O caso da Suíça é uma prova cabal de que uma cultura armamentista pode salvar o povo tanto de invasões estrangeiras, quanto de terroristas e assassinos em massa.
Como sabemos, a Suíça é um pequeno país no centro da Europa, habitado por quase 9 milhões de pessoas. É um local bastante seguro e próspero, e as taxas de homicídios lá são ínfimas em relação a países como o nosso Brasil, e até os Estados Unidos. A Suíça chegou a ser considerada o 10º país mais seguro do mundo, segundo o Índice de Paz Global de 2020, feito pelo Instituto de Economia e paz (IEP). Lá há muito tempo existe uma cultura armamentista, responsável pela enorme quantidade de armas nas mãos de civis ‒ alguns dados apontam que existem mais de 2 milhões de armas em posses de proprietários particulares, o que é bastante, para a população de 8,7 milhões de pessoas. Isso nos faz ter certeza que em cada lar suíço há ao menos uma arma.
A Suíça, num longínquo passado, foi dominada pelo Império Austríaco dos Habsburgos; mas, em 1291, alguns cantões suíços fizeram uma aliança, a Carta de Aliança, para lutarem por independência. Assim, ao longo do próximo século, a milícia suíça teria êxito em libertar a maior parte do seu território das forças austríacas. Naquela época, as armas mais modernas a que aos indivíduos comuns tinham acesso eram espadas e flechas. Porém, para o voluntarismo de seus soldados, motivação de suas tropas e a vitória sobre os invasores esse armamento foi essencial. Por estarem cercados por vários países, e devido ao histórico de defesa e resistência contra invasores, os suíços passaram a adotar políticas de armamento obrigatório. E, indo contra uma Europa cada vez dominada pela ideologia Woke e social-democracia, na Suíça há uma cultura de caçadas e tiro ao alvo, que são esportes nacionais.
Teria sido em 1648 que a Suíça conquistou sua independência formal. Assim, pelos próximos séculos que viriam, grandes impérios surgiram e caíram na Europa, chegando a ocupar vários países pequenos. Exemplos foram o império Francês, sob Napoleão, que ocupou boa parte da Europa, a constante ameaça dos Habsburgos, e o posterior Império Austro-Húngaro, que sempre representou uma ameaça.
Foi com essa postura de neutralidade e resistência armada que a Suíça se manteve durante os períodos mais violentos da história da Europa moderna. E durante a primeira e a segunda guerra mundial não foi diferente. O governo suíço foi bem-sucedido em evitar se envolver numa guerra contra Hitler, preservando sua tradicional liberdade, mesmo fazendo fronteiras com países extremamente belicistas, como a Itália e a Alemanha. Digamos que a política adotada pelos suíços foi de uma neutralidade armada, ou seja: não agredimos ninguém, mas estamos prontos para nos defender da ameaça de qualquer exército invasor. Sobre isso, sugerimos o livro de Stephen P. Halbrook, “A Neutralidade Armada Suíça na Segunda Guerra Mundial“ (título original: Target Switzerland – Swiss Armed Neutrality in World War II).
Foi no auge da Segunda Guerra Mundial que Hitler teria afirmado que “todo o entulho representado pelas pequenas nações que ainda existem na Europa deve ser liquidado o mais rápido possível”. Para o ditador, se não houvesse rendição de países como a Suíça, ele então seria reconhecido como o “Açougueiro da Suíça”. Entretanto, os alemães naquele momento tinham conhecimento de que todos os suíços estavam fortemente armados. Além dos desafios do território cercado pelos Alpes, uma eventual invasão representaria grandes baixas alemãs. Da mesma forma que um assaltante pensa duas vezes quando sabe que suas vítimas em potencial estão armadas, ditadores e governos também hesitam antes de invadir outro país. Eles sempre tomam por base cálculos e estudos dos custos em termos de homens e recursos. E o caso da Suíça nos prova isto.
A verdade é que, mesmo sabendo disso tudo, os generais alemães elaboraram planos de invasão ao pequeno território suíço. No entanto, a força do exército suíço, de 850.000 mil homens, deixou os alemães um tanto preocupados. No final das contas, eles perceberam que não valeria a pena pagar um preço tão alto para anexar um país tão pequeno. Desde o ano de 1933, quando Hitler alcançou o poder, em seus planos havia o objetivo de se criar uma Grande Alemanha. Fazia parte deste plano a anexação da Áustria e da Tchecoslováquia, enquanto que a Suíça acabou ficando de fora. Em vez de torrar suas finanças com políticas de assistencialismo, o governo do pequeno país priorizou o preparo militar para repelir um possível ataque alemão. Quando Hitler planejava a invasão da França, o território da Suíça era considerado uma ótima rota de invasão para o sul do território francês; porém, as rotas do norte, através do território da Bélgica, acabaram sendo as escolhidas. Além das armas nas mãos da maioria dos homens, o forte espírito de resistência suíço foi algo que tornou o pequeno país um grande problema para os alemães.
Mesmo após a conquista da França, os planos contra a Suíça continuaram a ser estudados pelos generais alemães. A intensão dos alemães e italianos era a seguinte estratégia: as forças nazistas iriam ocupar áreas da Suíça que falam o alemão e o francês; já as forças de Mussolini ocupariam a área que falava o italiano. Mas seria necessário o uso de grandes exércitos para conquistar esse pequeno território. Além disso, o ditador alemão logo teve que usar suas forças militares para a Batalha da Grã-Bretanha, o que exigiu muito das forças alemãs. Mesmo depois de esta batalha ter falhado e trazido grandes baixas ao exército alemão, Hitler e seus aliados iriam lançar a famosa Operação Barbarossa, o grande plano de invadir a União Soviética, em 1941.
A decisão dos suíços de se manterem neutros e não se ajoelharem ao Terceiro Reich enfureceu Hitler. Ele iria caracterizar o pequeno país como: “a entidade nacional mais desprezível da Europa, formada por pessoas ignóbeis”. Os suíços eram os inimigos mortais da nova Alemanha.
Já o ditador fascista italiano diria que a Suíça era “um anacronismo”. Mais tarde, com a invasão das forças aliadas na Europa por volta de 1944, a parte sul da Itália começou a ser libertada; assim, o governo alemão decidiu ocupar a região norte da Itália, preocupando o governo suíço.
A intenção das lideranças nazistas era a de enviar soldados e armas através dos Alpes, mas os suíços se mantiveram hostis à presença militar alemã e se recusaram a cooperar. No entanto, o governo da Suíça iria fornecer abrigo e proteção para os refugiados italianos que fugiam do regime fascista de Mussolini.
A verdade é que os alemães sabiam que grande parte das forças militares da Suíça estavam concentradas nos Alpes, em locais estratégicos. O território não permitia o uso dos poderosos Panzers alemães e da força aérea, a Luftwaffe, devido às montanhas íngremes que dificultariam a operação dessas forças. O único jeito seria um ataque por terra, e seria necessária uma grande infantaria do exército nazista. A Wehrmacht seria logo submetida a uma zona de fogo cerrado, disparado pelas artilharias suíças, localizadas na montanha. Não valia a pena. Qualquer sucesso alemão seria às custas de muito sangue derramado. Dessa forma, os suíços conseguiriam evitar com sucesso a ocupação nazista.
É inegável que manter um país desarmado é suicídio. Se os suíços tivessem uma mentalidade desarmamentista, eles já teriam sido ocupados pelos alemães, seja na primeira ou na segunda guerra mundial. Hoje em dia, todo homem suíço, ao fazer 20 anos de idade, precisa participar de um treinamento militar e, ao concluí-lo, recebe um Fuzil de Assalto 90, que pode ser mantido em casa. Além disso, muitas mulheres e até jovens adolescentes participam de práticas de tiro esportivo, algo muito bem visto no país. Não é difícil ver suíços usando armas nas ruas das cidades, ou em hotéis, e até em transportes públicos. Isso com certeza os protege de ataques terroristas ou de atiradores malucos que resolvem matar pessoas aleatoriamente, como acontece em escolas americanas e brasileiras ou em eventos públicos.
No entanto, nos últimos anos surgiram novas mudanças no país, algumas, inclusive, impactadas por leis da União Europeia, que supostamente visam a evitar atos terroristas. Em 2004, foi aplicado um projeto de modernização das forças armadas na Suíça, chamado Reforma do Exército XXI. Este projeto teve como consequência uma diminuição no número de efetivos do exército e de armamentos. Nesse mesmo ano, cerca de 43% dos soldados levaram suas armas para casa após o serviço militar, o que representa um número de 20 mil fuzis e 20 mil pistolas. No entanto, desde 2010 as pessoas que desejam deter posse de armas precisam participar com certa frequência de exercícios de tiro, uma exigência que para alguns tornou essa opção menos desejada. Mesmo assim, a cultura armamentista e a paixão dos suíços pelas armas de fogo continuam vivas. O espírito libertário presente no pequeno país, numa Europa cada vez mais socialista, inspira aqueles que amam a liberdade.
Os cantões do país, que são os estados, ainda continuam emitindo milhares de licenças de porte de arma anualmente. Elas são requisito obrigatório a todos que querem comprar pistolas, revolveres e armas semi-automáticas. Algumas fontes revelam que o número de armas de fogo mantidas por proprietários particulares gira em torno de 2,5 a 3 milhões. É um número bastante expressivo para um país com baixa população. Isso faz a Suíça ocupar o terceiro lugar no ranking mundial dentre os países com maior número de armas por habitantes, abaixo dos Estados Unidos e do Iêmen.
A ONG Small Arms Surgey, com base em estudo de 2017, identificou que o número de armas nas mãos de particulares estaria em 2,3 milhões. O número nos revela que, de cada 3 ou 4 cidadãos suíços, 1 estaria armado. Após os atentados terroristas em Paris, em novembro de 2015, a União Europeia decidiu pela proibição de alguns modelos de armas semi-automáticas. Dentre esses modelos está uma categoria de fuzis de assalto usados pelo exército suíço. Porém, o governo da Suíça conseguiu algumas concessões por parte da União Europeia. A nova exigência é que o fuzil não seja classificado na categoria de armas proibidas, desde que seu proprietário o mantenha em casa após o fim do serviço militar. Já aqueles que fazem parte de clubes de tiro precisam comprovar que são ativos nessas associações e que participam com frequência dos exercícios de tiro. Essas exigências da União Europeia geraram uma série de revoltas por parte dos clubes de tiro, que fizeram protestos e decidiram apelar para um referendo. Assim, após conseguirem 125 mil assinaturas de eleitores, entregaram à Chancelaria Federal, e o referendo foi oficializado.
Em maio de 2019, os Suíços votaram a favor de uma legislação mais rigorosa sobre a posse de armas. A Suíça não integra formalmente o bloco europeu, mas um resultado que fosse contra as novas diretrizes da União Europeia implicaria na exclusão do país do Espaço de Schengen, que é o sistema europeu de fronteiras abertas. Isso poderia acarretar perdas bilionárias em relação ao turismo e ao comércio. Ainda assim, atiradores esportivos e aqueles que mantiveram seus rifles do serviço militar podem continuar a usar as armas semi-automáticas.
A história da Suíça e seus dados sobre crimes e homicídios só nos mostram o fracasso das políticas desarmamentistas. Quando o governo proíbe a posse e o comércio de armas por lei, isso afeta apenas pessoas comuns que tendem a seguir as leis. Afinal, criminosos adquirem armas no mercado negro, através do tráfico de armas. Seria muito fácil impedir que criminosos adquirissem armas legalmente ao avaliar suas fichas criminais. Além disso, seria igualmente fácil rastrear suas armas compradas legalmente e saber quem comprou tal arma. Da mesma forma que Hitler e Mussolini odiavam o povo suíço por serem armados e independentes, todo ditador odeia qualquer tipo de cultura armamentista, por esta dar ao povo o poder de proteger suas vidas.
Enfim, é muito mais fácil para um Nicolás Maduro oprimir os venezuelanos se estes estiverem totalmente desarmados, assim como em qualquer outra tirania comunista, seja em Cuba, na Coreia do Norte ou na China. O governo sempre tem medo de seu povo, e a receita de todo déspota é impor o desarmamento, exatamente como Vladimir Lênin fez ao implementar sua ditadura Bolchevique na Rússia.
As guerras pela independência americana e suíça foram feitas por cidadãos armados. Uma eventual guerra de resistência contra uma ditatura comunista, aqui no Brasil, exigiria que estivéssemos armados – é a única forma de proteger nossas liberdades.
Portanto, já deu para perceber por que a política de todo governo de esquerda é contra o armamento individual, afinal, um cidadão armado jamais será escravizado!
Why the Swiss Love Their Guns (more than Americans):
https://youtu.be/wnBDK-QNZkM
https://www.swissinfo.ch/por/sociedade/a-criminalidade-em-um-dos-pa%C3%ADses-mais-seguros-do-mundo/46266080
https://mises.org.br/artigos/823/como-o-porte-irrestrito-de-armas-garantiu-a-liberdade-dos-suicos
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2019/05/19/referendo-decide-endurecimento-de-leis-sobre-armas-na-suica.htm