Como VIVER para SEMPRE: Putin e Xi Jingping têm a RESPOSTA

O livro 1984 diz: Na verdade, essas três filosofias são praticamente indistinguíveis(...) Em toda parte, há a mesma estrutura piramidal, a mesma idolatria do líder semidivino, a mesma economia voltada para a guerra contínua e mantida pela guerra contínua.

Um microfone capturou uma conversa peculiar entre, talvez, os três principais ditadores do nosso tempo: Vladimir Putin, Xi Jinping e Kim Jong-Un. O assunto surpreende ao falar de imortalidade através do transplante contínuo de órgãos e do avanço da biotecnologia. O diálogo foi flagrado enquanto os três líderes se encaminhavam, seguidos por suas comitivas, ao desfile militar chinês por ocasião dos 80 anos do fim da segunda guerra mundial. O tema, retratado inúmeras vezes em obras de ficção científica, é controverso em diversos tópicos, como veremos mais adiante.

Oitenta anos após o fim da segunda guerra, os traidores e golpistas do Partido Comunista Chinês realizaram um desfile militar no último dia 3 de setembro, data que marca a rendição do Japão à bordo do navio de guerra americano USS Missouri. O evento parece tentar convencer ao mundo e a si mesmos de que eles possuem alguma legitimidade no governo, e também convencer de que tiveram algum papel realmente importante no conflito que, se não fosse a intervenção americana, teria sido ganho de forma humilhante pelo Japão.

No evento, Xi Jinping, acompanhado dos outros dois ditadores, conversavam sobre suas ideias para estender sua opressão por mais algumas décadas. Um microfone captou o tradutor de Putin dizendo: "A biotecnologia está se desenvolvendo continuamente. Os órgãos humanos podem ser continuamente transplantados. Quanto mais você vive, mais jovem você se torna, e (pode) até mesmo alcançar a imortalidade." - terrivelmente distópico, não é mesmo? Xi respondeu: "Alguns preveem que, neste século, os seres humanos poderão viver até os 150 anos de idade." - ele possui hoje 72 anos. Kim Jong-un aderiu apenas ao "sorria e acenem" durante praticamente todo o evento.

O cidadão médio pode ouvir afirmações como essas e realmente crer que eles podem estar perto de algum tipo de descoberta científica. Os conspiracionistas podem começar a imaginar que as falas revelam que algo nesse sentido já até mesmo existe, ou que talvez os ditadores nem sejam mais da espécie Homo sapiens sapiens. A verdade é que provavelmente algum puxa-saco tenha dito isso para bajular Os Três Patetas. Há, no entanto, alguma veracidade no que foi dito ou são somente ilações de megalomaníacos - ou em termos gerais: é real ou só papo de doido?

Uma pessoa pode receber órgãos continuamente? Em teoria sim, mas no mundo real, além das implicações éticas óbvias dessa questão - não que eles se preocupem com isso - mas as intervenções médicas envolvem riscos e nem sempre têm o resultado esperado. Cada cirurgia é um novo trauma. É como tomar uma facada, mas de forma controlada e mais benéfica do que maléfica. Várias substâncias precisam ser injetadas na pessoa pra que a cirurgia seja feita, além de um tubo pra te ajudar a respirar, e quanto mais tempo se passa sob o efeito dessas medidas, maior a chance da chamada iatrogenia, ou seja, um malefício inerente ao próprio procedimento. Após um transplante o paciente precisa tomar remédios que reduzam a sua resposta imune para que o corpo não destrua de imediato o órgão que de fato não é seu. Isso pode vir a ser contornado no futuro através da confecção de órgãos a partir do seu próprio DNA. Ainda assim, Os Três Mosqueotários esqueceram de se lembrar que não há transplante para cérebros, por mais deteriorados que os deles estejam. Então, não, não há como alcançar imortalidade através de transplantes de órgãos.

Mas e sobre alguns supostamente preverem que será possível viver até os 150 anos de idade? Esse é mais um dos termos que o brasileiro deveria parar de aceitar sem questionar: "Alguns preveem", "Estudos indicam", Pesquisas comprovam", "Especialistas confirmam". Muitas vezes pegam literalmente UMA pessoa que seja da área e que tenha a opinião que eles querem e passam como se todos concordassem com isso. Esse consenso científico sobre as coisas até existe e tem o nome de "estado da arte", mas é algo raro de se alcançar, que demanda, na maioria das vezes, décadas para se atingir, e que a maioria dos assuntos nunca chegará nesse ponto. E ainda assim, o estado da arte não deve ser eximido de ser questionado. A verdade se fortalece quando questionada. Não é necessário calar quem questiona. Mas o ponto central é: "alguns preveem" não significa nada.

Suponhamos, no entanto, que tudo que eles fantasiaram seja verdade e possamos realmente alcançar a imortalidade. Algumas questões que hoje fazem sentido podem simplesmente não significar mais nada num mundo de imortais. Por exemplo, o que aconteceria com a pena de prisão? E mais ainda, com a prisão perpétua? Um período de tempo que seja de 100 anos pode não significar nada para seres imortais. Será que as únicas opções de punição seriam a pena de morte ou prisão perpétua? Parece algo muito duro e que não se aplica para a maioria dos crimes. Uma tendência nos dias de hoje é de que as penas sejam principalmente financeiras e menos de encarceramento do indivíduo agressor. Isso porque, além de custar caro manter um presídio e os presos - ainda mais presos imortais - não gera nenhuma forma de compensação prática para as famílias. A sensação de que foi feito justiça pode ser um alívio momentâneo e que rapidamente se esvai quando eles tomam conhecimento de toda a qualidade de vida que o criminoso está tendo na prisão. Num mundo libertário as penas seriam basicamente financeiras porque as empresas, que seriam responsáveis pela segurança de seus clientes, rapidamente perceberiam como um sistema carcerário é ineficaz.

Essa compensação financeira, porém, poderia ser problemática porque, se ninguém morre, então o acúmulo de riqueza seria virtualmente infinito. Além disso, se estivermos usando uma moeda como as que temos hoje, emitidas pelos estados a seu bel prazer, o próprio dinheiro perderia o sentido. Seria como um perpétuo estado de hiperinflação. A única solução seria usar uma moeda que tenha um limite total fixo, como o bitcoin. E para que se limite o acúmulo de riqueza infinito, a única saída seria o livre mercado, já que é a forma mais eficiente de combater oligopólios ao permitir a livre concorrência, removendo as vantagens que os grupos já estabelecidos têm sobre aqueles que estão começando no setor. Não há como se pensar em aumentar a regulamentação e o poder do estado. É algo inviável porque, se as pessoas vivem pra sempre, as posições sociais e de poder começam a se sedimentar formando uma sociedade em castas, o estado vai se agigantando até que o poder também seja infinito, os mandatos passam a durar décadas, a quantidade de partidos naturalmente vai reduzindo até que se tenha um único partido com um único líder. Ué. Peraí... (Sugestão para o produtor do vídeo: transição gradual da tela para uma foto do Xi Jingping)

E sobre questões de natalidade e superpopulação não há o que discutir. Os libertários defendem que a sua primeira propriedade é o seu corpo e, portanto, a decisão de ter ou não ter filhos é sua, nunca do estado. Num mundo ameaçado com superpopulação o próprio cancelamento social para aqueles que decidissem ter filhos já teria um forte poder de persuasão, mas ao mesmo tempo as próprias empresas poderiam se negar a fazer negócios com pessoas que optassem por esse caminho, desencorajando mais uma vez a prática. É como diz o livro 1984 de George Orwell falando a respeito dos caminhos para a transformação da sociedade: "O problema, equivale a dizer, é educacional. (...) A consciência das massas só precisa ser influenciada no aspecto negativo." Até porque imagina se o estado pega e se encarrega de tentar limitar a população em constante crescimento. De repente as pessoas iam começar a ter que esconder as crianças pra não serem pegas e talvez mortas pelo estado. Ou então infelizmente elas mesmas matassem os pequenos pra não terem que enfrentar a punição estatal. Tudo porque do nada passaram uma lei absurda dizendo que você só pode ter um filho e acabou. Uai... (Sugestão para o produtor do vídeo: mais uma chance de fazer referência ao Xi Jingping)

Todo esse exercício mental é interessante e também bem assustador, mas a questão da doação de órgãos é muito séria e ainda mais urgente. Existem alguns mitos que rondam esse assunto, como a temida retirada de órgãos sem consentimento. Algumas questões éticas como favorecimento de artistas e, também, se as pessoas com maus hábitos deveriam receber doações. E, claro, provavelmente ninguém quer ser repositório pra ditadores viverem pra sempre. Nós poderíamos dizer a solução libertária definitiva, que resolveria ou reduziria muito a maioria desses problemas, que é o livre comércio de órgãos, mas acho que talvez vocês não estejam prontos para essa conversa. Mas diremos o seguinte: Nenhum desses problemas precisa existir. Se todos doarem órgãos, teremos órgãos para todos. A caridade privada também faz parte da visão libertária de mundo, não nos esqueçamos disso.

Referências:

1. “1984” Orwell, George; tradução de Alexandre Barbosa de Souza, São Paulo: Via Leitura, 2021. (Clássicos da Literatura Universal)
2. "V-E Day: Victory in Europe", The National WWII Museum - New Orleans. Disponível em https://www.nationalww2museum.org/war/topics/v-e-day-victory-europe
3. "Full Circle: The Japanese Surrender in Tokyo Bay, September 2, 1945", The National WWII Museum - New Orleans, 02/09/2020. Disponível em https://www.nationalww2museum.org/war/articles/japanese-surrender-tokyo-bay-september-2-1945
4. "Por que a China comemora a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial?", Redação CNN, 02/09/2025. Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/por-que-a-china-comemora-a-derrota-do-japao-na-segunda-guerra-mundial/