Nos jogos Pan-Americanos da juventude no Paraguai, a fuga dos quatro atletas cubanos provaram para o mundo que a liberdade vale mais do que conquistar medalhas de grandes torneios esportivos. Ninguém aguenta viver na ilha prisão dominada pelo comunismo.
Quatro atletas cubanos — três remadores e um jogador de handebol — tomaram uma decisão que transcende qualquer medalha, pódio ou recorde: abandonaram a delegação oficial de Cuba durante os Jogos Pan-Americanos da Juventude de 2025, em Assunção, Paraguai. Não foi uma fuga qualquer. Foi um ato de libertação de um regime comunista e escravista. Um grito silencioso contra um sistema que, há décadas, transforma talentos em propriedade estatal, sonhos em ferramentas de propaganda e cidadãos em peças de um tabuleiro autoritário.
Os Jogos Pan-Americanos Juvenis de 2025 estão sendo realizados entre os dias 9 e 23 de agosto, reunindo mais de 4 mil atletas de 41 países. O evento esportivo abrange 28 esportes e 42 modalidades. Nesta ocasião, na manhã de 14 de agosto, os jovens Félix Puente Batista, Robert Landy Fernández, Keiler Avila Núñez e Suannet de la Caridad Nápoles comunicaram ao chefe da delegação que não retornariam ao hotel. A Polícia Nacional do Paraguai emitiu um alerta preventivo, como protocolo padrão, para verificar se havia algum risco à segurança desses jovens. No entanto, o ministro do Interior do país, Enrique Riera, confirmou que se trata de um caso presumido de deserção, sem nenhuma ameaça aos paraguaios.
Segundo as autoridades paraguaias, os atletas ainda não formalizaram o pedido de asilo, mas há expectativa de que o façam junto à Comissão Nacional de Apátridas e Refugiados (Conare) nas próximas horas. O presidente do Comitê Olímpico Paraguaio, Camilo Pérez, esclareceu que não se trata de desaparecimento, mas de uma retirada voluntária da delegação.
(Sugestão de Pausa)
Algumas pessoas, principalmente as mais jovens, podem se impressionar com esta notícia. Porém, a fuga de cubanos em eventos esportivos não é novidade. Em 2023, por exemplo, após o encerramento dos Jogos Pan-Americanos em Santiago, no Chile, seis jogadoras de hóquei e um corredor foram a um escritório de advocacia para regularizar o pedido de asilo. Segundo dados oficiais do governo de Cuba, ainda em 2023, cerca de 190 esportistas desertaram para outros países durante competições internacionais. Em 2022, o boxeador Andy Cruz, campeão olímpico nos Jogos de Tóquio em 2020, desertou. Segundo ele, sua intenção de permanência fora de Cuba visava aprimoramento profissional. Por outro lado, a Federação Cubana de Boxe alegou que o atleta deixou o país de forma ilegal. No mesmo ano, outra atleta que se libertou da tirania cubana foi Yaime Pérez, medalhista olímpica de bronze no lançamento de disco em 2020 e campeã mundial em 2019. Ela, juntamente com a lançadora de dardo Yiselena Ballar e outro integrante da equipe, deixou a delegação cubana para pedir asilo. Além deles, Ismael Borrero, medalhista olímpico de luta livre, e Fernando Dayán Jorge, campeão olímpico da canoagem sprint em Tóquio 2020, também desertaram.
E a lista não para por aí. Em 2007, nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, quatro cubanos aproveitaram a ocasião para fugir da ditadura comunista: dois lutadores de boxe, um técnico de ginástica artística e um jogador de handebol. Em 2012, nos Jogos Olímpicos de Londres, seis jogadores de futebol e um psicólogo da equipe buscaram deserção. Em 2015, na Copa Ouro da CONCACAF de futebol, quatro jogadores desertaram durante partidas fora de Cuba. No mesmo ano, outros nove jogadores de futebol também conseguiram escapar do regime. É inegável: ninguém aguenta viver naquela ilha onde imperam a escassez e a tirania. O comunismo, no fim das contas, só beneficia quem está no poder, que vive dos impostos e se aproveita do banco central para enriquecer por meio de esquemas financeiros.
(Sugestão de Pausa)
Desde 1959, Cuba vive sob um regime que se autodenomina socialista — que, segundo a narrativa utópica dos comunistas, seria um governo dirigido pelos trabalhadores e destinado a beneficiar o povo. Na prática, porém, é uma ditadura de partido único, marcada por censura, repressão, pobreza e controle absoluto sobre a vida dos cidadãos e suas propriedades. O Estado cubano não apenas regula a economia: ele regula a própria existência de seus subalternos. O indivíduo não é visto como fim em si mesmo, mas como meio para os fins do Partido Comunista. E, claro, esses fins são decididos pela própria elite do “partidão”.
Os atletas, em especial, são tratados como propriedade estatal. Seus corpos, talentos e conquistas são explorados como instrumentos de propaganda. Eles não competem como indivíduos, mas como representantes de um sistema que os vigia, limita e pune. O Estado cubano confisca seus ganhos, restringe suas viagens, controla suas comunicações e os obriga a viver sob vigilância constante. A promessa de glória esportiva é, na verdade, uma armadilha: o atleta torna-se um prisioneiro de luxo, com medalhas no peito, mas acorrentado a uma ideologia doentia e desumana. A deserção, portanto, não é apenas uma escolha pessoal — é uma afronta direta ao regime, um ato de desobediência civil e um passo decisivo para a verdadeira independência.
A decisão dos quatro atletas cubanos de abandonar a delegação durante uma atividade esportiva internacional em Assunção não foi impulsiva. Eles planejaram e executaram a fuga, cientes dos riscos. Sabiam que, ao se afastarem do grupo, estariam se expondo a perseguição, retaliação e até mesmo à possibilidade de nunca mais verem suas famílias. Mas fizeram assim mesmo. Porque existe algo mais valioso que a medalha de ouro: a liberdade. Consciente ou inconscientemente, mostraram que, para eles, a liberdade vale mais que a própria pátria, a família e o glamour do esporte de alto rendimento.
(Sugestão de Pausa)
Para o libertarianismo, a liberdade tem valor inestimável. Não há bem-estar, justiça ou progresso sem liberdade individual — e ela não pode ser concedida pelo Estado, mas reconhecida como um direito natural: o direito de autopropriedade. Os atletas cubanos que desertaram compreenderam isso de forma visceral. Não fugiram por dinheiro, fama ou conforto, mas porque queriam ser donos de si mesmos.
A liberdade não é apenas poder escolher onde viver. É poder escolher o que pensar, o que dizer, o que fazer com o próprio corpo, com o próprio tempo, com os próprios sonhos. É poder errar, recomeçar, mudar de ideia. É viver sem medo de censura, punição ou vigilância. É poder ser humano. E o Estado cubano é a antítese desse ideal: concentra poder, elimina concorrência, criminaliza a dissidência e transforma cidadãos em súditos. Decide o que pode ser dito, comprado, estudado ou sonhado. Coloca-se como pai, mãe, patrão e juiz, sempre em nome de uma suposta justiça social que nunca se concretiza.
A pobreza em Cuba não é obra do acaso. É resultado do planejamento centralizado, da repressão à iniciativa privada e da destruição da propriedade individual — tudo legado de Fidel Castro. O Estado cubano não apenas falha em promover o bem-estar: ele impede que o próprio povo o faça. E, quando alguém tenta escapar, é tratado como traidor. A fuga dos atletas cubanos repercutiu internacionalmente, não como escândalo, mas como símbolo de coragem, resistência e esperança. O Comitê Olímpico Paraguaio deixou claro que não se trata de desaparecimento, e sim de retirada voluntária. A imprensa, por sua vez, tratou o caso com respeito e empatia.
(Sugestão de Pausa)
Embora os quatro atletas ainda não tenham se pronunciado publicamente, sua atitude fala por si. Eles disseram “não” ao controle e “sim” à dignidade. Cada passo dado fora do hotel foi um passo rumo à autonomia. Cada minuto longe da delegação foi um minuto mais perto da humanidade. A pergunta que muitos fazem é: por que Cuba continua perdendo seus talentos? A resposta é simples: porque não muda. Porque insiste em um modelo falido, autoritário e centralizador.
Enquanto o Estado cubano continuar tratando seus cidadãos como propriedade, continuará perdendo os melhores — pois estes não aceitam viver como peças de um sistema. Querem ser protagonistas da própria história. Por isso, a fuga em Assunção deve ser encarada como um grande marco, não apenas para eles, mas para todos que acreditam na liberdade. É um lembrete de que, mesmo sob regimes opressores, o espírito humano resiste. E que, quando se tem coragem, é possível romper as correntes.
Que esses atletas encontrem acolhimento, dignidade e oportunidades. Que possam competir como indivíduos livres, não como representantes de um regime autoritário e atrasado. Que possam viver sem medo, sem censura e sem limites impostos por burocratas. E que sua história inspire outros, dentro e fora de Cuba, a buscar a liberdade.
https://www.infobae.com/america/america-latina/2025/08/14/cuatro-atletas-cubanos-abandonaron-su-delegacion-durante-los-juegos-panamericanos-juveniles-en-paraguay/
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2023/11/07/atletas-cubanos-abandonam-delegacao-apos-jogos-pan-americanos-para-permanecer-no-chile.htm
https://www.surtoolimpico.com.br/2022/12/campeao-olimpico-e-mundial-de-boxe-andy.html#:~:text=O%20boxeador%20Andy%20Cruz%2C%20campe%C3%A3o%20ol%C3%ADmpico%20e%20mundial,2020%2C%20disse%20%C3%A0%20ESPN%20que%20planeja%20se%20profissionalizar.
https://extra.globo.com/esporte/dez-anos-depois-da-fuga-cubanos-que-desertaram-da-delegacao-no-pan-de-2007-contam-suas-historias-21589371.html
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Cuban_football_players_who_have_defected_to_the_United_States#List