Etiqueta Verde, Preço Vermelho: A Fantasia Ecológica da Comissão Europeia

A partir de 20 de junho de 2025, quem quiser vender celulares na Europa terá que colar etiquetas coloridas nos aparelhos com dados que ninguém pediu — tudo exigido por burocratas que ninguém elegeu.

Imagine o seguinte cenário: você vai comprar um smartphone e, ao invés de se deparar com informações sobre o processador, câmera e sistema operacional, encontra um labirinto burocrático de adesivos que informam coisas como a classe de eficiência energética. Pois é, esse é exatamente o futuro distópico que a União Europeia está preparando para o mês de junho deste ano, quando entrará em vigor um pacote de regulamentações absurdas disfarçadas de proteção ao consumidor.

A canetada da vez é a criação de um sistema de classificação para smartphones e tablets que supostamente aumentará a vida útil dos aparelhos de médio porte de 3 para pouco mais de quatro anos — como se os burocratas de Bruxelas tivessem uma bola de cristal para saber exatamente quanto tempo seu celular durará. E, como sempre, tudo isso vem embrulhado num pacote verde-limão chamado “design ecológico”, porque não há nada que a tecnocracia europeia goste mais do que usar a bandeira do ambientalismo para justificar sua compulsão regulatória.

O Instituto de Diversificação e Economia de Energia (IDAE) já colocou os fabricantes contra a parede, avisando: a partir de 20 de junho, ou seguem as novas regras ou estão fora do mercado europeu. E que regras são essas? Uma verdadeira enciclopédia de absurdos: adesivos coloridos, iguais aos que vemos em geladeiras e máquinas de lavar, informando em uma escala de A a G quais são as estimativas energéticas absurdamente específicas da duração da bateria. Um completo absurdo, haja visto que a sua bateria pode durar algumas horas ou alguns dias, a depender de como e quanto você usa o seu celular.

Além disso, as fabricantes terão que revelar algo que até agora era tratado como segredo de estado: o quão difícil é consertar o aparelho. Isso mesmo. A União Europeia quer obrigar as empresas a admitir, por escrito, que projetaram seus produtos para serem praticamente impossíveis de reparar — algo que, sejamos francos, todo mundo já sabia. Mas, em vez de deixar o próprio mercado lidar com isso, permitindo que consumidores migrem naturalmente para marcas mais responsáveis, a solução europeia é criar mais uma camada de burocracia. E como se não bastasse, os europeus terão que digerir dados como número de ciclos da bateria, grau de proteção contra poeira e água, e — a cereja do bolo — o número do regulamento: “2023/1669”. Aposto que agora todo mundo irá optar por um iPhone ou um Samsung baseado no fato dele ter o Regulamento 2023/1669!

**PAUSA**

Sejamos honestos: essa regulamentação não tem nada a ver com proteção ao consumidor. É somente mais uma desculpa para o estado expandir seus tentáculos e micro gerenciar setores que funcionam muito melhor sem interferência. Aliás, se a própria União Europeia aplicasse um rótulo de “eficiência” às suas próprias regulamentações, não seria surpresa se a maioria caísse direto na temida categoria “G”. O mais absurdo é acreditar que todas essas informações são “essenciais para o consumidor”. Contudo, para a tristeza do Kremlin europeu, não, não são. O que realmente importa é a liberdade de escolher o aparelho que melhor atende às suas necessidades, sem um batalhão de tecnocratas decidindo o que deve ou não saber. O mercado já resolve isso de forma bem mais eficiente: empresas que vendem um produto ruim ou que não especificam corretamente os dados que seus clientes gostariam perdem a fatia do mercado para aqueles que fazem o serviço bem feito. Simples assim.

Mas a União Europeia segue firme na sua cruzada para tornar tudo mais caro, mais burocrático e menos eficiente. O impacto direto será sentido pelos fabricantes, mas o reflexo — como sempre — chegará até o consumidor. Inclusive o brasileiro. Afinal, se a sua marca preferida tiver que reajustar toda a cadeia de produção para atender às regras da UE, adivinha quem vai pagar a conta? E o mais assustador é que isso é só o começo. Hoje são os smartphones e tablets. Amanhã, quem sabe, seus fones de ouvido e, talvez, seu relógio inteligente. Ou até suas roupas, com etiquetas indicando quantas lavagens elas aguentam antes de desbotarem. O potencial criativo da burocracia é infinito. Como diz o velho ditado: não existe nada pior no mundo do que um idiota proativo, e meus amigos, como os burocratas adoram fazer coisas que não são solicitadas por ninguém.

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Mais preocupante ainda é o modelo por trás disso tudo: uma estrutura supranacional que centraliza decisões em Bruxelas, sem prestar contas aos cidadãos dos 27 países da união, muito menos ao restante do mundo que, direta ou indiretamente, acaba sendo afetado. O cidadão comum, seja em Berlim ou em Belo Horizonte, acaba arcando com as consequências de decisões tomadas por tecnocratas que nunca criaram ou venderam um único produto na vida.

Segundo o site GSMArena — um site focado em reviews de celular — há uma grande chance de essas etiquetas e regulamentações acabarem aparecendo também nas embalagens de smartphones vendidos fora da Europa. Ou seja, a praga regulatória pode se espalhar globalmente, e nós sabemos que a frase de Cícero que diz, “tudo o que aqui se planta, se colhe”, é verdade aqui no Brasil, principalmente, em se tratando de ideias estapafúrdias como essas, importadas por progressistas. Enquanto isso, nações com mercados mais abertos continuarão a inovar, manterão preços mais acessíveis e oferecerão liberdade real de escolha ao consumidor. Porque no fim das contas, como já dizia a sabedoria popular, o estado raramente é a solução, e quase sempre, é o problema.

Aliás, é curioso notar a precisão milimétrica da proposta da UE: aumentar a vida útil de 3 para exatamente 4,1 anos. A vírgula diz muito sobre o grau de desconexão da realidade de quem criou esse número. Como se fosse possível definir por decreto quanto tempo um celular durará, ignorando o uso que cada pessoa faz dele.

**PAUSA**

Se os burocratas realmente quisessem melhorar a vida útil dos celulares antigos, diminuindo assim o lixo eletrônico causado por eles, bastava retirar qualquer impedimento para as pessoas poderem abrir suas próprias lojas de conserto de celular, além de zerarem qualquer tipo de imposto para esse tipo de serviço seja por ganho de capital seja por diminuição dos tributos em seu insumo.

Entretanto, sabemos que isso nunca ocorreria, haja visto que retirar o poder do estado para que as pessoas consigam viver suas vidas é algo impensável. Já imaginou se as pessoas percebessem que menos estado geraria mais poder para as pessoas e mais dinheiro nas mãos de cada indivíduo? Os burocratas perderiam seu emprego, e quem iria trazer o caos e a discórdia para as pessoas? Negativo! Ninguém pode saber disso para não ferir o direito do povo de se ferrar com as ideias absurdas de colocar post-it em todos os celulares europeus.

Enfim, só resta para nossos amigos conquistadores fazer piada para não chorar. E para nós, brasileiros, esperar que os asseclas do governo não vejam isso como sendo uma ideia interessante para ser implantada aqui, pois com toda a certeza eles iriam se digladiar para ver quem teria as especificações mais imbecis retiradas de seu anel de couro para dar como ideia. O estado sempre irá encontrar jeitos mirabolantes de tornar nossa vida mais difícil. Cabe a nós, todos os dias, encontrarmos jeitos de evitar essa miríade de ideias absurdas para que consigamos viver uma vida minimamente aceitável.

Referências:

https://www.noticiasaominuto.com/tech/2774079/venda-de-telemoveis-sujeita-a-novas-regras-na-ue-a-partir-de-junho
https://www.gsmarena.com/smartphones_and_tablets_to_get_a_new_label_in_june_indicating_battery_life_and_efficiency-news-67455.php