Korwin, o Libertário Polonês...

A história de um homem que nasceu na esfera comunista da guerra fria e seguiu o libertarianismo na fase adulta.

Janusz Ryszard Korwin-Mikke é um político polonês que foi fundador do partido paleo libertário "Korwin" na Polônia e foi membro do parlamento europeu entre 2014 e 2018, com suas ideias sendo descritas como uma versão minarquista de Hans Hermman Hoppe.

Embora tenha sido muito controverso na Polônia ao expressar sem filtros o que pensava, ele foi um importante libertário na Europa Oriental após a queda dos regimes fantoches da União Soviética.

Primeiro iremos contar a sua história e depois falar sobre o que ele pensava e defendia. Então vamos seguir...

O pequeno Korwin nasceu num péssimo momento em 1942, durante a ocupação da Polônia pelos nazistas. Sua mãe morreu durante a Revolta de Varsóvia em 1944 e o jovem ficou sob os cuidados de sua avó e depois de sua madrasta.

Quando era bem pequeno, com seus 9 a 10 anos, o garoto era mais uma criança manipulada pelo regime da época para adorar o socialismo e tinha até mesmo uma foto de Mao e Stalin em seu quarto. Se hoje você já acha ruim a doutrinação nas escolas, nunca se esqueça de como era a doutrinação das crianças nos regimes comunistas, uma verdadeira lavagem cerebral!

O pequeno acabou ouvindo com sua avó uma notícia dizendo que Tito, o líder comunista da Iugoslávia, havia desvalorizado propositalmente o dinar iugoslavo, a moeda iugoslava da época, como parte de um engenhoso plano econômico.

Isso virou uma conversa com sua avó, no qual o jovem não conseguia entender porque o governo faria propositalmente algo que prejudicaria sua população que usa daquela moeda corrente em troca de beneficiar pessoas de fora que usam moedas mais valiosas. Esse foi o primeiro ponto que o fez refletir sobre o assunto e o empurrou em direção ao anti-comunismo.

Korwin cresceu e estudou na Faculdade de Matemática e Filosofia da Universidade de Varsóvia, e em 1964, foi detido pela polícia polonesa por "atividade anti comunistas". Sendo finalmente preso e expulso da Universidade durante a crise política polonesa de 1968, acusado pelo ‘grave crime’ de ter participado de protestos estudantis.

Se você já está achando isso uma palhaçada dos agentes comunistas da época, pense que, ao menos, ele estava em um regime que prendia esses estudantes, enquanto muitos eram executados um por um, sem dó.

Korwin se envolveu cada vez mais na política, escrevendo publicações clandestinas e se juntando à Frente Democrática, um partido de oposição controlada, da época, numa versão bem mais escancarada do PSDB pro PT no nosso famoso teatro das tesouras.

Ele se tornou conselheiro do Sindicato Solidariedade, mas criticava constantemente seus líderes por quererem uma economia mista de mercado planejada que só preservaria o socialismo presente no país, ao invés de o extinguir completamente em troca de uma sociedade pró-livre mercado.

Ainda em 1991, Korwin ingressou no Parlamento durante o primeiro mandato do Sejm da Terceira República da Polônia. Ele foi o responsável pela resolução de veto em 28 de maio de 1992, que exigia que o Ministro do Interior revelasse os nomes de todos os políticos que haviam colaborado com a polícia secreta comunista. A lista divulgada incluía diversos políticos proeminentes de várias facções políticas, o que resultou na queda do governo pela oposição e pelo presidente Lech Walesa.

O primeiro partido que ele fundou foi o UPR, União Política Real, sendo uma coligação entre liberais, conservadores, nacionalistas e agricultores capitalistas. Inicialmente ele teve sucesso, mas não obteve votos o suficiente para manter o partido após a imposição da lei polonesa com requisitos mais bruscos para que um partido pudesse receber verbas públicas.

Ele, então, não desistiu e adotou a estratégia de se manter ativo na mídia o tempo todo, similar ao que Milei fez na eleição Argentina, dominando a internet e rede de TV no país, que bem ou mal falavam dele a todo momento. Raramente Korwin recusava uma entrevista ou algum cargo que lhe era oferecido.

Com a ascensão da internet, muitos de seus debates se tornaram virais. Se hoje temos aqueles vídeos de algum cara de direita massacrando esquerdistas em debates, é porque esse polonês, nos primórdios da Internet, já viralizava com esse tipo de vídeo no Youtube.

Ele ganhou uma base de eleitores jovens por serem quem mais usava internet, na época, e ganhou o apelido de "O maior chauvinista da Polônia", usando sempre esse título com muito humor. Tendo sido candidato a presidente nas eleições polacas dos anos 90 até 2010, mas sempre ganhando menos de 2% dos votos.

Em 2014, se juntou ao partido "Congresso da Nova Direita" e conseguiu apoio o suficiente para se juntar ao parlamento europeu e quis gerar o maior caos possível lá dentro, pois segundo suas palavras "não se pode fazer nada de importância no Parlamento Europeu". Que irônico não é?

E em 2019 sob um último e quarto partido, o Wolność, iniciou uma coligação com outros partidos de direita para formar o "Konfederacja", Confederação em polônes. Não conseguindo voltar ao parlamento europeu, mas sendo bem sucedido no parlamento polonês junto de seu movimento.

Ele era extremamente contra a União Europeia e em um dos casos chegou a saudar a China quando os grupos de esquerda e progressistas eram fortemente anti-China. Nesse ponto nós discordamos da atitude dele, não se deve defender nenhum ditador ou ditadura só porque seu opositor não concorda com ela.

Existem pontos básicos que os dois lados podem concordar sem estar errado, mesmo que seja algo raro de se acontecer não é impossível.

Mas Janusz Korwin finalmente se aposentou em 2022, sendo substituído pelo seu sucessor Sławomir Mentzen, que mudou o nome de "Korwin" para " Nowa Nadzieja", ou Nova Esperança em português, esse que atualmente ocupa o lugar de terceiro maior partido na Polônia.

O Polonês defendia uma economia Laissez-Faire, na qual teria os impostos mais baixos possíveis e com menores poderes, semelhante a um minarquismo. Defendendo sempre a extinção do imposto social e do imposto de renda, querendo também a privatização de todas as empresas estatais, incluindo hospitais e escolas.

Ele também defendeu o porte liberado de armas, alegando que essa seria a única forma real de combater terroristas e malfeitores que quisessem matar ou roubar na sociedade. Chegou até mesmo a falar que caso cada judeu em 1930 e 40 tivesse uma arma, o holocausto não teria acontecido.

Os indivíduos, quando tiverem uma maneira, sempre irão se defender de algum mal e é justamente por isso que o estado tenta manter o monopólio da violência, pois seria a única maneira de obrigar alguém a fazer algo sem ser convencida verbalmente, já que não existem argumentos de verdade para defender o estado.

Korwin também era mais conservador nas questões culturais, mas ainda era a favor da legalização das drogas e outras liberdades sociais, pois essas eram questão do indivíduo consigo mesmo e a sociedade não deveria ter leis para proibir algo individual.

Porém, ele ainda defendia que existisse um governo, e ele deveria no mínimo ter poderes para ser capaz de governar, usando até o exemplo de que em uma guerra, o poder dos governantes se tornava absoluto por questão prática, já que não daria para ficar fazendo toda a burocracia pomposa que se tem em tempos de paz.

Muitos de seus apoiadores defendiam algo como uma monarquia semi constitucional enquanto ainda existisse um governo, tendo até uma coroa como símbolo do partido de Korwin. Além da opinião de que homens eram naturalmente superiores às mulheres, sendo uma opinião extremamente coletivista e que não considera as pessoas como indivíduos nesse aspecto.

Podemos discordar de muitos pontos que ele defendeu durante sua vida, mas sem dúvidas teve um papel importante na divulgação da direita pró liberdade da Polônia especialmente após a época de queda do comunismo no País.

Embora ele não seja um anarco capitalista ou libertário completo, muitas de suas escritas foram fundamentais na Polônia e no resto do leste europeu.

Quem sabe, se não existissem seus vídeos de debate sobre política nos primórdios da internet, o canal Visão Libertária e muitos outros.

Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Janusz_Korwin-Mikke