As MOEDAS METÁLICAS estão SUMINDO DA ECONOMIA, e a CULPA disso é do ESTADO, que CAUSA INFLAÇÃO

Pergunta séria: qual foi a última vez em que você se abaixou para pegar uma moeda de 5 centavos caída no chão?

Quem foi criança no Brasil dos anos 1990, e até mesmo no início dos anos 2000, certamente se lembra de que as moedas faziam a alegria da molecada. Os mais nostálgicos vão se recordar dos centavos prateados, que ainda circulam por aí, embora em menor quantidade. Afinal, foi apenas a partir de 1998 que as moedas “coloridas”, de qualidade artística duvidosa, começaram a ser produzidas pela Casa da Moeda do Brasil. De qualquer forma, o fato é que, com algumas poucas moedinhas, era possível ir a qualquer venda de esquina e sair de lá com os bolsos cheios de balas, chicletes e suspiros.
Esses tempos, obviamente, já passaram. Na atualidade, as moedas metálicas se tornaram um mero estorvo para quem as carrega na carteira - gerando um volume desnecessário e travando portas giratórias. Mais do que isso: sua escassez no mercado tem infernizado a vida de comerciantes, que ainda precisam dar troco fracionado para os clientes “old school” que, por conveniência, necessidade ou mesmo desconfiança, ainda não adotaram soluções como cartão de crédito e o mui brasileiro PIX.
Segundo dados do Banco Central, circulam, em terras tupiniquins, algo em torno de 31 bilhões de unidades de moedinhas de centavos e real. Em valores nominais, estamos falando de um total de R$ 8,4 bilhões - cerca de 2,4% do total de moeda física que circula atualmente no Brasil, que representa um montante de R$ 350 bilhões. Essa baixa representatividade no percentual geral era de se esperar, uma vez que o valor de face das moedas é muito menor que, por exemplo, o das cédulas de R$ 100 e R$ 200. Mas o problema vai muito além desse baixo percentual.
A verdade é que - ainda de acordo com dados oficiais, - 35% das moedas já cunhadas não circulam mais pela economia. São moedinhas esquecidas em um canto, ou guardadas em cofrinhos - sabe-se lá por quais motivos. Por óbvio, a diminuição na circulação das moedas prejudica o comércio, por causa do já citado troco. Mas será que, no fim das contas, o grande culpado nessa história é o usuário, o brasileiro que fica entesourando suas moedinhas de poucos centavos?
Certamente, você já sabe que a resposta para essa pergunta é um retumbante NÃO. A culpa não é do povo, e sim do estado - esse ente maligno que faz com que as moedinhas não valham mais nada, no Brasil de 2025. Antigamente, as moedas circulavam muito pelo comércio, porque era possível comprar muita coisa com poucos centavos. Você se lembra de que havia, no passado, uma moeda de 1 centavo? Pois é: ela fazia sentido, naquela época. Hoje, o mais provável mesmo é que você nem se esforce para pegar uma moeda de 10 centavos caída no chão.
Pense, por exemplo, que você podia comprar 1 pão de sal (ou pão francês, como preferir) por 10 centavos, lá no início dos anos 2000. Ou seja: você podia matar sua fome da tarde com apenas 2 moedinhas de 5 centavos. Hoje, você precisaria de algo entre 14 e 16 moedinhas - talvez até mais, a depender de onde você mora - para comprar o mesmo pão. Dessa forma, o uso de moedas com valor de face tão baixo se torna praticamente inviável. O melhor é usar moedas com valor maior, ou mesmo comprar uns 2 ou 3 pães, para justificar o uso de cédulas. Afinal de contas, as nostálgicas notas de R$ 1 também não circulam mais por aí…
Toda essa história parece pouco relevante, mas a verdade é que a escassez de moedas metálicas na economia nos aponta um sério problema envolvendo o dinheiro estatal. A cunhagem de moedas é um marco na história humana - sendo, inclusive, de grande serventia, do ponto de vista do estudo de historiadores. Aliás, a cunhagem e, inevitavelmente, a manipulação do teor metálico das moedas pelos governantes serve até mesmo para nos ensinar importantes lições monetárias e econômicas, testadas e provadas no tempo.
Contudo, a depreciação contínua e generalizada do valor das moedas metálicas é um fenômeno que, embora seja relativamente recente, se mostrou um sintoma de um problema que se agravaria ainda mais com a chegada do dinheiro eletrônico. No passado, o governante se orgulhava de imprimir seu próprio rosto à moeda corrente, porque isso demonstrava seu poder e seu valor de comando. Hoje, a desvalorizada moeda metálica brasileira estampa não os governantes atuais, mas sim cadáveres, como Cabral, D. Pedro I e Tiradentes. Isso é simples de entender: ninguém tem coragem de botar a própria cara em algo que não vale absolutamente nada.
Aliás, você pode, de certa forma, encontrar ainda a cara de um soberano em uma moeda estatal. É o caso da moeda apropriadamente chamada de “Soberano” - uma variação em ouro da libra esterlina que, embora dedicada majoritariamente ao colecionismo, ainda tem curso legal na Inglaterra. Cunhada com cerca de 92% de ouro e estampando a cara do rei ou rainha da Inglaterra quando de sua cunhagem, o Soberano, infelizmente, não está disponível como reserva de valor para todos os súditos de Sua Majestade. Para esses, assim como para os brasileiros, resta mesmo a moeda desvalorizada emitida pelo estado - seja ela metálica, em formato de cédulas ou, pior ainda, eletrônica.
Porém, se a libra esterlina - talvez, a moeda estatal mais forte do mundo - contava com relevantes percentuais de prata em sua composição até meados do século passado, a moeda brasileira não contou com essa mesma sorte. Embora moedas de ouro e prata ainda fossem cunhadas durante o período imperial, o uso de metais preciosos foi suspenso logo no início da República. Nessa época, as moedas passaram a ser cunhadas com uma liga chamada de “cuproníquel” - uma mistura de cobre e níquel, quase sem valor real. Na verdade, não seria absurdo dizer que, por não valer bosta nenhuma, essas moedas passaram a ser compostas de “coproníquel”.
O estabelecimento do real - moeda responsável por extinguir o problema da hiperinflação no Brasil - não foi suficiente para estancar a sangria do valor das moedinhas. Com pouco mais de 30 anos de existência, o real já perdeu cerca de 90% de seu valor original - e isso apenas de acordo com os números ditos “oficiais”; a realidade é ainda pior. Nós, inclusive, já falamos sobre esse tema aqui no canal, no vídeo: “Trinta anos de desvalorização do PLANO REAL: O que esperar do futuro do dinheiro estatal?” - link na descrição.
O dinheiro brasileiro, portanto, tem seguido o padrão que era de se esperar, em se tratando de um produto estatal. A moeda, originalmente ligada ao metal que ela continha, se depreciou de tal forma que, hoje, você certamente desprezaria as 4 gramas de uma moeda de 5 centavos - coisa que você não faria, se ela fosse feita de prata ou ouro. Na medida em que os preços nominais foram subindo, as moedinhas perderam seu sentido, dando lugar às cédulas - cujo lastro rapidamente se mostrou inexistente. Por ser muito mais barato imprimir papel colorido do que cunhar discos metálicos, a expansão da base monetária atingiu patamares nunca antes vistos.
Mais recentemente, os estados criaram o dinheiro eletrônico - números em computadores que possuem lastro em honestidade de político, e são ainda mais manipuláveis. Coisas como o PIX e, futuramente, o DREX, possuem o único objetivo de aumentar a espoliação estatal, unificando, sob o domínio eletrônico do estado, o patrimônio dos cidadãos. Com esse tipo de controle, a desvalorização cambial e o confisco pleno do dinheiro do povo são questão de uns poucos comandos em um computador central.
Ao analisar a questão por esse prisma, fica fácil entender porque, no fim das contas, a moeda metálica é uma grande inimiga do estado. Moedas podem ser escondidas em cofres e outros objetos, podem ser enterradas ou até mesmo engolidas. Ou seja: é relativamente fácil preservá-las do roubo estatal. Como as moedas são feitas de metal, sua durabilidade é considerável. Para evitar esse movimento, portanto, o estado primeiro tornou as moedas em si sem valor real, para que não valha a pena tanto esforço assim para guardá-las. E, por fim, o estado ainda acabou com o valor nominal das moedas, fazendo delas nada mais do que um estorvo a ser evitado.
Dessa forma, imaginar um cenário em que múltiplas moedas concorram entre si - e, inclusive, contra o papelzinho colorido estatal - é algo realmente inspirador. Contudo, isso pode sequer ser viável, uma vez que o estado pode conseguir, com razoável facilidade, identificar os produtores de moedas metálicas “alternativas”. Então, talvez o futuro da liberdade econômica dos brasileiros não esteja no metal em si - mas, sim, justamente, na informação.
E não estamos falando, aqui, do PIX, muito menos do DREX - que nada mais são do que esquemas para empurrar as pessoas cada vez mais para a escravidão monetária. Estamos falando do Bitcoin - não como investimento especulativo, mas como reserva de valor, unidade de conta e meio de troca. Tudo o que uma moeda de verdade precisa ser - com a vantagem de ser imune às vontades dos políticos!
Na medida em que o valor do real se deprecia cada vez mais - e esse é um movimento inevitável, - mais clara se torna a realidade de que o dinheiro não deve estar nas mãos dos políticos. Hoje, as moedinhas metálicas são desprezadas, por não representar valor nenhum. Em breve, isso vai acontecer com as cédulas menores e, enfim, com todo o dinheiro físico, dando espaço à diabólica e centralizada moeda eletrônica estatal. Por outro lado, os seus satoshis - esses nunca vão ser desprezados como mero troco de bala. A tendência é que eles se tornem cada vez mais valorizados, por representarem não apenas valor monetário e estabilidade financeira - mas porque o Bitcoin é, na prática, uma proteção contra o próprio estado.


Referências:

https://www.bcb.gov.br/cedulasemoedas/dinheirocirculacao

https://www.bcb.gov.br/content/acessoinformacao/museudocs/pub/Cartilha_Dinheiro_no_Brasil.pdf

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/06/30/apos-30-anos-nota-de-r-100-compra-r-1328.htm

Trinta anos de desvalorização do PLANO REAL: O que esperar do futuro do dinheiro estatal?
https://www.youtube.com/watch?v=j5w4mTjhjLg