NOSTR uma alternativa viável ao X
Para aqueles que dependem das informações trafegadas no atual X, antigo Twitter, os acontecimentos nos últimos dias não estão apenas servindo de material para seus perfis, mas também uma questão de auto sobrevivência.
Enquanto Elon Musk não decide se retira ou não o X do Brasil e o Supremo Tribunal Federal não impede que os usuários do X possam utilizá-lo, alternativas a este serviço estão sendo apresentadas.
Assim como em anos atrás, o Telegram foi por muito tempo uma alternativa ao Whatsapp, até que o próprio Telegram fosse também censurado ou, pelo menos, foi isso que quiseram passar às pessoas; diversos usuários do Whatsapp migravam para o Telegram quando este era constantemente bloqueado no Brasil.
Agora, depois do LOCALS e do RUMBLE que já foram banidos, a bola da vez é o X, uma plataforma de comunicação centralizada que foi adquirida por Elon Musk em 2022 e que tem como sua CEO Linda Yaccarino, que diz "assegurar a liberdade de discurso no Brasil e no mundo", mas se tratando do Brasil, nós sabemos como as leis funcionam, melhor dizendo, funcionam para um grupo político e não funcionam para outro.
Certamente o desafio é gigantesco e teremos que nos preparar para o que está por vir e sabemos que não será fácil.
A estas pessoas que estão aflitas com estes últimos acontecimentos, conheçam o NOSTR, uma plataforma de comunicação de textos curtos que possui a mesma proposta do X de Elon Musk, com um grande diferencial, é totalmente descentralizado, funcionando a partir de relays que são gerenciados por usuários.
Criado por um brasileiro conhecido como fiatjaf com apoio financeiro de ninguém menos que Jack Dorsey, criador do Twitter, de quem recebeu uma doação de 14 BTC ou equivalente na época de R$1,28 milhão para ser desenvolvido o seu projeto. Assim nasce NOSTR, sigla que em português significa "Notas e outras coisas Transmitidas por Relays”
Esta sigla foi escolhida por ser uma referência a palavra em latim "NOSTRO", traduzida como "NOSSO", referência que está ligada diretamente a liberdade e a sua descentralização, ou seja, uma ferramenta genuinamente libertária.
Qualquer pessoa pode ter um relay em qualquer lugar no mundo, o que impossibilita a sua censura, mas não é a única característica que garante ao NOSTR um ambiente seguro e contra censura. Ainda possui outra característica que dificulta ainda mais, ser uma plataforma de código aberto, o que quer dizer que qualquer pessoa também pode criar seu próprio cliente e, assim, mesmo que o aplicativo "XPTO" que é utilizado na rede NOSTR for proibido pela justiça, o usuário poderá utilizar outro qualquer usando o mesmo login e senha que ele usava no aplicativo bloqueado e isso faz com que seja praticamente impossível o seu cancelamento.
Outra diferença que o NOSTR possui em relação ao X é que, além de ter estes mecanismos de proteção contra censura, ainda tem outra proteção, mas desta vez está relacionado aos desmandos que ocorrem contra os usuários, pois no NOSTR, eles podem ser totalmente anônimos.
O anonimato no NOSTR é garantido pela sua arquitetura que utiliza o mesmo conceito das criptomoedas. Inspirado no Bitcoin, no NOSTR são usadas as chamadas chaves públicas e chaves privadas.
A chave públicas pode ser comparada ao usuário da rede; é através da chave pública que se identifica alguém na rede, e como uma chave pública possui cerca de 63 caracteres, torna-se impossível a identificação apenas por este meio; mas é possível simplificar esta chave, dando um apelido a ela e assim, pode-se localizar um usuário por este apelido.
Já a chave privada, podemos identificar como sendo a senha deste usuário e, assim como as criptos, caso se perca esta senha, o usuário nunca mais poderá ter acesso aquela conta e esta se perderá para sempre.
Os relays mencionados anteriormente no que lhe concerne, são locais onde as conversas são armazenadas e para que o NOSTR funcione, basta que apenas um relay esteja ativo.
Aqueles que gerenciam estes relays têm a possibilidade de escolherem o que será armazenado nele e, assim, é possível criar um meio de conversa privada dentro do NOSTR, permitindo que apenas usuários específicos utilizem aquele relay.
Mas, nem tudo são flores para quem adota o NOSTR como meio de comunicação e informação. Por se tratar de um meio recente, ele ainda não possui uma quantidade de usuários suficiente para te manter bem informado, pelo menos, ainda não.
Outra dificuldade está relacionado ao tráfego das informações que, por ser descentralizado, imagens e vídeos não podem ser muito pesados pelo fato de haver muitas distorções entre os provedores de internet, tendo muitos obstáculos em alguns casos e poucos em outros. Aqueles que usam o navegador TOR sabem como é frustrante estar no meio de uma pesquisa e o site de repente não é mais atualizado.
Tendo em vista se tratar de uma rede de informação e comunicação tão revolucionária, o NOSTR se mostra como um ambiente muito promissor, principalmente diante de tantas ameaças à liberdade de expressão.
Então amigos, saibam que existem, sim, ferramentas que são imunes ao autoritarismo e a censura. Tenha em mente que a evolução humana não foi feita a partir daquilo que já se sabia, mas de novos desafios surgem as soluções e nunca do Estado; não esperem que o Estado providencie aquilo que você pode ou não ler; aquilo que você pode ou não saber; aquilo que você pode ou não estudar, qualquer que seja este Estado ele será opressivo.
No início do ano de 2012 houve uma onda de censura na internet, onde um empresário chamado Kim Dotcom, dono, na época, do site megaupload.com foi preso e acusado de armazenar informações "piratas" em seus servidores.
Este caso foi o início de uma verdadeira guerra contra as chamadas Big Techs, como é o caso do Google e Wikipedia, onde dois projetos de lei estavam em trâmite no congresso dos Estado Unidos o SOPA (sigla em inglês que significa, "Pare com a Pirataria Online") e o PIPA (que signific, "ato de proteção à propriedade intelectual), durante o governo de Barack Obama.
Estes projetos de lei visavam o bloqueio de quaisquer sites que seriam considerados como violadores dos direitos de propriedade intelectual o que impossibilitava qualquer pessoa de distribuir livremente seus vídeos, textos e áudios pela internet já que poderiam ser considerados materiais que violariam os direitos de propriedade intelectual, dando ao estado o poder de interromper os serviços dos provedores onde eram armazenados estas informações ilícitas, como foi o caso da prisão de Kim Dotcom.
A justiça americana não apenas prendeu Kim, mas bloqueou todos os seus bens e fontes de renda, impedindo até mesmo que ele pudesse receber doações por cartões de crédito e PayPal, deixando apenas uma solução para ele poder receber doações e vocês sabem qual foi a solução adotada? É claro que foi uma solução onde o Estado não pudesse controlar. Foi justamente o BITCOIN.
Os projetos de lei SOPA e PIPA não foram aprovados e foram retirados de pauta ainda em 2012, mas ainda sentimos seu reflexo até agora; sabe aquele medo de colocar qualquer fundo musical em seus vídeos, pois é, agradeça ao Obaminha.
Narrado desta forma, este fato não nos faz lembrar de algo que está acontecendo agora? O que aconteceu com o Kim Dotcom, mesmo sem lei específica, fez com que ele fosse preso sob acusação de manter material pirata, ter todos os seus bens apreendidos e suas contas bloqueadas e tudo porque o Estado resolveu interferir no livre mercado, deixando todos os usuários do serviço Megaupload órfãos, que na época significava quase 4% do tráfego da internet; hoje temos novamente o Estado querendo impor novas regras conforme o seu entendimento do que é ou não verdade.
https://www.forbes.com/sites/jonmatonis/2012/07/12/kim-dotcoms-pretrial-legal-funds-would-be-safe-with-bitcoin/?sh=1d8c2584596d
https://www.poder360.com.br/internacional/ceo-diz-que-x-continuara-a-proteger-liberdade-de-expressao/
https://www.criptofacil.com/nostr-conheca-protocolo-criado-por-brasileiro-que-utiliza-o-bitcoin-para-descentralizar-redes-sociais/
https://www.jusbrasil.com.br/noticias/entenda-o-sopa-e-o-pipa-projetos-de-lei-que-motivam-protestos-de-sites/3013072