A queda do Muro de Berlim representa o fim de uma era e a certeza da opressão estatal

A história do Muro de Berlim nos lembra, de forma constante, de como o estado é capaz de realizar as maiores crueldades contra a vida e a liberdade dos indivíduos.

Há exatos 34 anos, o maior símbolo do comunismo na Europa, o Muro de Berlim, foi finalmente derrubado. Esse acontecimento foi um marco na história da Alemanha, da Europa, e também do mundo, como um todo. A derrubada do vil muro que separava berlinenses em dois lados foi um dos eventos das chamadas “Revoluções de 1989”, que varreram o comunismo da Europa e que terminariam por derrubar a própria URSS, dois anos depois.
O Muro de Berlim, porém, ainda é um símbolo de como o estado é capaz de cometer as maiores crueldades contra o ser humano.

Muros em cidades existem desde a Antiguidade. Porém, esse tipo de fortificação sempre foi desenvolvida para proteger os moradores dos inimigos externos. Ainda hoje, muros são erguidos em fronteiras, para impedir que imigrantes ilegais adentrem o território soberano de um país. Porém, no caso do Muro de Berlim, construído pelo governo comunista alemão, a mando dos soviéticos, o objetivo era outro. O muro foi construído para evitar que os cidadãos do lado oriental (comunista) fugissem para o Ocidente capitalista.

Em resumo: após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em duas partes - uma onde havia liberdade de mercado, e a outra sendo comunista. O mesmo aconteceu com a capital Berlim: embora a cidade ficasse dentro do território alemão comunista, ela foi dividida ao meio, com a parte Ocidental se transformando num oásis de liberdade em meio a um inferno comunista. Por conta dessa situação, desde o fim do conflito, alemães do lado comunista arriscavam suas vidas para atravessar para o outro lado. Antes da construção do famigerado muro, cerca de 3,5 milhões de alemães, dos territórios comunistas, atravessaram a fronteira para o lado ocidental.

Para resolver aquilo que classificavam como um problema, as autoridades alemãs orientais realizaram a construção dos 155 km que separaram a cidade em duas partes. Os mais de 4 metros de altura do muro, somados com suas cercas de arame farpado, pistas para cães de guarda e torres com soldados armados e com ordens para matar, tornaram a tarefa de fugir do comunismo quase impossível para os berlinenses. Os comunistas usaram toda a sua engenhosidade e maldade para trancafiar seu próprio povo em seu território.

Depois que o Muro de Berlim foi erguido, a travessia se tornou mais difícil - mas muitos continuaram arriscando a sorte. Após a construção do muro, apenas 3 mil alemães conseguiram chegar ao outro lado. Outros 270 morreram tentando. Esse tema foi abordado em mais detalhes, aqui no canal, no vídeo “A queda do muro de Berlim, o infame muro de contenção antifascista” - link na descrição. Nesse vídeo, você também acompanhará histórias mirabolantes de fuga protagonizadas por alemães desesperados. Também recomendamos o filme “Ventos da Liberdade”, que conta a história de duas famílias alemãs que tentam fugir para o lado ocidental. Disponível no Cine Torrent mais próximo da sua cidade.

A construção do Muro de Berlim foi tão bizarra quanto seu motivo de existir. A estrutura inteira foi erguida em um único dia - ou melhor, em uma única madrugada, a do dia 13 de agosto de 1961. Porém, seriam necessários 28 anos para que o muro fosse derrubado. No dia 9 de novembro de 1989, o governo da Alemanha Oriental extinguiu a proibição que impedia seus cidadãos de atravessar para o outro lado. Era o fim do Muro de Berlim, que ainda levaria algumas semanas para ser completamente destruído.

Podemos olhar para o passado, para a história do infame muro, para tirar dele boas lições. Porém, como a história sempre se repete, podemos olhar também para o presente, e ver os mesmos padrões se repetindo. Ainda hoje, existem povos oprimidos por governos comunistas e que impedem seus cidadãos de abandonarem suas fronteiras. Pense, por exemplo, em países como a Coreia do Norte, ou Cuba - em ambos os casos, os cidadãos ainda arriscam suas vidas para fugir para o pedaço de terra capitalista mais próximo.

Veja, portanto, que o problema do comunismo é realmente gritante. Onde quer que essa nefasta ideologia seja implantada como forma de governo, veremos populações deixando seus lares para buscar um pouco mais de liberdade. Na sequência, muros, cercas e outras estruturas serão criadas para controlar o povo, impedindo que as pessoas deixem esse país. Estados comunistas se transformam, basicamente, em prisões de segurança máxima, nas quais cidadãos inocentes são privados de suas liberdades individuais.

De forma geral, a história do Muro de Berlim acaba funcionando como um verdadeiro experimento social. O que aconteceria se nós dividíssemos uma mesma cidade e um mesmo povo ao meio, e entregássemos uma parte para os comunistas e deixássemos a outra parte desfrutar de liberdade de mercado? Bem, a mágica aconteceria diante de nossos olhos, assim como aconteceu na prática. A Berlim Ocidental era consideravelmente mais desenvolvida que a Berlim Oriental, quando da queda do Muro. O mesmo se podia dizer do restante da Alemanha.

Mesmo poucos anos são suficientes para que o estrago causado por um sistema comunista de planejamento central fique evidente. Quem mais sofre nessa história, por óbvio, é o povo inocente. Tratado como gado por governos autocráticos, o povo perde até mesmo as liberdades mais básicas - como a de sair do território comandado por seu governo. Em países comunistas, a população não tem direitos: ela é um ativo, uma propriedade do próprio estado.

Contudo, muito já foi dito a respeito desse tema. Como libertários, portanto, podemos e devemos ir muito além, e usar o caso do Muro de Berlim para ilustrar o problema da tirania estatal como um todo. Isso porque, no fim das contas, existe um único grande motivo para a existência do Muro: as fronteiras. Como sempre falamos, aqui no canal, as fronteiras nada mais são do que linhas imaginárias, que estabelecem as áreas de jurisdição das máfias estatais. Em outras palavras: as fronteiras delimitam o espaço geográfico em que um estado pode impor suas leis coercitivas a todos os habitantes daquele lugar.

A partilha da Alemanha no pós-guerra é um ótimo exemplo disso. É certo que o país foi o grande culpado pelo conflito, e era necessário que algum tipo de intervenção fosse feita, para evitar problemas semelhantes no futuro. Porém, sabe-se que a própria URSS cometeu crimes terríveis durante a guerra, se apropriou de territórios soberanos e não foi penalizada por conta disso - justamente por ficar do lado vencedor do conflito. O que se seguiu a isso foi, basicamente, a abertura de um mapa sobre uma mesa, acompanhado do traçado de linhas imaginárias sobre o papel. O resultado dessas medidas foi a separação de um povo, de famílias, de amigos, por décadas seguidas.

Em Berlim, onde a coisa se tornou mais evidente, famílias inteiras foram divididas ao meio, da noite para o dia. Em muitos casos, os parentes ficaram incomunicáveis por vários anos. Mas, afinal de contas, por que o estado tem esse direito? Por que políticos têm o poder de decidir quem pode e quem não pode ir de um lugar até o outro? Por que governos dispõem de poder para determinar quais famílias estarão submetidas a um regime, e quais estarão sob outra jurisdição? E, principalmente: por que as fronteiras são mais importantes do que a propriedade privada dos indivíduos?

A resposta para o caso berlinense, e também alemão, está justamente no conceito da propriedade privada. Os únicos muros aceitáveis são os da propriedade de um indivíduo - que existem não para impedir a saída dos que ali estão, mas sim para protegê-los dos perigos externos. O que se viu em Berlim, por quase 3 décadas, foi um exemplo claro e inequívoco do que o estado é capaz de fazer. Homens armados, cães ferozes e cercas elétricas foram posicionados para que seres humanos fossem impedidos de ir de uma parte a outra da cidade. Tudo isso, porque essa era a vontade dos políticos.

É certo que, nesse caso, a culpa maior era dos comunistas - justamente porque, nos territórios governados por essa gente, a liberdade era praticamente uma ficção. Porém, a verdade é que o exemplo do Muro de Berlim representa, muito bem, a realidade mundial das linhas imaginárias concebidas pelo estado. Porque, de uma forma ou de outra, todos os governos são comunistas - ainda que em menor grau. E, dentro das fronteiras, essas linhas imaginárias, como acontece em qualquer pedaço de terra comunista, as leis da propriedade privada são constantemente violadas.

Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Muro_de_Berlim

https://www.youtube.com/watch?v=LIq36q274S0