O caso Jeffrey Epstein ganha novos e assustadores capítulos, com a divulgação dos nomes presentes na lista dos frequentadores da ilha particular do bilionário.
Jeffrey Epstein sempre foi considerado, desde sua infância, um gênio matemático e um sujeito intelectualmente brilhante. Nascido em 1953, já aos 21 anos Epstein passou a dar aulas de matemática na Dalton School, em Nova York. Não obstante sua pouca idade, o jovem rapaz foi contratado por Donald Barr, então diretor daquela escola, em circunstâncias bastante questionáveis. Curiosamente, Barr havia publicado, no ano anterior, um livro que conta a história de um planeta fictício, onde oligarcas ligados ao governo praticavam crimes sexuais contra crianças. Hum... Epstein terminou por ser demitido da escola, alguns anos depois, por conta de “comportamentos impróprios” contra alunos menores de idade.
Na sequência, em 1976, Jeffrey Epstein foi contratado pelo banco de investimentos Bear Stearns, do qual se tornaria sócio, quatro anos depois. Dadas sua capacidade intelectual e suas boas relações, em pouco tempo ele galgou degraus, se tornou rico e fez amizades com grandes magnatas norte-americanos. Nos anos 1980, Epstein criou sua própria empresa de investimentos - na qual aceitava apenas clientes que tivessem um patrimônio superior a 1 bilhão de doletas. Ou seja, só gente malada.
Por conta dessa fortuna, o então milionário fez muito sucesso e foi integrado à alta sociedade. Epstein sempre gostou de festas que contavam com a presença de muitas mulheres. Donald Trump descreveu-o como um “cara fantástico”, que também gostava muito de mulheres bonitas - e consideravelmente mais jovens. Jeffrey passou a dar alguns rolês com gente do cinema e da política em seu jatinho particular. Ele, inclusive, foi um grande amigo de Harvey Weinstein, famoso magnata de Hollywood, também condenado por abuso sexual. Conta-se que ambos frequentavam juntos ambientes pouco castos…
Vez ou outra, aparecia alguma notícia um pouco estranha envolvendo o investidor. Contudo, a casa de Epstein só começou a cair de verdade em 2005, quando ele foi formalmente acusado de cometer abuso contra uma menina de 14 anos. Na sequência, outros casos se acumularam - mais de 30, ao todo. As provas contra ele eram fartas; porém, em 2008, sabe-se lá por qual motivo, a promotoria aceitou um acordo bem camarada com o abusador: 13 meses de prisão e seu nome na lista de criminosos sexuais - pena que foi cumprida em 2011. A alternativa para essa punição era uma possível prisão perpétua.
Porém, em 2019, o tempo realmente fechou para Jeffrey Epstein. As provas acumuladas contra ele eram abundantes, e não havia alternativa: o agora bilionário estava acabado. Em 6 de julho daquele ano, Epstein foi preso e sua mansão em Manhattan foi revistada. Nessa devassa, muita coisa cabulosa foi encontrada pela polícia. Contudo, cerca de um mês depois, Epstein foi encontrado sem vida em sua cela. A causa mortis: “autocídio” - termo usado para não perdermos a monetização deste vídeo.
A morte de Epstein é, no mínimo, estranha. Até então, foram tomados todos os cuidados para evitar que ele tomasse essa atitude. Na noite do acontecido, contudo, os protocolos não foram corretamente seguidos. Seu colega de cela foi transferido, e Epstein acabou ficando sozinho por lá. Os guardas que deveriam verificar sua cela a cada 30 minutos dormiram e ficaram 3 horas sem fazê-lo. As câmeras de vigilância também deram ruim no dia. Hum… A coisa parece realmente muito conveniente.
Como diz uma piada que circulou bastante nas redes sociais: o fato de Jeffrey Epstein ter tirado sua própria vida surpreendeu muita gente, inclusive o próprio Jeffrey Epstein.
Brincadeiras impróprias à parte, o grande motivo por trás dessa desconfiança é o fato de que esse criminoso sexual era um arquivo vivo, contendo uma quantidade enorme de informação comprometedora sobre gente muito, muito grande. A lista dos frequentadores de sua paradisíaca ilha, e dos que viajaram no seu infame avião “Lolita Express”, foi mantida em segredo de justiça, embora houvesse algumas especulações sobre os nomes citados. Bem, agora a lista foi divulgada - e a coisa ficou ainda mais quente.
Trata-se de uma lista bastante eclética, composta por nomes que vão desde membros da Família Real Britânica, até cientistas renomados e mundialmente conhecidos. Embora as brincadeiras com a participação de Stephen Hawking na ilha de Epstein sejam engraçadinhas, a verdade é que o caso é, de forma geral, bastante revoltante. E isso porque ele nos revela o quão depravados e criminosos podem ser os agentes que pertencem às mais altas cúpulas do poder estatal.
Além de nomes como David Copperfield, o famoso mágico, e do Rei do Pop, Michael Jackson, o que chama a atenção mesmo é a presença de renomados políticos na tal lista. Os destaques ficam para o irmão-problema do Rei da Inglaterra, Príncipe Andrew, e o sempre polêmico Bill Clinton. E se você achava que o ex-presidente dos EUA estabeleceu como idade de corte os 22 anos que Mônica Lewinsky tinha na época do bola-gato no Salão Oval… bem, você precisa rever seus conceitos.
A verdade é que quando Epstein foi preso em 2011, ele afirmou não ser um “predador sexual”, mas sim apenas um “infrator”. Hum... Acredita-se que sua extensa lista de amizades nos meios políticos foi o que lhe proporcionou sair tão cedo da cadeia. Porém, após a sua morte mais do que estranha, tratada oficialmente como “autoquíria” - para evitar o termo que o YouTube não gosta, - a coisa começou a ficar bastante questionável.
Afinal de contas, será que Jeffrey Epstein conseguiu se safar de uma condenação para a vida toda por conta da benevolência de seus amigos poderosos, ou foi porque ele chantageou esses seus amigos? Olhando a longa lista dos frequentadores de sua “ilha dos abusos”, é difícil afirmar que tratar sua morte como queima de arquivo seja uma mera teoria da conspiração. Há, aí, pelo menos algum indício de crime premeditado. Notícias recentemente divulgadas, dando conta de que Epstein possuía, inclusive, gravações de abusos cometidos por Clinton e pelo Príncipe Andrew, ajudam a reforçar essa desconfiança.
Não está em nossa alçada, porém, tirar qualquer conclusão jurídica a respeito desses crimes. Nosso objetivo, aqui, é outro - a saber, trazer o debate para o campo das ideias. E, a partir daí, nós podemos chegar, sim, a algumas conclusões importantes. Em primeiro lugar, é preciso frisar que, ao contrário do que indicam o discurso mainstream e o senso comum, o estado não existe para proteger as pessoas vulneráveis. Em alguns casos, ele é incapaz de evitar os crimes, ou de punir os culpados. E, em outros casos, ele é realmente o promotor dessas ações criminosas.
Não raras vezes, membros do alto escalão são, eles próprios, abusadores, criminosos da pior estirpe. Porém, a máquina estatal se encarrega de protegê-los contra qualquer punição justa que poderia ser aplicada. E isso é ainda mais verdadeiro em se tratando de criminosos que mantêm boas relações com gente poderosa. Para esses, a blindagem estatal é ainda mais eficiente.
Pense, por exemplo, que Jeffrey Epstein esteve às voltas com crimes sexuais desde os anos 1970. Ou seja, foram necessários mais de 40 anos para que ele fosse efetivamente punido - às custas de muito sofrimento, por parte de suas inúmeras vítimas. E isso porque Epstein é apenas a ponta do iceberg. Tem muita gente graúda que ou compactuou com seus crimes, ou que também os cometeu. Como levar a sério a justiça estatal, quando ela permite que esse tipo de prática asquerosa se perpetue?
A segunda lição é a de que o poder corrompe - seja ele político, seja ele econômico. Em qualquer alta esfera da sociedade, vamos encontrar crimes do tipo sendo cometidos - em empresas, em religiões e, é claro, na política. Contudo, o fato é que, na iniciativa privada, existe um incentivo maior para que esse tipo de conduta seja identificada e punida, ou pelo menos mitigada. O que vemos ser revelado com a lista de Jeffrey Epstein, porém, é a existência de uma verdadeira teia de criminosos sexuais agindo por baixo dos panos, com a conivência estatal. De repente, a trama do filme “Sound of Freedom” não parece mais tão absurda…
Ainda há muito a ser esclarecido no caso Epstein e, principalmente, no seu desfecho - que é bastante questionável, diga-se de passagem. O que já não nos deixa mais dúvidas, porém, é a tendência que o estado possui de passar a mão na cabeça de seus pupilos. Quanto mais próximo das altas esferas do poder está um indivíduo, maior é a chance de que ele possa praticar os crimes mais asquerosos, por um longo período de tempo, sem ser punido por isso. A presença de membros da realeza britânica e de ex-presidentes dos Estados Unidos na lista de Epstein não deveria nos surpreender. Afinal de contas, não existe nada mais criminoso e indecente do que a terrível máfia estatal.
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2jyrpj41v9o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Barr
https://revistamonet.globo.com/Noticias/noticia/2020/03/bilionario-expulsou-harvey-weinstein-de-sua-casa-apos-empresario-agredir-uma-de-suas-escravas-sexuais-revela-livro.html