O governo Lula criou mais um programa para cooptar agentes da educação para sua própria defesa - às custas, é claro, de muito dinheiro público.
O populismo demagógico do governo Lula realmente não tem limites! Depois de instituir o programa “Pé-de-Meia”, para dar uns trocados mensais para alunos do Ensino Médio gastarem no Tigrinho, em troca de votos, o governo do Molusco resolveu mirar na outra parte do sistema de Educação: o corpo docente. No dia 14 de janeiro, Lula assinou e publicou um decreto dando início ao chamado “Programa Mais Professores para o Brasil” - ou, simplesmente, “Mais Professores”. Sim, tipo o famigerado “Mais Médicos”. Criativo, não é mesmo?
Pois bem: o alegado objetivo desse novo programa populista, como era de se imaginar, é atrair alunos para os cursos de licenciatura e melhorar a formação dos professores já em atuação. Segundo dados oficiais, o índice de desistência nos cursos de licenciatura supera os 50%. De forma geral, apenas 3% dos adolescentes de 15 anos afirmam querer seguir a carreira de professor. É por isso que - segundo estimativas sindicais, naturalmente - o Brasil terá um déficit de até 235 mil professores, em 2040. Como que esse povo chegou a esse número? Bem, fica pra imaginação de cada um tentar entender.
De qualquer forma, o governo Lula, supostamente, vai tentar mitigar esse problema por meio do citado “Mais Professores”. Esse novo programa contará com algumas iniciativas, dentre as quais se destaca o “Pé-de-Meia Licenciaturas”. Sim, a exata mesma coisa que já é feita para os alunos do Ensino Médio, só que agora para os docentes. Novamente: muito criativo, você não acha?
Só que esse pequeno incentivo terá algumas peculiaridades. Em primeiro lugar, será dada uma bolsa de R$ 1.050 para estudantes de cursos de licenciatura - bolsa essa que, a princípio, vai ser concedida a 12 mil beneficiários. Não é impossível imaginar, contudo, que esse número vai crescer de forma exponencial, nos próximos anos - como sempre costuma acontecer. Além disso, haverá também uma bolsa mensal de R$ 2.100 para professores já formados que queiram trabalhar em regiões com algum tipo de carência de docentes. Essa alocação vai começar em agosto deste ano; e, até onde se sabe, não há um número definido de vagas para esse programa.
Ou seja: embora seja fácil calcular que a primeira parte desse “Pé-de-Meia” vai custar R$ 150 milhões por ano, não dá pra saber qual será o custo total do programa, considerando também a iniciativa de alocação de professores. Portanto, se você quer saber de onde vai vir a grana para esse programa, uma vez que o orçamento de 2025 já está pra lá de sambado: problema seu, o governo não lhe deve explicação!
Para além desses dois focos, contudo, há outros pontos previstos no novo “Mais Professores”. Por exemplo: será instituída uma "Prova Nacional Docente" - uma espécie de ENEM dos professores, para centralizar ainda mais a contratação desses profissionais. Haverá também, por parte do governo federal, incentivos à formação - tanto para a graduação inicial dos professores, quanto para segunda licenciatura e até mesmo pós-graduação. Há também a previsão de projetos para valorização dos docentes - coisa que inclui até mesmo o sorteio de 100 mil notebooks por ano. Ao todo, espera-se que esses programas beneficiem 2,3 milhões de docentes brasileiros - ou seja, quase a totalidade dos que estão na ativa hoje.
Bem, por onde começar a crítica a mais esse estapafúrdio programa estatal petista? A essa altura do campeonato, chega a ser desnecessário demonstrar que mais centralização vai apenas piorar a situação da educação no Brasil, como um todo, e que o melhor seria simplesmente conceder mais liberdade para o mercado. Mas, para o bem do argumento, vamos descer ao aspecto econômico dessa história, para demonstrar como, mais uma vez, Lula e sua trupe vão piorar o que já estava muito ruim.
Esse programa se resume, basicamente, a mais uma rodada de incentivos errados para a sociedade. Veja: o alegado objetivo maior do governo Lula é ter mais professores formados e qualificados, para atuação na área da Educação. Só que, na prática, se o número de profissionais nessa área é atualmente inferior ao desejado pelo governo, isso significa apenas uma coisa: que o mercado não demanda esses profissionais. É simples de entender: se houvesse demanda, os salários subiriam, como uma reação natural do mercado. E, com salários mais altos, a profissão de docente se tornaria mais atrativa, e mais gente se formaria nessa área. Isso é uma reação ainda mais natural - é a lei da oferta e da demanda funcionando em sua forma mais pura.
Essa distorção econômica, provocada pelos incentivos errados fornecidos pelo estado, vai causar um problema adicional: o inchaço do ensino superior. Normalmente, as faculdades atendem às demandas do mercado, de forma natural. Se determinada profissão se torna mais valorizada, mais vagas de cursos superiores para essa área tendem a ser abertas, porque mais gente vai procurar se formar nessa profissão. Essa salutar relação, contudo, é facilmente distorcida pelos incentivos estatais.
Em resposta a esse novo programa que, na prática, paga aos indivíduos para que se formem professores, as faculdades vão direcionar mais recursos para a ampliação de suas vagas em cursos de licenciatura. Veja o efeito cascata da intervenção: contrariando a demanda do mercado, o governo incentiva financeiramente a formação de professores. E, também, em contradição com o mercado, as faculdades direcionam recursos escassos para cursos que não eram naturalmente demandados. Nós já vimos esse filme, no passado petista; e o final foi bastante trágico.
Aliás, é por isso que não seria improvável ver, num futuro não tão distante, indivíduos formados em áreas de licenciatura trabalhando em qualquer outra coisa - como, por exemplo, dirigindo Uber. Em 2011, o então Ministro de Ciência e Tecnologia, que se tornaria, depois, Ministro da Educação, era Aloizio Mercadante - um cara tão competente que, atualmente, governa o BNDES, em uma área totalmente diferente. Naquela época, Mercadante afirmou que o Brasil precisava de mais engenheiros. Além disso, o ministro defendia a distribuição de 75 mil bolsas de estudo para formação de indivíduos nessa área de conhecimento. Hoje, já se sabe que, em casos como o da Engenharia Química, metade dos formados termina por não trabalhar na área.
Só que os problemas não param na economia e na distorção de mercado. Há também o componente ideológico envolvido nessa história - algo muito importante em se tratando da ação do estado, esse ente maligno que sobrevive às custas de muita mentira e enganação. Coisas como o programa “Mais Professores” existem apenas para escravizar a população e para criar um séquito de seguidores cegos do governo vigente - burros que não seguem uma cenoura, mas sim um maço de dinheiro.
Se você acha que, hoje, a educação brasileira - especialmente aquela dita “pública” - é excessivamente esquerdista, uma defensora incansável da pesada mão estatal, espere para ver como vão ficar as coisas, quando esse novo programa começar a engrenar. As acusações de doutrinação escolar serão quase que uma alegre recordação de um passado com algum grau de pensamento livre. Na prática, o que o governo Lula está fazendo é dar mais um grande passo no sentido de cooptar os responsáveis por formar a mente de milhões de brasileirinhos, às custas, é claro, do nosso suado dinheiro.
Talvez, esse seja realmente um dos maiores objetivos de qualquer governo: interferir pesadamente na educação, transformando o já ruim ensino massificado em uma verdadeira máquina de doutrinação. Para esse fim, é preciso despejar rios de dinheiro na educação estatal, para comprar a peso de ouro o apoio de todos os que são responsáveis por fazer ecoar a mensagem estatal em todos os cantos do país. Com o tempo, a relação entre estado e docentes se torna uma verdadeira simbiose; e já não é possível separar um do outro. Não há a menor possibilidade de que a escola viva sem o estado, nem de que o estado se mantenha sem a escola.
E chegamos, assim, ao ponto principal dessa história: se realmente há escassez de professores, essa escassez não é natural - ela foi criada pelo estado, de propósito. O estado, ao longo de décadas, através de incontáveis governos, trabalha para sucatear o ensino, por meio de interferências e distorções econômicas. Ao criar um aparato cada vez mais engessado e burocrático, o estado tira da educação sua capacidade de se reinventar, e de se adequar às novas realidades - e a perseguição ao homeschooling é apenas uma das faces desse problema.
O problema se torna ainda mais sério quando percebemos o quanto o ensino bancado pelo estado cresce, tirando o espaço da iniciativa privada. Nesse modelo burocratizado e altamente ineficiente, os professores são premiados não por sua produtividade, mas sim por sua subserviência ao estado. Você sabe como as coisas funcionam: o cão não morde a mão que o alimenta. Assim, o pensamento, o questionamento e, é claro, a eficiência, foram extintos das salas de aula brasileiras há muito tempo.
O programa “Mais Professores”, no fim das contas, não passa de uma típica resposta estatal - ou seja, uma solução burra e simplista para um problema que é bastante complexo. Mais do que isso: vindo do governo PT, esse é um programa mal-intencionado, que quer centralizar mais, para doutrinar mais. Se houver real necessidade de professores, o mercado vai suprir, de forma livre, essa demanda. Por outro lado, pode ser que, na verdade, os professores não sejam mais tão necessários assim, em tempos de internet e de ChatGPT. A única certeza que temos, neste momento, é que a educação é algo importante demais para ser deixada nas mãos do estado.
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2025/01/14/como-vai-funcionar-mais-professores-para-o-brasil.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1
https://educacao.uol.com.br/noticias/2025/01/15/quem-podera-participar-de-programa-do-governo-que-da-bolsa-e-salario-extra.htm
https://www.gazetadopovo.com.br/republica/lula-lanca-bolsa-a-universitarios-para-incentivar-formacao-de-professores/?utm_source=twitter&utm_medium=midia-social&utm_campaign=gazeta-do-povo
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2025/decreto-12358-14-janeiro-2025-796897-publicacaooriginal-174105-pe.html
https://valor.globo.com/brasil/artigo/pe-de-meia-licenciaturas-como-funciona.ghtml
https://g1.globo.com/economia/noticia/2011/05/mercadante-fala-em-criar-75-mil-bolsas-para-formacao-de-engenheiros.html