19 Mar. 2024
Sugerido: JJ Liber
Escritor: QuintEssência
Revisor: donda
Narrador: Paulo Wesley
Produtor: Paulo Wesley

Praga dos JAVALIS se alastra pelo BRASIL, e a culpa é do ESTADO

O javali (que possui o nome científico de sus scrofa) se tornou uma verdadeira praga no Brasil - bem como em outros países, como Argentina e Uruguai. A coisa é bastante simples de entender: essa besta, que pode chegar a 1,80m de comprimento, é uma espécie exótica, que não possui predadores naturais em terras tupiniquins e que, portanto, deita e rola por aqui. No seu caminho, ficam lavouras, criações e qualquer outro tipo de produto humano. Por sinal, esse problema também se aplica ao famoso javaporco - que, como o nome indica, é o resultado do cruzamento do javali com o porco domesticado.

Os javalis podem superar os 200kg; já o javaporco, não raramente, ultrapassa os 300kg. Com tais dimensões, esses porcos selvagens conseguem ser maiores do que o maior mamífero nativo do Brasil - a anta. E não, não estamos falando do nosso presidente. Conforme tem sido amplamente documentado, os ataques de javalis a plantações e a criações de aves e gado causam enormes prejuízos à economia do Brasil. Acontece que, embora não tenham predadores naturais, os javalis predam praticamente tudo - até mesmo ovelhas entram em sua dieta. Pois é.

O problema dos javalis se torna especialmente grave por conta de sua facilidade de reprodução. A gestação desse animal dura apenas três meses e meio; e as fêmeas costumam parir entre 3 e 6 filhotes por vez. Decorridos apenas 18 meses, esses filhotes já estarão aptos para a reprodução. Por outro lado, a expectativa de vida de um javali é de 20 anos - valor que supera, por exemplo, a expectativa de vida de um típico aviãozinho, no Rio de Janeiro. Por conta desse cenário, os bandos de javalis têm se proliferado por várias regiões no Brasil - não apenas trazendo prejuízos para produtores locais, mas também agravando o risco de transmissão de doenças para porcos de criação.

Os primeiros javalis foram trazidos para a América pelo próprio Cristóvão Colombo, em 1494, quando de sua segunda viagem ao continente - naquela época, eram apenas 8 animais. Cinco anos depois, os javalis já haviam se tornado um problema sério para as plantações no continente. E a coisa só pioraria nos séculos seguintes. No contexto da Guerra do Paraguai, com a destruição de diversas fazendas paraguaias, muitos javalis foram soltos nos campos. No Centro-Oeste brasileiro, ainda hoje podem ser encontrados animais que descendem dessas populações soltas no decurso da guerra.

Já nas últimas décadas, surgiram, no sul do Brasil e nos países vizinhos, fazendas especializadas na criação de javalis. Obviamente, muitos animais acabaram fugindo desses criadouros; e, assim, a coisa saiu de controle muito rapidamente. Hoje, não é possível sequer mensurar a quantidade de javalis no território brasileiro. Mas, para termos uma ideia do tamanho do estrago, basta dizer que, apenas em 2022, foram abatidos quase 500 mil indivíduos dessa espécie no Brasil. De lá para cá, contudo, a população dessas bestas só fez aumentar.

Esse problema foi detectado pelas autoridades já há algum tempo. Obviamente, o estado não é capaz de controlar essa praga - como, aliás, não é capaz de resolver nenhum outro problema. Então, em 2013, a caça ao javali foi liberada no Brasil - sim, isso aconteceu durante o governo Dilma, acredite ou não. Essa prática, de forma específica, é conhecida como “manejo”. Ou seja, os javalis não são caçados por diversão, nem por esporte; a caça é um meio de preservar o meio ambiente. Ok.

É claro que, em se tratando do Brasil, as coisas não seriam tão simples assim. Para ser um caçador de javalis - que, por sinal, são a única espécie cuja caça é permitida por aqui, - você precisa ser registrado como CAC. Sim, um desses Cs é o de “caçador”. Mas a coisa não pára por aí. Além de pagar uma fortuna numa arma capaz de matar um javali, você ainda precisa se cadastrar no IBAMA, atender a uma enorme burocracia, e ainda correr o risco de enfrentar problemas com a justiça, caso acabe atirando, por engano, em um queixada.

Ainda assim, a coisa funcionava até razoavelmente bem; afinal de contas, como referimos anteriormente, meio milhão de javalis foram abatidos apenas no último ano do governo Bolsonaro. Contudo, eis que chegamos ao mandato 3.0 do Lula - e aí, a coisa desandou de vez. Logo no início de 2023, o Exército começou a restringir a compra de novas armas de fogo pelos caçadores - afinal de contas, não se caça uma besta de 200 kg com estilingue. Já em meados do ano passado, muito por conta de questões ideológicas, o IBAMA suspendeu de vez a possibilidade de caça ao javali - algo que se aliou a mais um decreto antiarmas, por parte do Lula.

É claro que isso deixou produtores rurais de regiões afetadas desesperados. Por isso, alguns estados, como Santa Catarina - infestado por mais de 100 mil javalis, - decidiram criar suas próprias leis, autorizando a caça a esses bichos. De qualquer forma, no fim de 2023, o IBAMA voltou atrás - porque a decisão anterior deu ruim, é claro. Alguns produtores rurais chegaram a perder a produção de um ano inteiro, em apenas um ataque de javalis. Agora, novas regras foram criadas, com autorização para a caça; mas a situação ficou pior do que era antes da proibição.

Veja, por exemplo, a seguinte determinação: “os javalis devem ser abatidos de forma rápida de modo a evitar sofrimento desnecessário”. Mas o que diabos isso significa? Só vale ser caçador se for um John Wick, que só acerta tiros na cabeça? Também o uso de cães foi restringido - agora, os cachorros precisam ter até certificado de veterinário! Já a autorização para caçar numa determinada área precisa ser registrada em cartório, pelo proprietário. Tudo isso, é claro, para dificultar a vida do caçador. Também a validade do registro dos caçadores diminuiu - de 10 anos para apenas 3.

Tudo isso, obviamente, decorre do lobby desarmamentista do governo Lula. O pessoal da esquerda afirma que o manejo de javalis é, na prática, caça esportiva - algo que, sabe-se lá por qual motivo, é proibido no Brasil. Veja o quanto esse pessoal viaja na maionese: eles estão, na prática, reclamando porque a população civil estava ajudando o governo a conter uma praga, um problema que o estado é incapaz de resolver!

Também havia choro e ranger de dentes, por parte dessa turminha, por conta do uso de alguns calibres pelos caçadores - mesmo com todas as conhecidas restrições. Para o caçador, todo o rigor da lei, e todas as dificuldades. Se depender do PT, os javalis só poderão ser caçados com o uso de garruchas 22. Mas fique tranquilo, você ainda pode ter uma AK 47 automática, caso queira: basta se filiar à facção criminosa mais próxima da sua casa. Muito menos burocrático e sem limite de munição!

Alguns esquerdistas, supostamente preocupados com o meio ambiente, afirmam também que o número de cidades com abates de javali triplicou durante o governo Bolsonaro - que crueldade com os bichinhos! Mas o que o povo pode fazer, se esse é um problema generalizado? O fato é que, por conta desses meses de restrições, o problema dos javalis se tornou ainda pior no Brasil. Alguns afirmam, inclusive, que essa situação saiu completamente do controle.

Veja que, sob muitos aspectos, esse é um problema causado pelo estado. Restrições à caça e ao correto manejo dos javalis, no passado, resultaram na proliferação desses animais em território brasileiro. Por outro lado, as cagadas feitas pelo IBAMA, no ano passado, pioraram o que já estava ruim. Como sempre acontece nesse tipo de situação, o problema não será resolvido por quem o criou. Também na questão dos javalis, o Brasil precisa de mais liberdade - basta ter os incentivos corretos.

Veja, por exemplo, que se a caça fosse liberada, sem as atuais restrições, o número de javalis seria rapidamente reduzido. Muitos afirmam, hoje, que os caçadores poupam as fêmeas e os filhotes, preferindo os machos adultos - o que não contém a proliferação dos javalis. Mas o mercado daria conta dessa situação. Pense que, por exemplo, seria do interesse de produtores rurais contratar grupos de caçadores de fêmeas, para que a reprodução desses bichos cessasse.

Por outro lado, os caçadores que quisessem manter a população de javalis estável poderiam fazê-lo em sua propriedade privada. É claro que, nesse cenário, a caça seria paga; se os caçadores simplesmente não estiverem dispostos a pagar por essa diversão, então isso significaria que não há real demanda para essa prática. Também nesse caso, o livre mercado regula, de forma livre e orgânica, a oferta e a demanda, de todos os lados.

É preciso frisar, também, que há demanda real para consumo de carne de javali. Estudos apontam para o fato de que essa carne é mais nutritiva do que a de boi: 85% menos calórica, com 30% a mais de proteína, e com uma quantidade superior de minerais. Com essa propaganda positiva, não há motivos para a criação de javalis em cativeiro não prosperar - com todos os cuidados sanitários que a pecuária brasileira sempre toma.

Só que, atualmente, os criadouros de javalis são proibidos no Brasil. Não é preciso ser um gênio econômico para entender o problema: se há demanda, mas a lei proíbe a oferta, então teremos atividades clandestinas - tal como acontece com as drogas, e com o jogo. E, a exemplo do que também ocorre nessas atividades, os criadouros ilegais são de péssima qualidade - resultando em uma carne com condições questionáveis, e com perigos para o meio ambiente. Se o traficante joga sua droga no vaso sanitário quando é pego, o que o criador de javalis faz, quando a polícia se aproxima? Solta o javali no mato!

Em resumo: a solução para o problema dos javalis, no Brasil, não passa pela intervenção do estado. Foi o governo brasileiro que, num primeiro momento, fez com que um problema localizado se transformasse numa tragédia de proporções nacionais. A solução para esse caso passa pela iniciativa privada. Nesse cenário, não seria possível determinar o futuro dos javalis: se simplesmente extintos do país, ou se preservados em áreas de caça e em criadouros. O que podemos saber é que as necessidades humanas seriam melhor atendidas, o meio ambiente seria mais bem preservado e –o melhor de tudo – as pessoas seriam mais livres para agir.

Referências:

https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente/2021/10/10/norma-presidencia-ibama-caca-a-animais-silvestres.htm https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/05/cidades-com-abate-de-javali-triplicam-sob-bolsonaro-e-especialistas-apontam-irregularidades.shtml https://www.band.uol.com.br/agro/noticias/saiba-por-que-os-javalis-sao-considerados-uma-das-piores-pragas-da-agricultura-16657177 https://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/equi20000808_javali.shtml https://cienciahoje.org.br/artigo/a-invasao-do-javali/ https://www.gazetadopovo.com.br/republica/caca-de-javalis-com-armas-de-fogo-e-retomada-com-novas-normas-do-exercito-e-do-ibama/

Visão Libertária

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