Quem paga pela festa da democracia?

A eleição é a festa da democracia. Como toda festa, é cara pra caramba, mas quem paga são os convidados.

As eleições são tratadas pela grande mídia como a festa da democracia. De certa forma esta analogia faz sentido, já que fazer uma celebração desse tipo é caro pra caramba. Quem já fez casamento, formatura ou de 15 anos, sabe do que estou falando. A maior diferença é que numa festividade comum quem paga é o anfitrião, mas na farra da democracia quem paga são os convidados. É verdade que as eleições são pagas com dinheiro público, e aqui no Brasil eles torram bilhões de reais com isso. Mas como alertou Margaret Thatcher: "não existe dinheiro público, somente dinheiro do pagador de impostos". Então, fazer eleições é como fazer uma grande festa, obrigar os convidados a irem e ainda terem que pagar a conta. De fato, é um ótimo negócio!
As atrações principais da festa são os partidos políticos, e é claro que esses abutres não podem receber mixaria. Só para começar, esses partidos receberam, ao todo, quase 5 bilhões de reais do fundão eleitoral. Além disso, querido convidado, pode voluntariamente doar ainda mais para algum candidato à sua escolha. O que não pode, obviamente, é deixar de contribuir para o fundão eleitoral. Essa parte é obrigatória. Mas o que pensa em fazer com esse dinheiro? Apostar no tigrinho? Deixe de ser egoísta! O que são pequenos objetivos de vida perto desta grande festa?
Se está pensando que vai ser coisa mixuruca, saiba que foram encomendadas quase 220 mil urnas eletrônicas de nova geração. Elas vão ter um processador mais potente e mecanismos de criptografia aprimorados. Tudo para garantir a experiência perfeita ao digitar os números de seu candidato e ouvir o tradicional e marcante pi-ri-li-li-lim. O custo das novas urnas foi de somente 1,1 bilhão de reais, algo irrisório se comparado com à incrível experiência de voto.
Além do momento do voto, toda a experiência é planejada. Portanto, grande parte do contingente de policiais vai atuar no dia das eleições. No Piauí, 75% do efetivo vai participar, totalizando mais de 5.700 seguranças. O tenente-coronel salientou que, em todos os locais de votação, haverá pelo menos um policial. Esse mesmo policial poderia estar socorrendo uma vítima de assalto, mas ele estará participando da grande festa bancada com seu dinheiro. Ele também acrescentou: "A Operação das Eleições, que acontece de dois em dois anos, é a maior operação da Polícia Militar, tanto em planejamento quanto em recursos financeiros. Há um deslocamento em massa da tropa, tanto da capital para o interior quanto dos próprios batalhões do interior para o interior." Como podemos ver, o Estado não mede esforços para garantir a segurança pública no dia das eleições. É o único momento do ano em que você pode se sentir seguro! Você não vai perder essa oportunidade, né?
Temos que agradecer também aos mesários. Essas pessoas doam seu precioso tempo para fazer a festa da democracia acontecer. Eu diria que nem é um gasto de tempo, é um investimento. Afinal, há muito "investimento" para conseguir o "retorno" de um estado funcionando, não é mesmo? Muitas vezes o retorno é em forma de aumento de impostos, outras vezes é em forma de saúde precária, ou de ruas esburacadas. Mas quem disse que investimento tem que ser bom? Como dizemos para as crianças que ficam em último na brincadeira: o importante é participar, e não necessariamente ganhar.
É claro que uma boa festa também tem que ter bom marketing. Nesse ponto, nossos queridos candidatos brilham. Alguns escolhem nomes irreverentes, como Pretinho My God, Pouca Roupa, Alemão du Gás Tchetchetcheee e Barbudo do Uber. Eles, e muitos outros, usam seus segundos na TV para recitar seus números com confiança e eloquência. Fica até difícil escolher alguém, diante de tantas apresentações convincentes. Todo dia há espaço na TV para eles. São 70 minutos por dia, durante cerca de 2 meses, de propaganda eleitoral. Nos períodos fora das eleições, esse tempo é usado para empresas anunciarem seus produtos ou para emissoras de TV exibirem seus programas. Nada que seja realmente útil para a população. A TV já ganha dinheiro suficiente; aposto que ela nem sente falta do tempo perdido no horário eleitoral. Além do mais, quem quer saber sobre a nova pasta de dente que foi lançada ou sobre alguma promoção no supermercado? As pessoas aguardam ansiosas por esse horário destinado a propagandas políticas. Não há dúvidas de que ninguém perde um minuto desse valioso momento de aprendizado e conscientização.
Não podemos esquecer de outro marcante momento televisivo: os debates. Em meio xingamentos, carteiras de trabalho exibidas e cadeiradas violentas, o entretenimento é garantido. Naturalmente, o investimento da sociedade não é pequeno para esses momentos acontecerem. Centenas de funcionários trabalham nas emissoras, milhões de pessoas assistem aos programas, depois gastam mais boas horas discutindo o que aconteceu nas redes sociais. Grandes jornais cobrem tudo e não deixam passar um detalhe. Se não houvesse campanha eleitoral, o que todo esse pessoal estaria fazendo da vida? Trabalhando em coisas supostamente úteis? Contribuindo para suprir necessidades verdadeiras da sociedade? Aposto que não seria nada de mais.
Como todo anfitrião de festa, a expectativa do governo para o grande evento é enorme. Toda a máquina pública praticamente para em ano de eleição. Não dá para começar novos projetos, já que ninguém sabe se eles terão continuidade no ano seguinte. Além disso, todos os servidores comissionados precisam ajudar na campanha do chefe, afinal, é o emprego deles que está em jogo. É lindo ver toda a máquina pública com um só objetivo, trabalhando em harmonia para fazer bonito na grande festa. Os políticos também mudam sua rotina de trabalho. Como disse o G1: "O Congresso coloca projetos em banho-maria e empurra votações para depois das eleições". De fato, faz todo o sentido. Como os políticos vão votar projetos importantes em época de campanha? É possível que a população perceba que esses abutres aprovam projetos de lei impopulares. Talvez até descubra que essa classe de parasitas não os representam de verdade. Não, melhor não fazer nada. Nessa época de eleições, o povo está muito sensível à política. É melhor esperar que cada um volte ao seu dia a dia e, então, ter a tranquilidade de roubar o povo como quiser.
Se você está reclamando de toda a gastança que acontece em ano de eleições, saiba de uma coisa: isto é dinheiro circulando. Os Keynesianos nos ensinaram que o que faz crescer a economia é a gastança desenfreada. Pode imprimir dinheiro, pode ficar rolando dívida, não importa, o importante é torrar e fazer o dinheiro circular. Aliás, se tiver inflação, melhor ainda, assim o pessoal para com essa ideia de ficar poupando dinheiro e também se joga na gastança. É bem verdade que o Keynesianismo sempre dá errado e leva a economia para o buraco. Também é verdade que Mises nos mostrou que as políticas intervencionistas são como uma bola de neve, levando a economia rumo ao socialismo. Mas pra quê se prender nesse negócio de lógica e racionalidade? Prefiro ficar com os Keynesianos que pelo menos não tentam melar essa linda festa.
Portanto, a grande festa da democracia é simbólica. Como vamos ter um sistema que torra dinheiro durante 4 anos, para chegar nas eleições e fazer algo furreca? Para homenagear este carnaval eleitoral, podemos citar o grande carnavalesco Joãosinho Trinta: "O povo gosta de luxo! Quem gosta de miséria é intelectual". É exatamente isso que o povo tem: um governo luxuoso, com um Supremo Tribunal Federal que torra dinheiro com lagostas caras e ministros que têm serviçais apenas para puxar suas cadeiras ao sentar. Um Congresso que tem mais penduricalhos que uma árvore de Natal. E, claro, um Executivo que adora o desenvolvimentismo, programas sociais e, principalmente, contratar amiguinhos dos sindicatos para colocá-los em carguinhos inúteis e viver do dinheiro do povo. A triste diferença é que, no carnaval da política, são apenas os políticos que sambam na cara da população.

Referências:

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/presidenciaveis-somam-r-166-milhoes-em-despesas-de-campanha-contratadas/
https://www.moneytimes.com.br/quanto-custa-a-democracia-veja-os-custos-que-envolvem-campanha-eleicao-e-outros-gastos/
https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/ricardo-amorim/a-licao-de-margaret-tatcher-nao-existe-dinheiro-publico-so-dinheiro-de-quem-paga-impostos/
https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2024/Junho/saiba-quanto-cada-partido-vai-receber-do-total-do-fundo-especial-de-campanha
https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2021/Dezembro/tse-declara-positivo-tecnologia-vencedora-da-licitacao-das-urnas-ue2022
https://cidadeverde.com/eleicoes2024/127694/mais-de-cinco-mil-policiais-atuarao-nas-eleicoes-pm-monitora-40-cidades-com-maior-risco
https://www.poder360.com.br/poder-eleicoes/leia-os-nomes-de-candidatos-mais-bizarros-das-eleicoes-de-2024/
https://extra.globo.com/noticias/rio/joaosinho-trinta-povo-gosta-de-luxo-quem-gosta-de-miseria-intelecual-leia-outras-frases-3470006.html