E se sua sobrevivência se tornasse ilegal?

E se sua sobrevivência se tornasse ilegal apenas porque os políticos não ganhassem mais dinheiro devido ao lobby de grandes corporações? É isso que acontece com quem tem doenças raras.

O que é o estado? O estado é como um leão faminto que quer devorar todos os animais que puder, sempre insaciável e perigoso. Mas se fizer isso de uma vez, todos os animais se revoltariam contra ele e sua vida seria muito mais difícil. Mas, se ele conseguisse de alguma forma devorar a todos, tão logo não sobraria mais nada a ser devorado. Por isso que o leviatã estatal, o leão voraz, quer pegar um de cada vez, já que "de grão em grão, até mesmo a galinha enche o papo”, como dizem por aí. Esse é o pano de fundo do filme que falaremos neste vídeo.

O estado só se importa com quem lhe serve de comida, ou seja, do que ele pode pegar em imposto sem grandes problemas. Ele é covarde, não gosta de resistência ou de indivíduos desobedientes. Então, se você põe grande resistência ou não oferece muito dinheiro para ele, geralmente você é marginalizado e, em alguns casos, preso. E esse é o caso do filme “Clube de Compras Dallas”, que revela o que todos nós já sabemos, só que, desta vez, sobre os medicamentos para quem estava entre a vida e a morte.


Nessa história, foi levado até o limite um cidadão que só queria ter saúde e ela foi negada pelo governo norte-americano. É por isso que o protagonista, baseado numa história real, precisou fazer algo que apenas numa sociedade livre seria feito com sucesso. Porém, por causa do governo americano, ele precisou mudar totalmente sua vida, cometer ilicitudes apenas para poder comercializar remédios com pessoas em outros países.


Ele não é um herói, apesar de ser tratado assim por alguns de sua comunidade, mas sim, ele é um exemplo do poder do indivíduo que busca a liberdade. Cabe lembrar que essa obra é de 2013, ou seja, era outro contexto político, mas algumas mudanças foram feitas para manter a imagem do protagonista e do governo em relação à história real. Por isso que a obra ganhou de diversos prêmios, como três estatuetas do Oscar, quando ainda respeitavam essa premiação. Ela também teve uma bilheteria mundial de mais de 55 milhões de dólares, que, corrigida para os dias atuais, devido à inflação do papel lastreado em honestidade de político, seriam mais de 75 milhões de doletas.


Sim, mais de R$ 370 milhões de reais em um filme em que o vilão é o governo. Realmente, seria ótimo se mais filmes assim fossem lançados, mas só se contarmos com a mídia descentralizada, já que Hollywood anda mal das pernas e não é de hoje. Com o Matthew McConaughey e o Jared Leto, atores renomados assumindo a manta dos principais personagens no filme, o sucesso era o resultado mais provável.


Retomando sobre o filme em si, a premissa é uma situação desafiadora, Ron Woodroof foi diagnosticado com o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e, posteriormente, desenvolve a síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Como já não bastasse a doença, sua cura era impossível clinicamente, mas existiam remédios, coquetéis que trariam algum conforto na dor.


Em uma época que ter essa doença era um sinônimo de ostracismo social, sofrimento e morte, o Ron não desistiu, ele procurou como pôde algo para se apoiar, uma esperança. Isso foi numa das épocas mais alarmantes das ISTs (Infecção Sexualmente Transmissível), mas o eletricista não quis aceitar o prognóstico terminal e procurou os tratamentos alternativos do outro lado da fronteira. O México, que é muito menosprezado por parte de alguns norte-americanos, foi a solução para o homem que foi marginalizado e excluído.


Além disso, ele fez uma ponte, uma ligação interpessoal por livre vontade, isso porque, no México, ele encontrou a solução e iria contrabandear para ajudar outras pessoas. Na época, ele agiu de maneira egoísta ao fornecer medicamentos para aqueles a quem o estado não permitiria fazê-lo legalmente, embora estivesse cumprindo o que deveria ser feito do ponto de vista moral. Ou seja, se dependesse do governo estatal, centenas de cidadãos seriam deixados à beira de falecer, no entanto, veio o indivíduo para mudar o cenário.


Apenas para dar uma noção do quão, no fundo do poço, o eletricista foi abandonado: o ator principal precisou perder 22 quilos apenas para mostrar o resultado da proibição estatal na vítima real da AIDS dos anos 80. De fato, foi uma ótima atuação dramatúrgica e com até um terço a menos da massa corporal faltante, o ator representou bem a fatia de nós que o estado retira diariamente. Realmente, é uma das melhores atuações da carreira de Matthew.


O filme aclamado pelos críticos teve outros movimentos-chave na publicidade da obra com as comunidades mostradas. Por exemplo, o Jared Leto também perdeu 18 quilos para o seu papel, logo, não era uma questão de uma pessoa só sofrendo, eram vários. Que me perdoem o termo “Soça”, mas o estado tornou invisível a pessoa humana. Ou, em outras palavras, seguindo o PNA libertário, o estado privou um cidadão não-agressor de consumir algo pelo uso da própria vontade e que poderia salvar a vida de vários conhecidos e desconhecidos dele.


Esse filme nos apresenta um texano que mudou a vida de várias vítimas do HIV, resumindo os dramas da história real em menos de duas horas de duração, e com uma boa direção visual. Foi somente com o falecimento de várias pessoas pelos sintomas, ou outros problemas relacionados na época que obrigou o governo, com senado e a presidência, a liberalizar tardiamente o comércio do medicamento contrabandeado pelo protagonista.


Claro, não poderia ser diferente. Preocupados com os votos na eleição seguinte e com o poder monopolístico que têm, os políticos vieram regularizando o mercado e conseguindo seu querido imposto. Sim, no fim das contas, precisaram ver o dinheiro crescendo no mercado ilícito para quererem a parte deles. Já oficialmente, foi com a desculpa de estarem preocupados com a saúde do cidadão, apenas liberaram o antiviral AZT em caráter experimental, ou seja, não era de livre compra ou de fácil acesso. Woodroof precisou travar uma batalha contra a FDA, que é o órgão governamental dos Estados Unidos para a questão de remédios, alimentos e coisas similares. O ponto é que só quando podem pegar uma parte do dinheiro é que os políticos aparecem.


Mas falando sobre os processos judiciais, eram motivados pela importação e revenda ilegal desses medicamentos pelo protagonista do filme. É a velha disputa de Davi versus Golias, a disputa de legalismo contra o fato de que os humanos deveriam ser livres para tomarem medicamentos ainda em estágio experimental. Apesar dos riscos, as pessoas devem ter o direito de corrê-los, ainda mais se é a última esperança delas.


O protagonista, ao descumprir a lei, não fazia isso para ricaços que só queriam torrar dinheiro. Pelo contrário, ele fazia para pessoas que estavam na situação em que ele já esteve, após ver o governo local lhes deixar à deriva. E como o estado e sua classe de bandidos não gostam quando a sua parcela da grana não é paga, o processo correu para punir exemplarmente o protagonista Ron. Outro filme no mesmo estilo, para mostrar outra história que exemplifica, é “Filadélfia”, de 1993. Mas um aviso para quem for assistir é que esteja com o estômago preparado, já que ambos são bastante crus ao mostrar a realidade como ela é.

Graças a muitas pessoas como o Ron, a evolução da ultra regularizada indústria farmacêutica e dos tratamentos - ao ponto de chegar à criação dos coquetéis a pacientes soropositivos, ou de outras enfermidades e patologias - acabaram sendo efetuadas. E, como dito, isso deve-se aos esforços do indivíduo, que enfrentou com determinação o estado.

Ele decidiu explorar as burocracias e exibir a hipocrisia das regras que eram contrárias à vontade das pessoas. Isso é verdade, já que muitos soropositivos nem tinham mais esperança de viver, e o remédio era uma última forma de se apegar à vida, enquanto o estado lhes negava outros tratamentos. Eles eram tratados apenas como números descartáveis e feios que não deveriam ser mostrados, por isso, o filme passa uma mensagem tão forte.

Claro, o protagonista não era um homem perfeito, tinha suas características narcisistas, mas ele conseguiu seguir caminhos menos piores do que deixar seus conhecidos morrerem pela regulação estatal. Óbvio que não estamos fazendo apologia aos delitos que ele cometeu, mas apenas destacamos aqui a força de vontade do indivíduo perante a pressão estatal, de seus procedimentos e imposições.

Ao olhar mais atento, deve ser notório que este vídeo tenta ser um pouco mais atemporal e sem spoilers ultra relevantes em comparação ao outro vídeo existente no canal sobre o filme. O vídeo já lançado intitulado “Clube de Compras Dallas é uma defesa à liberdade de escolha” está na descrição, para quem quiser saber mais da trama.

Com esta produção cinematográfica, almejamos transmitir a ideia de que os cidadãos comuns, por meio de suas experiências autênticas de superação e resistência às adversidades impostas pelo governo, conseguem nos impactar profundamente. Eles não apenas personificam suas próprias batalhas, mas também refletem nossa realidade cotidiana de enfrentar as investidas autoritárias dos líderes governamentais em diversas manifestações.

Apesar das palavras inspiradoras proferidas na trama, muitas vezes, passam despercebidas pelo espectador comum desses filmes, especialmente à primeira impressão. Isso acontece porque a obra, que apresenta indivíduos à margem do controle governamental, destaca os objetivos que devemos buscar para resistir às investidas agressivas que podem nos afetar. O que torna essa produção tão marcante é a identificação com os personagens, que, com suas falhas e sucessos, refletem aspectos de cada um de nós.

Portanto, é preciso que perseveremos, não podemos nunca esquecer do mínimo ético libertário, já que ele também significa nossa eterna busca pela independência, pela dignidade, sobriedade e acesso à livre informação. Precisamos estar preparados para o novo ano que sempre vem e é quando realmente vemos a força de Davi em relação ao tão falado Golias.

Referências:

https://www.adorocinema.com/filmes/filme-137097/

Visão Libertária - Clube de Compras Dallas é uma defesa à liberdade de escolha:
https://www.youtube.com/watch?v=VqYB_5zdFIQ