rods, autor deste texto, ela enfrenta dificuldades para receber encomendas e sofre com a falta de serviços básicos, como luz e saneamento, enquanto consegue ter acesso ao telefone celular, um serviço privado. Se bem que a telefonia aqui no Bostil nem é tão privada assim - não é mesmo! É um cartel de privilégios dados pelas agências reguladoras. Nem de longe é um mercado liberal com livre concorrência, infelizmente estamos longe disso. Mas mesmo assim é mais liberal que a antiga empresa monopolista, a Telebrás.
O que quero dizer é que a solução, portanto, não é mais intervenção estatal, mas sim em menos Estado. Onde houver demanda, haverá oferta. Os preços tenderão ao equilíbrio. Essa é a forma verdadeiramente justa. Todo cidadão é um consumidor. Quanto mais livre é um mercado, mais ele deseja que os consumidores queiram seus serviços, e mais as pessoas terão condição financeira para adquirir esses serviços. O mercado, que abrange todas as empresas atuando na economia, se esforçará para alocar seu capital para produzir mais produtos, serviços, tecnologia, e novas soluções. Em outras palavras, ele aumentará sua oferta para atender à demanda crescente, já que essa alta demanda traz incentivos de aumento de lucros para os produtores.
Já os serviços estatais funcionam na lógica inversa. Quando há um aumento na demanda, o governo culpa os consumidores e força-os ao racionamento. Quando há escassez, o poder público não tem os meios racionais de alocar capital de forma inteligente. Decorre disso um choque na oferta. Assim, um cidadão se verá forçado pelo Estado ao racionamento de energia elétrica, restrições no uso da água, toque de recolher quando a violência aumenta e revezamento de veículos no trânsito. Enquanto a indústria de bebidas cresceu no Brasil nos últimos anos, usando bastante água para produzi-las, os monopólios estatais de saneamento continuam tendo que racionar água de tempos em tempos. Tem mais pessoas pobres tomando refrigerante e usando celular com internet do que tendo acesso ao saneamento básico.
Para encerrar o vídeo, guardei a parte mais polêmica para o final. Só os guerreiros chegaram até aqui. Então, sentem o dedo no Like e compartilhem com seus amigos que defendem empresas estatais!
Sabe qual foi a verdadeira intenção do Estado moderno em ser dono dos correios? Não é visando ser um bom carteiro e ajudar as pessoas que moram em regiões longínquas. Isso é só uma desculpa. A real intenção era ter o CONTROLE DA INFORMAÇÃO. Principalmente antes do advento da internet. Cartas sempre foram violadas por espiões do governo no poder, que tinha como objetivo vigiar a população e perseguir opositores e inimigos.
O nosso guardanapo sujo, também conhecido como Constituição de 88, veda a violação de correspondência, a menos que estejamos num estado de sítio.
A irrelevância de correios estatais e mídia autorizada pelo Sistema explica em parte esse novo Zeitgeist (espírito do tempo) de totalitarismo dos governos atuais em querer censurar as redes sociais. Os políticos estão perdendo o controle da informação e a hegemonia do discurso, por isso estão apelando para a força perseguindo e prendendo os adversários. A verdadeira democracia teria que dar voz ao povo, mas isso vai contra as oligarquias estatais que hoje controlam o Brasil.


Referências:

O MITO do carteiro: o ESTADO e o CONTROLE da INFORMAÇÃO:
https://www.youtube.com/watch?v=Ikzy4_fXFsM&t=36s
https://www.gazetadopovo.com.br/economia/apos-falar-em-risco-de-insolvencia-correios-vao-gastar-r-200-mi-com-vale-peru/