Se você é brasileiro e é movido a café, sinto muito: as notícias não são nada animadoras.
O café é uma verdadeira paixão dos brasileiros, mas que, na verdade, acaba sendo pouco percebida - principalmente se comparada a outras, como o futebol, o Carnaval e a picanha. Segundo pesquisas recentes, 97% dos brasileiros consomem café, de maneira frequente. Ainda de acordo com essa pesquisa, cerca de ⅓ de todos os brasileiros bebem mais do que 6 xícaras da bebida amarga por dia! Sem dúvidas, portanto, o café pode e deve ser listado entre as bebidas preferidas do brasileiro.
Porém, como tem acontecido com praticamente tudo no Brasil - especialmente com aquilo que o brasileiro mais ama - o preço do café disparou, de forma considerável, em 2024. Segundo os dados nada confiáveis, divulgados pelo IBGE, o café torrado e moído - aquele que é vendido ao consumidor final, nas prateleiras dos supermercados - já ficou 33% mais caro, no decorrer do ano. E isso por enquanto, pois a tendência é que o preço suba ainda mais!
Apenas no começo de dezembro, o preço do café subiu entre 5% e 7% nas gôndolas dos supermercados. E há ainda a previsão de um reajuste de até 15% antes da virada do ano, e de mais um reajuste em janeiro. Pois é! Apenas para situarmos a situação, para ficar fácil medir o desastre mais pra frente: o preço médio do quilo do café torrado e moído, do tipo extraforte, no final de novembro, era de mais de R$ 48.
Se o preço tem subido para o consumidor final, a raiz desse aumento está, como era de se esperar, na indústria. O que temos presenciado, na verdade, é um constante aumento do preço da matéria-prima nos mercados internacionais - insumo que é responsável por praticamente 70% do custo de produção do café vendido ao consumidor final. E esse custo, obviamente, precisa ser repassado por toda a cadeia produtiva.
E sim, esse é um problema de escala global. Apenas em 2024, o preço da saca do café tipo arábica subiu 112%, saltando de menos de R$ 1 mil para R$ 2.200,00. O mesmo se pode dizer do preço do café tipo conilon, que saltou de R$ 800 para R$ 1.700 - uma alta de 115%, no decorrer de 2024. Ou seja, se levarmos em conta os citados dados do IBGE, podemos perceber que nem todo esse custo extra já foi repassado para o consumidor final. Em outras palavras: de fato, ainda há muita margem para aumento de preços nas prateleiras dos supermercados.
Por mais que o discurso esquerdista padrão afirme que o aumento de preços é culpa exclusiva do capitalista malvadão, a verdade é que as empresas sempre se encontram em um dilema, quando o assunto é reajustar os preços para cima. Afinal de contas, isso pode representar - como costuma acontecer, diga-se de passagem - uma queda no faturamento. Ou, pior ainda, uma redução na sua participação no mercado, perdendo espaço para empresas que conseguem segurar os preços por mais tempo.
Mas a conta, inevitavelmente, sempre chega. Veja, por exemplo, que a própria Nestlé, a maior fabricante de café do mundo, dona das marcas Nescafé e Nespresso, afirmou que vai praticar a famigerada “reduflação”, reduzindo as embalagens para manter o preço unitário. Quer saber o que é reduflação? Então veja o nosso vídeo de título: "Leve MENOS e PAGUE MAIS: Reduflação e o FIM da econometria" - link na descrição. Por sinal, o presidente da Nestlé foi demitido em meados deste ano justamente por causa da redução nas vendas da empresa.
A situação é tão feia, que até mesmo a grande mídia brasileira já começou a dar dicas de como substituir o café por bebidas mais baratas, como chá verde e suco de beterraba. É aquela conhecida história: o café está mais caro, entenda como isso é bom para a sua saúde!
Como você, brasileiro, certamente já percebeu, o aumento de preços não é exclusividade do café - longe disso. Esse fenômeno, observado em todos os itens básicos do dia-a-dia, tem acometido principalmente a carne bovina, no decorrer de 2024. Nós também já falamos sobre esse assunto aqui no canal, no vídeo: "O ALTO PREÇO da CARNE no BRASIL ensina 2 IMPORTANTES LIÇÕES ECONÔMICAS para os BRASILEIROS" - link na descrição.
E, em ambos os casos, as raízes do problema são as mesmas. Em primeiro lugar, temos os fatores climáticos. No caso do café, a seca prolongada prejudicou a produção dos grãos, especialmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, os maiores produtores do Brasil. Estima-se, portanto, que a safra atual será 5% menor do que a safra do ano passado - e isso no cenário mais otimista.
Apenas o café do tipo arábica terá uma redução de 15% em sua produção, que ficará abaixo das 40 milhões de sacas. O grande problema é que, o Brasil, é responsável, sozinho, por quase metade da produção mundial desse tipo de café. Vai vendo onde essa queda na oferta vai dar…
É certo que a queda na produção do café arábica foi levemente compensada pela produção do café tipo conilon. Só que aí existem dois problemas: o primeiro, é o fato de que o Brasil produz pouco dessa variedade, dependendo majoritariamente da exportação. E o segundo problema, é o fato de que o aumento da produção do café conilon vai depender de condições climáticas favoráveis, já no começo de janeiro, uma vez que esse tipo de café é colhido antes do arábica. O que temos visto até o momento, porém, é uma real queda na produção do conilon por parte do Vietnã - maior produtor mundial desse tipo de café.
Temos, portanto, um desenrolar da mais básica lei de economia que norteia os mercados: como a oferta do café tem caído, em ambos os cenários, é inevitável que o preço desse item suba - primeiro para a indústria, depois para o atacado - até que o aumento chegue ao consumidor final. Se a demanda se mantiver estável, e a produção continuar em queda, então o céu será o limite para o preço do nosso amado cafezinho.
Mas esse é apenas o primeiro problema - ou uma das faces da moeda, se você preferir. A queda na oferta tem prejudicado o mundo inteiro - que também tem consumido um café mais caro nos últimos meses. Porém, o segundo fator diz respeito, principalmente, aos brasileiros. Estamos falando, é claro, da brutal alta nas cotações do dólar - que tem se mantido, de forma insistente, acima dos R$ 6. E nada indica que, nas próximas semanas, esse cenário se tornará mais favorável.
Na verdade, o real já desvalorizou 24% em relação à moeda norte-americana - e isso apenas em 2024! Isso significa, na prática, não apenas que o brasileiro terá que pagar mais caro ao importar café para cobrir o déficit do consumo interno, mas também que o gringo poderá comprar o café brasileiro com um belíssimo desconto de 24% - coisa que já tem acontecido com a carne bovina e que, da mesma forma, também piora os preços no mercado interno brasileiro.
No caso do café, isso já é uma realidade. Pense que, em matéria de volume de grãos exportados, houve um crescimento de 11%, no mês de outubro, se comparado com o mesmo mês de 2023. Um baita crescimento, não é mesmo? Mas veja o que leva o produtor brasileiro a preferir, cada vez mais, vender o seu produto para o exterior: o aumento das receitas nesse mesmo período foi de absurdos 63%! Ou seja: o produtor brasileiro está vendendo mais café para os gringos, cobrando muito mais caro - em reais, é claro, - do que antes.
Temos, portanto, a tempestade econômica perfeita. Por um lado, a queda na oferta do café faz o seu preço subir, de forma generalizada. Por outro lado, a alta do dólar faz com que não apenas as importações fiquem mais caras, como reduz ainda mais a oferta interna de café, por parte dos produtores brasileiros. Com a queda brutal na oferta, é inevitável que os preços subam - e, nesse caso, subam muito. Como, de fato, tem acontecido.
Agora, se você entende um pouco de economia, você sabe que o equilíbrio entre oferta e demanda tende a ser naturalmente restabelecido pelo mercado. Conforme os preços sobem, menos café os consumidores tendem a consumir, justamente para não estrangular o orçamento doméstico com um único produto. Essa redução na demanda, por sua vez, tende a pressionar os preços para baixo. Por outro lado, os produtores, ao verem os grandes lucros que o café tem trazido, tendem a produzir cada vez mais, para ganhar mais dinheiro. Isso, por sua vez, aumenta a oferta - e o equilíbrio novamente se restabelece.
Certo: mas, onde entra o dólar nessa história? Pois é, não entra - e é aí que reside o grande problema dos preços no Brasil de Lula & Haddad. A alta do dólar, que hoje observamos, não se deve a uma equilibrada relação entre oferta e demanda. Na verdade, trata-se de uma reação do mercado ao desarranjo fiscal promovido pelo governo petista, que novamente traga a economia brasileira para o buraco, como já havia sido feito uma década atrás. É esse desarranjo que esvazia o valor do real e faz com que tudo fique ainda mais caro para os brasileiros - em reajustes que, em alguns casos, já são semanais.
Por isso, não é possível retirar do Lula e de sua equipe econômica a culpa pela alta do preço do café na mesa dos brasileiros. Sim, o mundo inteiro está pagando mais caro pela bebida; mas ninguém paga tão caro quanto os brasileiros, porque nenhuma moeda se desvalorizou tanto, este ano, quanto o real. A esquerda pode espernear o quanto for, colocando a culpa desse cenário nos lojistas, nos especuladores, na Faria Lima ou até mesmo nos memes. Nada disso, contudo, vai mudar o fato de que quem realmente está ferrando com a vida dos brasileiros é, sem dúvidas, o governo Lula.
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/12/14/cafe-ja-subiu-33percent-no-ano-e-tera-novos-aumentos-em-2025.ghtml
https://www.terra.com.br/economia/preco-do-cafe-dispara-e-chega-perto-dos-r-50-entenda-motivos,0688c69cf4485393e27670ddeaac820cwrpb3sxc.html
https://agricultura.sp.gov.br/pt/b/pesquisa-revela-o-consumo-de-cafe-no-brasil-nos-periodos-pre-durante-e-pos-pandemia-1
https://www.portaldoagronegocio.com.br/agricultura/cafe/noticias/projecao-inicial-aponta-queda-de-15-na-producao-de-cafe-arabica-no-brasil-para-a-safra-2025-26#google_vignette
https://exame.com/agro/exportacao-de-cafe-do-brasil-bate-recorde-de-volume-e-receita-em-outubro/
https://einvestidor.estadao.com.br/radar-einvestidor/cafe-mais-caro-7-opcoes-substituir-bebida-gastar-menos/
Leve MENOS e PAGUE MAIS: Reduflação e o FIM da econometria:
https://www.youtube.com/watch?v=nXzZVq_VaqI
O ALTO PREÇO da CARNE no BRASIL ensina 2 IMPORTANTES LIÇÕES ECONÔMICAS para os BRASILEIROS:
https://www.youtube.com/watch?v=U4sodJxHEls