Governo APORTARÁ mais DINHEIRO nas ESTATAIS em crise financeira

Além de sermos extorquidos pelo estado, somos obrigados a financiar empresas deficitárias e mal administradas. Agora, o governo irá ajudar os Correios com o seu suado dinheirinho.

O governo brasileiro acaba de tirar da cartola mais um “mecanismo especial” para socorrer estatais em crise — um arranjo criado para permitir aportes, garantias, renegociação e alongamento de dívidas de empresas públicas incapazes de se sustentar sozinhas. A justificativa oficial é a de sempre, muda apenas o logotipo na apresentação: proteger empregos, garantir “serviços essenciais”, preservar patrimônio público, apoiar investimentos “estratégicos”. Na prática, cria-se apenas um canal mais polido e tecnocrático para continuar fazendo o que Brasília faz há décadas: socializar prejuízos de estatais usando dinheiro do trabalhador extorquido pelo estado.
Para entender o absurdo desse “mecanismo de suporte”, basta olhar a situação fiscal do próprio governo. A dívida bruta do governo geral já chegou à casa dos R$ 9,9 trilhões, algo entre 78% e 79% do PIB. Economistas admitem que esse percentual deve ultrapassar 80% em 2025, caso não ocorram cortes significativos de gastos. A relação dívida/PIB brasileira supera a de diversos países emergentes que já enfrentaram crises fiscais graves — e, mesmo assim, Brasília age como se tivesse um cofre inesgotável para financiar tudo: PAC, subsídios disfarçados, aumentos do funcionalismo, novas bolsas setoriais e, agora, socorro institucionalizado a estatais deficitárias. O resultado primário segue negativo, e as projeções oficiais falam em déficits bilionários, acompanhados de promessas vagas de superávit “num futuro conveniente”, desde que a economia cresça, a arrecadação dispare e a contabilidade colabore. Em resumo: o governo mal consegue equilibrar as próprias contas, mas se propõe a bancar tutoria de empresas que não param de dar prejuízo.
(Sugestão de Pausa)
É preciso repetir o que o discurso político tenta esconder: o governo não tem dinheiro próprio. Cada centavo gasto sai de um de três lugares — imposto, dívida ou inflação. Quando o Estado fala em “aportar recursos”, recompor capital, oferecer garantias soberanas ou criar linhas especiais para “reestruturar” estatais, isso não vem de um cofrinho mágico guardado no porão do Planalto. Sai do bolso de quem trabalha e produz, do investidor que exige juros mais altos para financiar o governo ou de uma inflação futura gerada pela rolagem de uma dívida crescente. Se o Tesouro despeja R$ 5 bilhões em uma estatal deficitária, esse dinheiro é retirado de áreas como saúde, educação e infraestrutura ou vira dívida, que será paga com juros reais entre os mais altos do mundo. Não existe almoço grátis, por mais que o discurso de “salvar patrimônio público” tente romantizar essa transferência compulsória.
O caso dos Correios ilustra perfeitamente como o modelo é estruturalmente falido. A estatal, que já foi um monopólio absoluto e hoje perde relevância frente a concorrentes privados muito mais eficientes, acumula repetidos prejuízos, problemas gerenciais, ineficiência logística e folha de pessoal inchada. O rombo recente foi tão grande que forçou o governo a bloquear bilhões em outras áreas para cobrir o buraco. Em vez de reconhecer o óbvio — que o modelo de estatal comercial é economicamente insustentável — e avançar para uma privatização, o governo prefere criar “mecanismos de aporte”. Na prática, isso é apenas uma forma mais organizada de seguir injetando recursos escassos em estruturas que não sobrevivem no mercado.
(Sugestão de Pausa)
Esse tipo de arranjo cria um incentivo perverso conhecido por qualquer economista: o risco moral. Se dirigentes de estatais sabem que sempre haverá socorro, capitalização ou renegociação de dívidas com aval do Tesouro, a disciplina de custos deixa de ser prioridade. A gestão passa a mirar interesses políticos, não resultados econômicos. Quem paga a conta? O contribuinte — que financia salários, benefícios, erros de gestão, licitações mal feitas, projetos inviáveis e ingerência partidária. Em empresas privadas, prejuízos recorrentes levam a cortes, venda de ativos ou falência. Em estatais, levam a coletivas anunciando “apoio excepcional”.
Há também o impacto fiscal — que não é detalhe técnico, mas questão de sobrevivência econômica. Uma dívida que cresce mais rápido que o PIB não é problema “do futuro”; é bomba-relógio que encarece crédito, puxa juros para cima e desvia poupança privada para financiar gasto público improdutivo. Quando o governo promete colocar mais dinheiro em estatais ou garantir suas dívidas, ele eleva o risco soberano. Se a estatal não pagar, a conta recai sobre o Tesouro. Isso se reflete no prêmio de risco dos títulos públicos, pressiona juros, agrava o déficit nominal e alimenta um ciclo vicioso. Cada “mecanismo de apoio” é, na prática, mais tensão sobre o fio da dívida — que já está perigosamente esticado.
Não se trata apenas de caixa — é lógica econômica. O Estado brasileiro é sistematicamente ineficiente na gestão de empresas. A lista de estatais problemáticas é longa: Correios, companhias estaduais de saneamento, empresas de trens, transportes urbanos, distribuidoras de energia, companhias docas e muitas outras. Em praticamente todos os setores onde o governo insiste em ser empresário, repete-se o padrão: ineficiência, aparelhamento político, uso como cabide de emprego, investimentos ditados por calendário eleitoral, corrupção e prejuízo crônico coberto com dinheiro público. Estatais não têm dono de verdade; não há acionista privado sentindo o prejuízo no bolso, nem risco real de falência. São geridas como extensões de ministérios, não como negócios que precisam se sustentar.
(Sugestão de Pausa)
A única solução séria, honesta e sustentável é a mesma de sempre: privatização ampla e irrestrita. Vender, fatiar, conceder, abrir capital — qualquer modelo que retire do Estado a responsabilidade direta por operações empresariais. Empresas privadas têm donos interessados em lucro e sobrevivência. Se forem mal geridas, quebram e dão lugar a concorrentes mais eficientes. O capital arrecadado com privatizações reduz dívida pública e alivia a pressão sobre juros. Privatização não é remédio para todos os males, mas é a única forma de romper o cordão que conecta o pagador de impostos às aventuras empresariais estatais.
Os defensores do novo mecanismo dirão que “não dá para privatizar tudo”, que “há estatais estratégicas” e que “é preciso preservar capacidade de investimento público”. Esse argumento ignora duas verdades: primeiro, nada é mais estratégico do que estabilidade fiscal e monetária; segundo, o histórico de investimento público no Brasil é marcado por má alocação, sobrepreço e obras inacabadas. Os mesmos governos que hoje falam em “salvar estatais” já torraram bilhões em refinarias fantasmas, estádios superfaturados e rodovias inacabadas. Dar mais instrumentos para esse modelo sobreviver é insistir no erro.
(Sugestão de Pausa)
Outro argumento recorrente é o da “manutenção de empregos”. Dizem que, sem aportes, milhares de funcionários seriam demitidos. O que não se diz é que manter empregos improdutivos com dinheiro de todos destrói empregos produtivos que poderiam surgir em setores saudáveis, caso o capital não estivesse sendo drenado para cobrir prejuízos. Emprego mantido à força em estatal falida não é política social — é subsídio para um grupo específico, pago por toda a sociedade na forma de menos crescimento, menos investimento e mais impostos.
Esse novo mecanismo para socorrer estatais é exatamente o oposto do que deveria ser feito. O governo deveria se perguntar: quais empresas podem ser vendidas para reduzir dívida? Como transformar estatais em concessões, PPPs ou operações privadas? Como usar o produto dessas vendas para amortizar títulos públicos, reduzir o risco-país e liberar espaço para o setor produtivo? Em vez disso, a pergunta é sempre: como criar mais uma estrutura para despejar dinheiro em empresas que não funcionam? Enquanto a pergunta estiver errada, a resposta será sempre mais dívida, mais rombo e mais parasitismo.
No fim das contas, esse “mecanismo” é apenas mais um capítulo velho no qual um Estado sem dinheiro tenta bancar gestor incompetente usando o bolso de quem trabalha. Não vai funcionar, porque contraria a aritmética e a economia. A única forma séria de resolver o problema das estatais é tirar o Estado do negócio, privatizar sem medo de manchete e usar cada centavo obtido para frear a escalada da dívida. Qualquer alternativa é só uma forma sofisticada de empurrar uma conta que, cedo ou tarde, será cobrada com juros e correção — sempre do mesmo pagador de sempre. Ainda não é o expurgo completo das entidades governamentais nem o fim desse parasita gigante chamado Estado, mas é o caminho mais próximo disso.


Referências:

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-12/estatais-federais-em-dificuldade-poderao-pedir-aportes-da-uniao
https://pt.tradingeconomics.com/brazil/government-debt
https://pt.tradingeconomics.com/brazil/government-debt-to-gdp
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/fazenda-projeta-divida-publica-em-803-do-pib-em-2025/
https://www.enfoque.com.br/noticias/28-11-2025/bc-divida-bruta-do-governo-geral-soma-r-99-tri-em-outubrohttps://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/bc-divida-do-setor-publico-volta-a-subir-e-chega-a-786-do-pib-em-outubro/
https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2025/et_06-2025
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/deficit-primario-em-2025-deve-ser-de-r-r-75088-bi-diz-prisma-fiscal/
https://www.gov.br/fazenda/pt-br/assuntos/noticias/2025/setembro/governo-central-registra-deficit-primario-de-r-15-564-bilhoes-em-agosto-revelam-dados-do-tesouro
https://www.gazetadopovo.com.br/economia/rombo-nos-correios-obriga-governo-a-bloquear-gastos/