Os carros elétricos, ao contrário do que nos diz a propaganda estatal, não são acessíveis, ecologicamente corretos ou mesmo sustentáveis.
Os carros elétricos se tornaram a mais nova modinha, especialmente para quem pode gastar uma boa grana com um brinquedinho desses. Os veículos elétricos são silenciosos, modernos, e deixam seu proprietário com um ar mais “cool”, sendo que alguns modelos são realmente muito bonitos! Além das vantagens de desempenho, muita gente adquire esse tipo de automóvel para posar de “defensor do meio ambiente”.
De fato, carros elétricos possuem motores mais eficientes que os clássicos modelos à combustão. E a diferença não é pequena: estamos falando de uma eficiência de 90%, contra os míseros 20% observados nos carros convencionais. Isso se deve ao fato de que motores a combustão perdem a maioria da energia gerada na forma de calor, coisa que acontece em muito menor escala em motores elétricos: Pois é, o risco de fundir o motor em um veículo elétrico é quase inexistente.
Contudo, a verdade é que esses carros do momento não são nada acessíveis, especialmente em se tratando do Brasil. Os modelos híbridos possuem um preço bastante salgado; mas são os carros 100% elétricos que realmente pesam nesse sentido: seu custo médio, aqui no Brasil, é de mais de 400 mil reais. A título de comparação: esse valor é o dobro do preço médio dos carros movidos a combustão. Além disso, a manutenção e o reparo dos veículos elétricos são muito mais caros que os dos modelos convencionais. Os badalados carros da Tesla, por exemplo, tem um custo de reparo médio de 8 mil reais a mais do que um carro movido a gasolina ou diesel, após uma batida. Ou seja, não é nada barato comprar e manter um carro que não seja movido a combustão.
Contudo, os verdadeiros problemas, para os consumidores, vão para além do bolso, ou, dada a magnitude dos valores, da conta bancária. Em primeiro lugar, existe o contratempo do reabastecimento, ou melhor, da recarga da bateria desses veículos. Hoje, no Brasil, existem pouco mais de 8 mil eletropostos, nome dos locais usados para recarga dos veículos elétricos. A maioria deles, como era de esperar, se concentra em São Paulo. Em comparação, temos mais de 42 mil postos de gasolina espalhados pelo país. A existência de poucos eletropostos é explicada pelo baixo número de veículos elétricos transitando pelo Brasil. Hoje, são menos de 300 mil carros eletrificados circulando pelas estradas brasileiras, sendo que os carros 100% elétricos são menos de 70 mil. Para esses poucos veículos, que dependem totalmente da eletricidade para rodar, o risco de ficar parado no meio da estrada é real.
Só que o abastecimento não é o único problema, em se tratando da capacidade energética. A verdade é que a recarga das baterias dos carros elétricos é muito demorada. É fácil encher o tanque de um veículo convencional em poucos minutos. Porém, precisaria de pelo menos meia hora de recarga para conseguir um mínimo de autonomia em um veículo elétrico. Para ter a bateria completamente carregada, precisaria deixar o seu carro ligado à rede elétrica por umas boas horas. Imagina o transtorno que isso causaria na sua agenda corrida! Porém, os problemas relacionados aos carros elétricos vão além da questão pessoal, do usuário. A verdade é que a demanda energética das recargas desses veículos é muito grande. Se em uma cidade, como São Paulo, todos os carros fossem elétricos, e os seus donos resolvessem carregá-los no início da noite, a cidade sofreria um apagão. A coisa é simples de entender: não há energia suficiente, hoje, para suprir essa demanda e, ao mesmo tempo, atender ao restante das atividades na metrópole.
E é aí que começam os problemas ambientais: os carros elétricos estão longe de serem “verdes” ou sustentáveis. Em qualquer parte do mundo, a chegada dos carros elétricos representa um consumo extra de energia elétrica, que, na maior parte dos casos, depende da queima de combustíveis fósseis para ser gerada. Mesmo o Brasil, conhecido por ter uma matriz energética limpa, enfrenta esse problema. Hoje, a demanda energética brasileira não é suprida por completo por fontes renováveis, cerca de 14% da energia elétrica ofertada no país provém da queima de combustíveis fósseis. Os automóveis elétricos, portanto, tendem a agravar a dependência brasileira das termelétricas. E se isso é verdade num país com tanta disponibilidade de energia limpa, imagina em todos os outros lugares, onde os combustíveis fósseis são a opção mais utilizada? Estima-se que, em 2050, os carros elétricos responderão por 9% de todos os gastos energéticos do planeta. Faça as contas e veja o quanto isso representará, em matéria de aumento na queima de combustíveis fósseis, no Brasil e, especialmente, no exterior. Pois é, carros elétricos, no fim das contas, são carros movidos a carvão.
Pode, sim, haver a ilusão de que esses automóveis são menos poluentes, porque as cidades, de fato, sofrem menos com a poluição causada pela fumaça dos escapamentos, além de ficarem menos barulhentas, é claro. Só que o montante da poluição gerada por esses carros continua sendo o mesmo, ou, talvez, seja até agravado. A diferença é que essa poluição não ficará concentrada no local que os carros circulam, mas onde a energia usada pelos automóveis é gerada. Isso parece justo para você?
Mas os problemas ambientais não param por aí. As baterias dos carros elétricos, trambolhos que podem chegar a 300kg, são feitas de lítio, mineral que já é chamado de “ouro branco” ou “o novo petróleo”, dada sua demanda. Acontece que a exploração do lítio não é nada sustentável. Nos melhores casos, sua mineração demanda quantidades absurdas de água para ser realizada, representando um grande consumo desse recurso escasso. Já nos piores cenários de exploração, vemos grande degradação ambiental, poluição do ar e perda da biodiversidade. A verdade é que, ao contrário do que se diz, a mineração do lítio para confecção das cobiçadas baterias elétricas não é nada “ecofriendly”.
As baterias dos carros elétricos, por sua vez, também têm vida útil, como qualquer outro tipo de bateria. No caso, sua vida útil é estimada em algo entre 10 e 15 anos, o que significa que ainda não estamos convivendo com a regularidade desse problema. Porém, estima-se que, até 2030, o Brasil terá 43 mil toneladas de lixo formado por baterias de carros elétricos, um rejeito altamente tóxico e perigoso para o meio ambiente e para os seres humanos. Agora, já pensou na possibilidade de um carro que não é movido à combustão ser inteiramente consumido por combustão? Pois é, carros elétricos começaram a apresentar esse risco, o de pegar fogo. Só que esse caso tem um agravante: ao contrário dos modelos por combustão, não é fácil conter o incêndio dos carros elétricos. Não basta jogar água. Geralmente, eles queimam até não sobrar mais nada do veículo. Maravilha de segurança para o usuário, não é mesmo?
A propaganda ecológica, difundida globalmente e apoiada por políticos de diversos países, pinta os carros elétricos como sendo a solução verde para o futuro do transporte humano, mas as coisas não são bem assim. Existem muitos fatores envolvidos nessa história, além dos que já foram citados até aqui. A verdade é que não é possível planejar nenhum setor da economia de forma centralizada, ainda que com boas intenções. Sempre que isso é feito, os resultados tendem a ser catastróficos. Pense, por exemplo, que toda a propaganda mainstream destinada à substituição dos carros movidos a gasolina e diesel por veículos elétricos leva a uma oferta desses carros que parece ser exagerada. Hoje, milhares de veículos elétricos chineses se acumulam em portos europeus, por simplesmente não haver demanda para este produto. Agora, pare para pensar: se esses carros não tiverem utilidade prática para a humanidade, sua fabricação não seria um brutal desperdício de recursos escassos, uma agressão ao meio ambiente? Isso é algo que planejador central nenhum consegue prever.
Ainda assim, governos atrás de governos fazem um verdadeiro proselitismo em favor da adoção de carros elétricos, como uma solução fácil e desejável para o problema da emissão de gases poluentes. É isso que a União Europeia, por exemplo, tem feito, determinando que, a partir de 2035, nenhum carro movido a combustão poderá ser comercializado no bloco econômico. Como temos visto, contudo, esse tipo de medida não apenas não melhora as condições ambientais, como representa um grande transtorno para os donos de automóveis.
A verdade é que as leis econômicas do mercado são implacáveis, e nem mesmo discursos ambientalistas piegas e emocionados conseguem mudar esse cenário. Do ponto de vista econômico, não tem mistério: os carros elétricos são mais caros porque demandam mais recursos para serem produzidos. Sendo mais caros, tendem a ser menos procurados pelos consumidores, especialmente em países pobres, como o Brasil. Certo ou errado, ecologicamente correto ou não, é assim que as coisas funcionam, na economia. Os desafios do transporte humano, assim como os problemas ambientais, só podem ser resolvidos pelo mercado, na livre iniciativa humana, e não pelo estado, mais voltado para o atendimento de vontades políticas, do que para a solução desses problemas. Empurrar carros elétricos goela abaixo da população não vai salvar o planeta Terra, podendo até mesmo piorá-lo. Nem vai tornar os carros mais acessíveis para os indivíduos. Se um dia esses veículos se tornarem o padrão, o modelo dominante, isso se dará pela escolha das pessoas, e não pela vontade dos políticos. No fim das contas, há problemas que simplesmente não possuem solução. Para todos os outros, a resposta certa não está no estado.
https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/novos-motores-eletricos-sao-menos-complicados-e-mais-eficientes
https://istoedinheiro.com.br/carro-eletrico-0km-fica-mais-caro-no-brasil-e-preco-medio-vai-a-r-466-mil/
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/producao-de-energia-por-termeletricas-cresce-77-em-2021-aponta-estudo/
https://simpleenergy.com.br/qual-e-o-impacto-da-mobilidade-eletrica-na-demanda-de-energia/
https://aida-americas.org/es/blog/litio-o-que-e-de-onde-vem-e-quais-consequencias-de-sua-extracao
https://www.uol.com.br/carros/colunas/paula-gama/2024/01/26/por-que-onda-de-incendio-em-carros-eletricos-preocupa-e-nem-agua-apaga-fogo.htm