Veja que surpresa: a maior marca esportiva do mundo resolveu fazer um comercial exaltando a competitividade e chutando a inclusão. Mas não é disso que se trata o esporte?
Indo na contramão das Olimpíadas da lacração de Paris, e durante o decorrer dos jogos, a Nike lança um comercial para ferir a sensibilidade dos justiceiros sociais, que são em sua maioria egocêntricos ávidos por direitos imerecidos que nada fazem senão chorar e militar nas redes sociais. O vídeo da Nike mostra vários dos melhores atletas do mundo desempenhando os melhores lances de seus esportes, junto com um texto que chega a ser rude, o qual diz mais ou menos o seguinte: "Serei eu uma pessoa ruim? Eu sou egoísta. Eu sou bitolado. Eu sou insensível. Eu não respeito você. Eu não tenho empatia. Eu não tenho compaixão. Eu não tenho remorso. Eu sou obcecado por poder. Eu me acho melhor do que todos. Eu quero tomar o que é seu e nunca mais devolver. Me diga, isso faz de mim uma pessoa ruim?" Fica ainda mais incômodo com a narração de Willem Dafoe, ator conhecido por dar vida a personagens psicopatas, e que chega a gargalhar durante o texto. Se não fossem as imagens, isso poderia parecer uma página do diário de Patrick Bateman.
O comercial demonstra que é isso que se passa na mente dos maiores atletas do mundo. Para finalizar, vem a frase "VENCER NÃO É PARA TODOS" em caixa alta, letras vermelhas e fundo preto, para deixar claro que a pessoa na frente da tela assistindo àquele comercial é um bosta por não fazer parte daquele grupo. Mais excludente que isso impossível.
Esse comercial é apenas mais um ato simbólico da direção que o mundo tem tomado nos últimos dois anos: a rejeição da lacração, da cultura woke e da inclusão forçada. O mundo já demonstrava ir nessa direção desde 2022, ano em que o filme mais assistido nos cinemas foi "Top Gun Maverick", cheio de masculinidade “tóxica”, ou melhor, a boa e velha masculinidade. No ano seguinte, a cerimônia do Oscar premiou "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", um filme até bom, mas aquém do favorito do público no ano de referência. O detalhe é que o filme laureado cumpre à risca a agenda woke, contando a história de uma família asiática em dificuldades financeiras e com uma filha lésbica.
Voltando a falar de marcas, outra gigante que abandonou o lacre depois de ver o lucro ir embora foi a Victoria's Secret, fabricante de lingeries, roupas de banho femininas e perfumes. Em 2021, seus executivos cometeram o erro de dar voz -- e pior ainda, patrocinar -- a jogadora de futebol feminista Megan Rapinoe, propagandista da absurda equiparação salarial entre jogadores mulheres e homens. Rapinoe classificava a marca como sexista, dizendo que passava uma imagem muito ruim a mulheres jovens. Se enquadrando ao discurso politicamente correto, a Victoria's Secret lançou linhas com peças mais discretas, que expunham menos o corpo, e chegou a abandonar as "angels", suas famosas modelos com corpo escultural. O resultado foi uma queda de 5% no faturamento, o que é muito dado o volume de dinheiro que a marca movimenta. Martin Waters, o então presidente-executivo da empresa, foi honesto ao admitir que as tentativas de “inclusão” não tiveram retorno financeiro. Em duas palavras: "Apesar dos esforços de todos, o novo marketing não foi o suficiente para vencer". Mas quanto machismo, hein?! Alguém poderia pensar. Mas vejam bem, as mulheres é que são público-alvo da marca, além dos homens que querem ver suas amadas vestindo as lingeries da empresa e muitas vezes compram as peças paras suas namoradas e esposas. E se esse tipo de roupa sexista faz sucesso, bem... é porque seus consumidores escolheram para agradar seus parceiros.
Tanto no comércio de roupas e materiais esportivos quanto no cinema, cada vez mais, os donos de grandes negócios têm se dado conta da máxima "quem lacra não lucra". O segundo filme com maior bilheteria de 2024 até agora, perdendo apenas para "DivertidaMente 2", é "Deadpool e Wolverine", sobre o qual temos um vídeo aqui no canal. Esse também é o filme com classificação +18 com maior bilheteria da história. E como explicamos no nosso vídeo, é cheio de masculinidade tóxica e porrada old school, mas também respeita todas as suas personagens mulheres.
Fato é que a cultura woke está apresentando sinais de fadiga. Cada vez mais o mundo tem caminhado na direção oposta. E algumas razões explicam esse fenômeno. Na pesquisa para a criação deste vídeo, foi acessada a plataforma de perguntas e respostas Quora. Ela já foi melhor antes da popularização, e hoje é uma espécie de Facebook, dominada por memes e conteúdos superficiais. Mas ainda é possível encontrar conteúdos profundos e respostas completas sobre todo tipo de assunto, desde bioquímica até estratégia militar, e também cultura popular. Pesquisei em inglês sobre o porquê a cultura woke está em declínio e obtive algumas respostas interessantes, as quais seguem:
1) A cultura woke ignora a realidade e a opinião da maioria. Como diria a filósofa do objetivismo, a famosa liberal Ayn Rand: “você pode ignorar a realidade, só não pode ignorar as consequências de ignorar a realidade”. E a maioria das alegações dos justiceiros sociais ou não condizem com os fatos, ou até mesmo os contrariam. Não é verdade que mulheres são tão boas quanto homens nos esportes, ou que elas podem desempenhar funções que exijam força física com o mesmo desempenho. Tampouco é verdade que todas as pessoas têm gênero fluído.
Assim como ignora a realidade, a lacração ignora as preferências e prioridades das pessoas. O PSOL se diz o partido dos pobres, mas vive defendendo aumento de impostos e seus eleitores do Rio de Janeiro moram no Leblon e os de São Paulo no bairro nobre Jardins. O eleitor do PSOL, em boa parte, é o playboy preocupado em sinalizar virtude. Os pobres não querem saber de pronome neutro e transição de gênero gratuita no SUS, pois estão preocupados demais em pagar suas contas. Esse grupo socioeconômico quer saber é de dinheiro no bolso, comida na mesa e bandido na cadeia.
2) A cultura woke perde audiência ao promover a guerra de classes. Ao classificar todo branco como racista, todo homem como machista, todo heterossexual como homofóbico e assim por diante, os propagandistas woke espantam a audiência que talvez visassem alcançar. Um exemplo é a afirmação besta de que "quem não gosta de futebol feminino não gosta de futebol, gosta é de ver homem". Essa frase é um tiro no pé da expansão do esporte, visto que as poucas pessoas que assistem ao futebol feminino são homens, e até as próprias mulheres preferem o futebol masculino. E talvez sejam elas as interessadas em ver os homens praticando esportes.
3) A cultura woke se baseia em propaganda e conteúdo forçado. Muitas vezes, os propagandistas do politicamente correto se valem das instituições para forçar suas pautas. Um exemplo são as novas regras da academia para o Oscar, que exige a presença de 20% de minorias tanto na produção do filme quanto no elenco para que o filme concorra ao prêmio. Outro exemplo é a obrigatoriedade dos clubes da série A do futebol brasileiro manterem times femininos, forçando-os a engolir o prejuízo decorrente da baixíssima audiência, inclusive presencial, mesmo com entrada gratuita nos jogos.
O problema do conteúdo forçado é que ele gera rejeição rapidamente. Ao ver mais um filme com uma protagonista negra e LGBT sem nenhum motivo específico, o público já pensa "ah, não, mais uma dessas!". Ao forçar o discurso politicamente correto, a cultura woke acaba futilizando pautas importantes, o que nos leva ao próximo ponto.
4) A cultura woke ofusca boas obras com pautas sociais relevantes. Engana-se quem pensa que super-heróis homossexuais são uma consequência do mundo moderno. Eles existem desde a década de 80. A diferença é que hoje muitos heróis consagrados como o Lanterna Verde e Homem de Gelo tiveram sua sexualidade mudada recentemente só para atender à pauta, enquanto alguns heróis mais antigos tinham a homossexualidade como parte de um personagem bem construído.
O melhor exemplo de bom personagem homossexual é o Estrela Polar, concebido em 1992, época do auge do preconceito, quando a AIDS ainda era chamada de "imunodeficiência relacionada a gays".
Os próprios X-Men foram criados como uma reação contra o preconceito, como dizemos no nosso vídeo sobre "Deadpool e Wolverine". Eles são um grupo de super-heróis que se dedicam a salvar a humanidade que quer os extinguir. E a qualidade da história original era tão melhor que a dos super-heróis atuais que a Disney teve que fazer um reboot da série original de 1995 para recuperar alguma audiência no streaming.
Do mesmo modo, existem boas obras de ficção denunciando o racismo, como a série "Olhos que Condenam", disponível no Netflix e baseada em fatos reais, sobre cinco jovens negros presos injustamente acusados por estupro. Mas uma boa história não precisa ser baseada em fatos reais. Não precisa sequer ser verossímil. O filme "Corra", considerado por muitos o melhor de 2017, retrata fatos um tanto absurdos para serem reais. Mas Jordan Peele, um diretor negro entre os melhores da atualidade, faz um mergulho profundo na psicologia dos personagens, o que torna o filme imperdível.
5) O movimento contrário tem ganhado força. Se o movimento woke tem perdido audiência e gerado prejuízos, criticá-lo e satirizá-lo parece uma boa ideia, até mesmo em termos comerciais. Um filme que faz isso com maestria, sobre o qual também temos vídeo aqui no canal, é "Ficção Americana". O filme é uma espécie de metalinguagem da lacração, estrelando um escritor altamente erudito que só fez sucesso comercial depois de escrever um livro retratando negros de forma estereotipada.
Além da crítica direta, obras que ignoram solenemente a sensibilidade dos justiceiros sociais e investem na clássica masculinidade tóxica, a exemplo dos citados "Top Gun Maverick" e "Deadpool e Wolverine", mostram o caminho do sucesso de audiência.
6) Por mais que se tente nivelar por baixo, o povo gosta mesmo é de competência e qualidade nas obras cinematográficas e nos esportes. Por mais que tentemos apreciar o esporte como uma forma de inclusão e promoção de paz entre os povos, o que queremos ver são feitos extraordinários, triplos twists carpados, corridas de 100 metros em 9 segundos, das quais só os melhores seres humanos são capazes. Do mesmo modo, por mais que é importante respeitar todas as mulheres e não é legal fazer referências grosseiras sobre seus corpos, os corpos femininos que habitam o imaginário da maioria dos homens são os esculturais. Não adianta querer vender capim para quem quer salmão.
Enfim, como conclusão, o crepúsculo da lacração se explica pela sabedoria do economista Ludwig von Mises, quando ele diz: “no final, é sempre o consumidor quem decide”. Em outras palavras: as empresas precisam estar, dia e noite, buscando atender aos interesses dos consumidores para lucrar cada vez mais.
Comercial da Nike com William Dafoe fazendo voz de psicopata: https://www.youtube.com/watch?v=pwLergHG81c
Vídeo do canal sobre "Deadpool e Wolverine": https://www.youtube.com/watch?v=eQQQBYpW4ew
Victoria's Secret volta à essência com desfile de lingeries transparentes: https://nypost.com/2023/10/18/victorias-secret-ditches-wokeness-over-sexiness-after-sales-drop/
Respostas do Quora sobre o declínio da cultura woke: https://www.quora.com/Why-does-it-seem-like-woke-culture-is-declining
Vídeo do Visão Libertária sobre "Ficção Americana": https://www.youtube.com/watch?v=NsCfCVNISNI
Aferição do que é fato e ficção sobre "Olhos que Condenam", baseada em fatos reais: https://veja.abril.com.br/coluna/e-tudo-historia/racismo-e-erro-judicial-o-real-e-a-ficcao-da-serie-olhos-que-condenam