A história de sucesso de Botsuana demonstra a superioridade da liberdade de mercado

O caso de Botsuana nos revela o poder do livre mercado, quando o assunto é tirar um país da miséria e transformá-lo num oásis de crescimento econômico, no meio de um deserto de socialismo.

A história do Imperialismo - fenômeno marcado pelo domínio europeu sobre partes da África e da Ásia nos séculos 19 e 20 - é repleta de, no mínimo, divergências ideológicas. É sempre difícil - e muitas vezes injusto - julgar um período histórico sem levar em consideração o contexto social, cultural e geopolítico daquela época. No caso em questão, contudo, parece haver uma unanimidade: praticamente todo mundo considera o Imperialismo europeu como sendo o grande responsável pela atual pobreza na África.

Esse continente com uma história milenar e uma rica cultura é grande demais para ser tratado como algo monolítico, e também é um grave erro simplificar a história de mais de 1 bilhão de pessoas dessa forma. A verdade é que sempre ouviremos este discurso ecoando nas escolas brasileiras: “Os europeus ficaram ricos às custas da miséria da África”. Contudo, o fato é que existem 2 pedras no sapato daqueles que defendem esse reducionismo histórico, e que merecem um pouco da nossa atenção. Uma delas se chama Etiópia, e a outra, Botsuana - que é o tema deste vídeo.

Falando do primeiro caso: a Etiópia tem por característica, ser o único país africano que nunca se tornou uma colônia europeia. Contudo, e ainda assim, a Etiópia é um país extremamente pobre, que foi sinônimo de fome e miséria durante muito tempo. Em outras palavras: a culpa do desastre etíope não é a colonização europeia direta. Nós já falamos desse caso, de forma específica, aqui no canal, no vídeo: “Por que a Etiópia é um país pobre?” - link na descrição.

Já a Botsuana representa o extremo oposto do caso etíope. O país, considerado como berço da espécie humana, localizado entre a África do Sul, a Namíbia e o Zimbábue, foi integralmente colonizado pelos britânicos no século 19. Contudo, e apesar de sua independência tardia, em 1966, a Botsuana conseguiu se desenvolver economicamente, apresentando um crescimento formidável nas últimas décadas - principalmente, se comparado a seus pares africanos. A diferença fundamental entre o primeiro caso e o segundo reside, justamente, nas decisões tomadas após a independência, e não tem relação direta com seu passado colonial. A coisa é bastante simples: enquanto a Etiópia seguiu pelo socialismo, Botsuana seguiu pelo livre mercado.

Nós falamos em mais detalhes sobre a promissora economia desse país vídeo: “A economia de Botsuana” - link na descrição. Mas, em resumo, podemos dizer que a Botsuana era um país muito, muito pobre, quando de sua independência. Não é força de expressão dizer que, quando os britânicos chegaram por lá, por volta de 1880, aquilo era tudo mato. Os povos que habitavam a região viviam, ainda, no Paleolítico. Decorridos 80 anos de colonização, quando da independência, o pouco de infraestrutura que havia no país fora deixado pelos britânicos. E estamos falando de “pouca” coisa mesmo. Botsuana era descrita como um “vasto deserto sem estradas” - havia apenas 12 km de estradas pavimentadas em todo o seu território.

Na década de 1980, quase 60% da população botsuana vivia abaixo da linha da pobreza, dependendo, na maior parte dos casos, da agricultura e da pecuária de subsistência. Contudo, em 2015, o número de pessoas nessa situação havia sido reduzido para 15%. Sim, é um padrão ainda alto; mas, se compararmos com a média de pobreza na África Subsaariana, que é de 35%, veremos o quão efetivos são os resultados econômicos obtidos pelos botsuanos nas últimas décadas. Além disso, a educação em Botsuana merece destaque: enquanto, na África Subsaariana, a taxa média de analfabetismo é de 32%, em Botsuana, essa taxa é de apenas 10%.

Mas, afinal de contas, o que levou o país a todo esse relativo sucesso? Bem, estamos falando de uma nação que, sob todos os aspectos, é um ponto fora da curva, no que se refere à realidade africana. Botsuana passou por tudo o que outros países próximos passaram: foi colonizada por europeus, seu território foi definido de forma arbitrária, com diversos povos diferentes sendo agrupados dentro de suas fronteiras e, quando de sua independência, não havia muito a ser administrado. Países próximos terminaram por se envolver em longas guerras civis, ou mesmo em genocídios - como Ruanda. Mas os botsuanos preferiram seguir por outro caminho.

A própria ONU precisou reconhecer Botsuana como “uma das verdadeiras histórias de sucesso do desenvolvimento econômico e humano na África”. E isso é uma grande verdade! Hoje, o país é a mais antiga democracia multipartidária da região, e está no Top 5 dos países mais desenvolvidos da África Subsaariana - e isso tendo uma população de apenas 2,5 milhões de habitantes. E isso se deve, sem dúvida, às boas escolhas feitas, no passado, pelo povo botsuano que vai ao contrário das ditaduras socialistas, como vemos em Cuba e Venezuela.

Por incrível que pareça, nunca houve um golpe de estado em Botsuana. Desde que o país se tornou independente, em 1966, sempre foram realizadas eleições democráticas, que nunca resultaram em confusão. De fato, todos os presidentes eleitos pertencem ao Partido Democrático do Botsuana. Porém, embora isso possa ser questionável, a verdade é que essa situação é muito melhor do que a dos países vizinhos, constantemente mergulhados em guerras civis. E, de fato, Botsuana possui uma estabilidade política invejável. O país é considerado a 32ª melhor democracia do mundo - à frente de países como Itália, Bélgica e, é claro, o Brasil, número 51 nessa lista. É importante notar que Botsuana tem um sistema político raro por aquelas bandas: um parlamentarismo que desfruta, ainda, de um poder judiciário independente.

Toda essa estabilidade fez com o que país pudesse se aproveitar daquilo que é capaz de tirar qualquer nação da miséria: investimento estrangeiro. Muita grana vinda de fora migrou para o país a partir dos anos 1980, principalmente para o setor da mineração - o carro-chefe do país. Porém, ao contrário de outras nações africanas - como a Nigéria, - os botsuanos escolheram não depender apenas desses recursos naturais. Conforme as divisas entravam, importantes investimentos em educação e infraestrutura foram feitos.

De fato, a economia do país cresceu, em média, 7%, no período compreendido entre 1985 e 1999. E, acredite ou não, Botsuana conseguiu obter superávits fiscais, algo que não é comum apenas na África. Afinal, aqui no Brasil, encerramos 2023 com um déficit superior a R$ 200 bilhões. Durante os anos 1990, o superávit fiscal de Botsuana ficou na casa dos 5% do PIB - quase um paraíso, se comparado a outros países da região, que possuíam um déficit médio de 6,5% do PIB.

Ou seja: embora o governo do país tenha sim investimento nas chamadas políticas públicas, o fato é que ele conseguiu manter os gastos sob controle. Essa soma de estabilidade política com o tamanho controlado do estado fez com que a economia pudesse se desenvolver de uma forma considerável. É claro que não estamos falando, aqui, de um país com um padrão de vida nórdico. Porém, se levarmos em conta que, em 1966, não havia sequer estradas asfaltadas no país, então podemos concluir que, sim - Botsuana vivenciou um verdadeiro milagre econômico.

Portanto, o caso da antiga colônia britânica desmente uma mentira e confirma uma verdade. Em primeiro lugar, o exemplo de Botsuana contradiz aquele papo de que a pobreza africana se deve, exclusivamente, ao imperialismo europeu. Se os países africanos não dispunham de muita coisa, quando de sua independência, a verdade é que, nas décadas seguintes, a maioria deles não se empenhou em construir nada. Infelizmente, seus governos apenas destruíram tudo, por meio de guerras civis e políticas equivocadas.

Em segundo lugar, Botsuana confirma uma verdade sobre a qual já tratamos diversas vezes aqui, neste canal. A liberdade econômica é o melhor instrumento para se obter o desenvolvimento de um povo e de uma nação. Quanto mais livre for uma economia, quanto mais isenta ela for de intervenções estatais, maior sua chance de prosperar. O livre mercado, de fato, é capaz de enriquecer qualquer pedaço de terra no mundo. E isso vale para cidades incrustadas em rochas, como Singapura, ou localizadas na região mais pobre do mundo - como no caso de Botsuana. Ambos os países possuem, em comum, para além da colonização britânica, também a liberdade de mercado e a estabilidade política.

Sim, o Imperialismo foi algo ruim, e muitos crimes foram cometidos pelos europeus nesse período - todos nós sabemos disso, muito bem. Contudo, colocar a culpa dos problemas que afligem os africanos, na atualidade, na conta das décadas de domínio europeu, é o mesmo que colocar a culpa da pobreza que ainda existe no Brasil nos portugueses.

É verdade que ainda falta muito para Botsuana superar todos os seus desafios. Atualmente, o país é duramente castigado pela AIDS, que atinge um terço de sua população. O desemprego também é um problema que ameaça parte do povo botsuano. Porém, a verdade é que, dadas as condições geográficas e históricas, Botsuana tinha tudo para seguir o exemplo fracassado de seus vizinhos. Contudo, aquele povo pobre e sofrido decidiu, nos anos 1960, seguir por outro caminho. Embora ainda haja muito o que se fazer, por lá, a verdade é que décadas de boas decisões demonstram que, de fato, nem mesmo um passado como colônia europeia pode impedir um país de prosperar. Portanto, são as decisões tomadas por governos e, principalmente, pela população, que definem o destino econômico e social de uma nação.

Se quiser continuar nesse assunto e descobrir como uma pequena ilha, antes pobre e pouco habitada, cresceu rapidamente em questão de décadas para se tornar uma das regiões mais ricas do mundo, recomendamos o vídeo: “A economia de HONG KONG: o rápido ENRIQUECIMENTO”. O link está na descrição.

Referências:

https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/como-botsuana-se-transformou-no-melhor-pais-da-africa-emgt7l6rycnvqe2i2jjldy0hf/

Visão Libertária - A economia de Botsuana:
https://www.youtube.com/watch?v=T6cwaeSxCqE&pp=ygUbdmlzw6NvIGxpYmVydMOhcmlhIGJvdHN3YW5h

Visão Libertária - Por que a ETIÓPIA é um país POBRE?
https://www.youtube.com/watch?v=CIJ02XEgFm8&t=612s&pp=ygUadmlzw6NvIGxpYmVydMOhcmlhIGV0aW9waWE%3D

https://www.scielo.br/j/rep/a/tsf4mZ7GRgfXt4K4BPD9qjH/

Visão Libertária - A economia de HONG KONG: o rápido ENRIQUECIMENTO:
https://youtu.be/Em5PSK0vMzE