Até que ponto chega o prejuízo da inflação?

Já diria Milton Friedman: “A inflação é uma tributação sem legislação”.

É impossível encontrar uma nação que tenha passado por um período de inflação galopante e que tenha saído melhor do que entrou. É bem provável que aqueles com mais conhecimento de história e economia digam que existem certos países que inflacionaram suas moedas devido à guerra, e depois a venceram. Entretanto, posterior a este período, as consequências negativas do depauperamento da base monetária vieram. Não há como escapar as consequências dos atos tomados pelos asseclas no poder.

Os efeitos da inflação normalmente são sutis e de longuíssimo prazo, atingindo a população aos poucos, silenciosamente. Até que em um determinado momento algo acontece e a sociedade é consumida por uma avassaladora crise social. Os países europeus, latino-americanos, o Brasil, e até mesmo os Estados Unidos estão testemunhando em tempo real, o desastre inflacionário. Uma pesquisa mostrou que 49% dos brasileiros tem uma visão pessimista do futuro do país. Bem, não faltam motivos para isso, afinal, com a duplinha Lula e Haddad tomando conta do Brasil, é difícil encontrar alguém que ache que este país vai dar certo. Mas, essa visão negativa do futuro, não é apenas aqui. Cerca de 60% dos americanos também acreditam que o futuro não é promissor. A maioria deles acredita que a vida é pior hoje do que era no passado.

Essa visão pessimista do futuro encaixa perfeitamente com as pressões inflacionárias ou deflacionárias que estão acontecendo na sociedade. A inflação, é devastadora para todos os cidadãos, pois nada mais é que um imposto oculto que destrói a qualidade de vida de toda uma nação. Como dito anteriormente: A inflação é uma tributação sem legislação. E o pior, a cura para esta doença, pode ser amarga e difícil de aceitar. Os bancos centrais precisam aumentar as taxas de juros e mantê-las altas por mais tempo que as pessoas podem aguentar, para secar a liquidez presente na economia. Isso, por sua vez, causa uma deflação. Entretanto, a economia não é homogênea. No momento de retirada de liquidez, existe uma tendência dos preços dos produtos no mercado se manterem elevados, enquanto os salários ficam estagnados. Isso diminui o poder de compra do consumidor, que limita seus gastos, diminuindo o faturamento das empresas, aumentando a quantidade de pedidos de falência devido aos empréstimos estarem absurdamente altos por conta da taxa de juros elevada.

Uma sociedade consegue aguentar esse choque de liquidez, se e somente se, ela não estiver sobrecarregada de dívidas. O Brasil tem mais de 6 trilhões em dívida nacional. E o brasileiro não é diferente, 69% das famílias terminaram 2022 em dívidas, sendo que quase 3 em cada 4 foram obrigadas a adaptar padrões de compra para conseguir pagar as despesas. Os danos causados pela estagflação e as ações que o governo tomará para tentar combatê-la irão, com toda a certeza, piorar ainda mais esta situação.

Então, o que podemos esperar para os próximos meses ou anos?

Existe uma grande probabilidade de termos uma explosão de greves trabalhistas. Elas normalmente acontecem em momentos inflacionários. Como dito acima, as empresas endividadas tendem a fechar, acabando com postos de trabalho. O aumento do desemprego dá as empresas mais influência na hora da contratação. Durante a crise na república de Weimar, na Alemanha, as greves aconteciam a todo momento. Boa parte dessas revoltas acontecem por motivos legítimos, outras, como sabemos, são provocadas por comunistas e sindicatos (desculpe a redundância). Inclusive, durante a crise do petróleo, final da década de 1970, o Reino Unido e os Estados Unidos ficaram afundados em uma estagflação. Aliás, este período nas terras do Tio Sam, é conhecido como “década das greves”. O problema é que as paralisações, normalmente, fazem o preço dos salários aumentar, o que por sua vez aumenta o custo dos produtos e consequentemente o preço no mercado.

Falando em salários, aqui no Brasil estão estagnados a mais de dez anos. Segundo o IBGE, a média de ganho mensal cresceu apenas 1,3% na última década, apesar da inflação oficial ter batido os 81% no mesmo período. Lembrando: isso é a inflação oficial. Se usarmos a inflação verdadeira, que é o aumento da base monetária, a coisa fica absurda.

Mas se acredita que paralisações de funcionários é uma boa para aumentar seus salários, pense bem. Apesar de uma paralisação de uma grande fábrica, ou até mesmo de grandes redes como McDonalds, Subway ou Burger King não afetar o seu cotidiano, isso pode desgastar o setor empresarial do local com o passar do tempo. E se houver uma quantidade suficiente de greves, elas fecharão as portas para reduzirem suas perdas, e isso pode ser um desastre para o mercado de trabalho local. Podemos ver isso muito bem em dois lugares: o ABC Paulista e Detroit nos Estados Unidos. Essas duas áreas tinham uma quantidade enorme de indústria automotiva nas décadas de 1970 e 1980. Contudo, devido as greves e os sindicatos, várias empresas saíram de lá e foram para outros lugares, como a China. Hoje, o ABC ainda mantém algumas indústrias de grande porte, mas nada como a época informada. Já Detroit, fica bem no meio do que os americanos chamam de Cinto Enferrujado, devido ao sumiço das grandes indústrias que ficavam no local.

Além das greves, o aumento do crime, que já está acontecendo este ano, e as mentiras contadas pelo governo tendem a aumentar também. Nos últimos meses vimos a desinformação sendo utilizada constantemente pelos funcionários públicos de alto escalão no poder. “As empresas que pagam o imposto de importação, não o comprador”. “Vamos reverter as reformas da previdência pois o INSS não está quebrado”. “A economia argentina está em uma situação privilegiada”, e tantas outras coisas. Além disso, a mídia tradicional não tece comentários sobre essas mentiras contadas, e muito menos mostra o problema da criminalidade atual. Por exemplo, furtos de caminhões subiu 22,5% em 2023 no mesmo período comparado ao ano passado. No Rio de Janeiro, houve uma alta de 55% no número de extorsões e homicídios dolosos em 2023. Portanto, quando ouvir uma jornalista dizendo que os índices de criminalidade estão caindo, saiba que é uma mentira.

Mas o que a taxa de criminalidade tem a ver com inflação? Simples. Quando não há emprego, os preços das coisas estão altos e a impunidade aumenta, os incentivos para entrar para o crime ficam maiores. Além disso, o aumento da criminalidade faz com que o crime se torne mais um dentre tantos outros que não irão ser investigados. Assim, nesse cenário, a polícia fica ocupada demais com tantos casos, mais do que a quantidade atual, que não dão conta de solucionar todos os casos.

Isso por sua vez, aumenta a quantidade arrastões. Atualmente, temos casos isolados e bem específicos de lugares que são conhecidos por isso, como as praias do Rio de Janeiro e centro de São Paulo. À medida que a inflação aumenta, a tendência é que os arrastões fiquem mais espalhados, indo para ambientes comerciais mais longes e para áreas residenciais. O mais interessante disso tudo, é que se um homem roubar um mercado é considerado um criminoso, mas se um grupo fizer isso, a esquerda já sai falando que são pessoas vulneráveis que estão apenas tentando se alimentar. A armação política disso fomenta ainda mais a ação e a desinformação. Os saqueadores não estão fazendo isso porque os preços estão altos e precisam dos recursos roubados, mas porque a inflação dá a desculpa necessária para que cometam o crime, e a política também os encoraja a isso.

A falta de emprego e a criminalidade também aumentam as migrações populacionais. A depender das ações estatais, alguns lugares são mais afetados que outros. Nos piores, os governos irão aumentar os impostos, objetivando compensar a queda nas receitas do estado, porém, em muitos casos, isso pode piorar a queda, como estamos vendo no atual governo do Nove Dedos. Os serviços públicos ficarão precários, inclusive a polícia, devido a redução do repasse para esse setor. Conforme as pessoas percebem-se vivendo em um local que está definhando, tentam sair de lá e vão para outro lugar, seja para outra cidade, estado, ou até mesmo, país. Vimos isso acontecer durante a crise sanitária que levou várias pessoas a voltarem para o interior, deixando a capital. O problema é que no momento da inflação, o custo de deslocamento pode ser massacrante para as famílias, podendo ser impossível fazer a mudança. Mas, até que isso aconteça, as pessoas vão fluir de um lado para outro como água, em busca de um lugar menos pior para se viver.

E essa migração pode causar também divisões sociais e políticas, culminando na ruptura nacional. Esse processo é chamado de Balcanização, nome dado devido a região dos Balcãs, quando uma nação é fragmentada em várias regiões mutuamente hostis ou, ao menos, não cooperativas. Isso acontece porque várias pessoas com culturas diferentes se aglutinaram em uma mesma região. Devido à crise econômica gerar um ambiente hostil, pessoas com visões de mundo diferentes podem se tornar inimigas, causando assim conflitos que podem culminar em guerras civis. Pode parecer loucura isso, mas quando percebemos que o país está polarizado politicamente e a economia em frangalhos, há um ambiente propício para conflitos. Adicione isso a um grupo que quer a destruição da cultura ocidental, e um outro que irá defendê-la a todo custo, e pronto. Todos os elementos estão presentes para o pior acontecer.

A inflação cria o verdadeiro caos na vida das pessoas, mas isso também pode trazer uma certa clareza na cabeça das pessoas. O que é importante, fica premente na cabeça dos indivíduos. A decadência e o mal não conseguem se esconder. As pessoas conseguem observar o que é ou não supérfluo em suas vidas. Portanto, prepare-se para as tempestades que se aproximam no horizonte. Certifique-se de ter reservas de valor não rastreáveis, que não podem ser inflacionadas, e totalmente anônimas, como o Bitcoin. Além disso, procure estocar água e comida para não precisar sair de casa toda semana para fazer compras. Faça amizades com seus vizinhos e melhore a sua segurança. O estado tentará se manter no poder, sugando o que puder da sociedade, mesmo que isso signifique deixá-la moribunda e à revelia para os bandidos. Contudo, já estamos vários passos à frente da maioria das pessoas, sabendo de tudo isso. Basta, agora, colocarmos o conhecimento em prática.

Referências:

https://veja.abril.com.br/coluna/radar/brasileiros-pessimistas-com-rumo-do-pais-superam-otimistas-diz-quaest

https://www.pewresearch.org/short-reads/2023/04/24/americans-take-a-dim-view-of-the-nations-future-look-more-positively-at-the-past/

https://exame.com/brasil/divida-publica-federal-cai-302-e-fecha-setembro-em-r-6075-trilhoes/

https://www.kantar.com/brazil/inspiration/consumo/2023-wp-endividamento-dos-brasileiros

https://usafacts.org/articles/how-many-labor-strikes-every-year/

https://www.brasildefato.com.br/2023/02/28/renda-do-trabalhador-cai-em-2022-e-segue-estagnada-desde-2012

https://en.wikipedia.org/wiki/Rust_Belt

https://mercadoeconsumo.com.br/05/07/2023/logistica/roubos-e-furtos-de-caminhoes-crescem-225-no-brasil-em-2023/

https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/rj-numero-de-extorsoes-e-homicidios-dolosos-crescem-nos-primeiros-9-meses-de-2023/