A história de Lula e do seu partido nos demonstram, sem dúvidas, que o PT é o verdadeiro partido comunista em atuação no Brasil.
A história do comunismo no Brasil, enquanto movimento político organizado, remonta ao ano de 1922, quando o Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi criado, na esteira da Revolução Russa. Sim, a praga do comunismo se instalou em terras tupiniquins há mais de um século! O PCB original foi o organismo que uniu todo o movimento comunista no Brasil, mesmo durante seus períodos de clandestinidade - quando a defesa dessas ideias era criminalizada no país. Esse cenário durou até a década de 1950, quando as primeiras divergências começaram a surgir.
Naquela época, um grupo dissidente do PCB terminou por fundar o Partido Comunista do Brasil (o atual PCdoB). De qualquer forma, o grande nome dessa ideologia no Brasil foi, durante muitas décadas, Luís Carlos Prestes, o comunista maluco que dirigiu o PCB por quase 40 anos, até se desligar da legenda em 1980. E foi nesse mesmo ano que a esquerda brasileira, até então focada na revolução marxista, começou a se voltar para os movimentos sindicalistas. Essa mudança de rumo levaria à fundação, naquele 1980, do famigerado Partido dos Trabalhadores - o PT, que hoje governa o Brasil.
Tipicamente, o PT de Lula, Dilma e Fernando Haddad é visto como um partido que, embora seja de esquerda, não é tão extremista quanto os seus pares. Seria algo como um grupo de centro-esquerda. Os radicais seriam, apenas, os seus aliados - como o citado PCdoB e o PSOL. Contudo, essa percepção é completamente equivocada, porque as pessoas, geralmente, olham para o lado errado dessa história. A verdade é que o PT é o real partido comunista no Brasil, principalmente após a consolidação de Luís Inácio Lula da Silva como seu grande líder. E, para entendermos esse ponto, precisamos comparar o PT brasileiro com exemplos externos de partidos comunistas que se consolidaram no poder.
Quais são os pontos que caracterizam um típico partido comunista? Em primeiro lugar, temos o culto à personalidade. Onde quer que se instaure um partido comunista bem consolidado, lá haverá um líder messiânico que deverá ser tratado como uma verdadeira divindade. Foi assim na União Soviética, após a chegada de Stalin ao poder; foi assim na China, com Mao Tsé-Tung. O mesmo se aplica ao Camboja de Pol Pot, e à Cuba de Fidel Castro e Che Guevara. Mesmo em países com formas mais modernas de comunismo, coisa típica da América Latina, podemos ver esse fenômeno - como na Venezuela de Hugo Chávez. Existem ainda os casos mais extremos, como o da Coreia do Norte, com seu culto divino aos 3 líderes da nação comunista.
E como funciona o PT? Bem, nesse partido, o culto à personalidade do Lula é algo evidente. O Molusco é, praticamente, um semideus para os seus apoiadores mais chegados. Pense, por exemplo, que a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tem como única função endossar tudo o que o Molusco fala. Para ela, Lula não lidera o governo: ele é o governo, o estado, o presidente-sol. Portanto, a vontade do Molusco deve sempre prevalecer - tanto sobre os interesses da nação, quanto de seu próprio partido. Afinal de contas, para esse tipo de apoiador, não existe PT sem Lula.
Isso nos leva ao segundo ponto: o líder supremo de um partido comunista deve sempre eliminar a concorrência. Os citados Stalin e Mao promoveram expurgos que chegaram às casas das centenas de milhares. Seus concorrentes, em muitos casos, eram acusados e condenados sem provas para, em seguida, serem levados para o pelotão de fuzilamento - ou coisa pior. O objetivo desses líderes paranoicos, por óbvio, era evitar o risco de traição por parte de algum membro do partido que estivesse em franca ascensão.
E como funciona o PT, nesse sentido? Bem, é certo que o Lula nunca chegou às vias de fato - pelo menos, é o que a investigação sobre Celso Daniel concluiu. Porém, o corrupto de nove-dedos promoveu sim expurgos práticos contra seus correligionários: inúmeros nomes fortes do PT foram expulsos do partido, ou se desligaram por pressão, ao longo dos anos. No começo, o PT era a marca da pluralidade da esquerda no Brasil. O partido agremiava desde sujeitos trotskistas, que no futuro fundariam o PCO e o PSTU, até mesmo ambientalistas verdes. Mas as coisas mudaram rápido no partidão.
Já em 1997, o primeiro expurgo de peso foi realizado. Luiza Erundina, um dos grandes nomes do partido, e a primeira a ser eleita para um cargo de peso, terminou por sair do PT no final daquele ano. Acredita-se que Lula tenha sido o grande agente causador desse expurgo. Depois disso, a coisa permaneceu relativamente tranquila, até a chegada do PT ao poder nacional. Logo na sequência da eleição do Lula, uma ala de membros do partido, insatisfeitos com a gestão do Molusco, foi completamente expurgada, ainda em 2003.
Dessa vez, as vítimas foram os políticos João Fontes, Luciana Genro, João Batista (o Babá) e Heloísa Helena, que era senadora, naquela época. Esses indivíduos votaram contra diversas pautas apresentadas por seu partido - inclusive, contra a Reforma da Previdência. Acredite ou não: isso realmente aconteceu. Naquela época, Eduardo Suplicy tentou intervir em favor de seus colegas, propondo uma suspensão de 6 meses, ao invés da expulsão sumária. Obviamente, a vontade do chefão Lula acabou prevalecendo. Ainda em 2003, Fernando Gabeira também se desligou do PT.
Já em 2004, Cristovam Buarque, então Ministro da Educação do governo Lula, foi demitido pelo seu chefe, por telefone. No ano seguinte, ele também sairia do PT. E foi justamente em 2005, no auge do Mensalão, que o grande cisma do partido aconteceu: nada menos que 400 membros se desfiliaram do PT naquele ano. Muitos desses ex-partidários do Lula fundariam, na sequência, o PSOL. Estamos falando de gente como Ivan Valente, Plínio de Arruda Sampaio, Chico Alencar, Orlando Fantazzini, Randolfe Rodrigues (sim, ele mesmo) e Hélio Bicudo. Este último, anos depois, seria um dos autores do pedido de impeachment contra a petista Dilma Rousseff.
Esse expurgo foi o grande responsável por concentrar o poder nas mãos do Lula, porque acabou dando um grande poder para os seus principais aliados. Esse grupo formava o chamado “Campo Majoritário”, a ala lulista do partido, que contava com nomes infames como Ricardo Berzoini e Antonio Palocci, e que era liderada por ninguém menos que José Dirceu - o cérebro por trás do Molusco. Com a consolidação desse grupo no poder, o posto de destaque do Lula estava garantido para todo o sempre.
Mas os expurgos não pararam por aí: em 2009, Marina Silva, que era já naquela época Ministra do Meio Ambiente do governo PT, se desfiliou do partido, após pedir demissão de seu cargo. Em 2015, foi a vez de Marta Suplicy, nome forte de longa data do partido, deixar a legenda em definitivo. Muitas dessas vítimas do expurgo lulista preferiram não abrir o bico sobre os reais motivos de seu desligamento do partidão. Contudo, esse não foi o caso do ultra-sincero Eduardo Jorge.
Em 2003, o médico e fundador do PT se desligou do partido, de uma forma que ele próprio classificou como “silenciosa”. Eduardo Jorge foi membro do diretório do partido por 15 anos, até que se viu num beco sem saída. Questionado por um amigo a respeito de seu desligamento do PT, ele afirmou: “sob a liderança stalinista de José Dirceu, o PT não tinha mais espaço para a disputa democrática de ideias que tinha sido um dos fatores de seu crescimento”.
Na prática, o partido se tornara um PCB piorado. Eduardo Jorge ainda classificou a alta cúpula do partido como “facção autoritário-fisiológica que controla a direção nacional e está em postos-chave do governo”. Em resumo, o futuro candidato à presidência da República deixou clara, para todos, a tendência lulista de lotear o PT entre seus puxa-sacos e de impedir a ascensão de outros nomes dentro do partido.
Por fim, existe ainda um terceiro fator, que caracteriza um partido comunista que se estabeleceu no poder, e que se aplica ao Partido dos Trabalhadores. Depois de criar a imagem mítica do “grande timoneiro” e de eliminar toda a concorrência, o partidão adota medidas que visam manter o seu poder por tempo indefinido, através da cooptação das instituições estatais. Por meio de uma atuação meticulosa e coordenada, o partido comunista corrompe os poderes para concentrar, nas mãos do líder, todo o controle do estado.
Para vermos esse tipo de tática em ação, basta olharmos para o passado, para os períodos do governo PT. Diversos esquemas de corrupção - tais como o Mensalão e o Petrolão - foram criados para garantir o controle do Poder Executivo sobre o Congresso Nacional. Já por meio de indicações para as cortes superiores do Poder Judiciário, o PT conseguiu estabelecer uma mentalidade muito favorável ao seu modo de governar. Em última instância, essa soma de fatores acabou por garantir não apenas a permanência do PT de Lula no poder por vários mandatos, mas também garantiu o retorno do Molusco à presidência da República, mesmo após ter sido condenado por corrupção.
A comparação histórica, portanto, não nos deixa dúvidas: o PT é o verdadeiro partido comunista do Brasil, tendo seguido, à risca, a agenda vitoriosa que outros partidos semelhantes adotaram, em outras partes do mundo. Lula, um corrupto que há décadas não sabe o que é trabalhar, que mal sabe falar, que tem uma mentalidade tacanha e que defende ditadores e terroristas, foi alçado ao status de quase divindade política. Todos os seus concorrentes foram, um a um, eliminados do caminho. A chegada de Dilma Rousseff ao poder, por sinal, só foi autorizada pelo Molusco porque a mulher sapiens, obviamente, não representava a menor ameaça ao seu poder.
Ao longo de seus anos de governo, Lula e sua sucessora-fantoche fizeram o que foi possível para cooptar a máquina estatal em seu favor. E, de certa forma, podemos dizer que eles tiveram relativo sucesso. A prova disso está aí, no quinto mandato do PT, terceiro do Lula. Em grande parte, a corja comunista que governou o país nos períodos de maior corrupção e crise econômica de nossa história, está aí de volta, com ainda mais poder. Mas será que esse é o fim da história, com a inevitável vitória do Comunismo?
Na verdade, não. Tal como aconteceu em outras partes do mundo, esse mecanismo pode até funcionar para garantir o poder do grande líder, mas é totalmente ineficaz, quando o assunto é formar uma sucessão natural para esse líder. Lula está velho e decrépito; mas ele é tudo o que sobrou para a esquerda brasileira. Graças a anos ininterruptos de expurgos, nenhuma grande liderança alternativa foi formada. O Molusco, hoje, não tem sucessores. É por isso, inclusive, que ele precisou ser solto da cadeia para concorrer nas eleições do ano passado: não havia ninguém que pudesse ocupar seu lugar.
Portanto, a centralização do poder nas mãos do líder comunista é, também, sua maior fragilidade. De fato, estamos vivendo numa era em que, cada vez mais, a concentração de poder e informação se configura num grande equívoco. Lula escolheu esse caminho, para garantir seu próprio poder - vaidoso como ele só! Porém, essa sua escolha, aplaudida pelo seu séquito mais próximo, aqueles poucos que não foram expurgados do PT por sua ação, será justamente a ruína da velha esquerda brasileira. No fim das contas, não há partido comunista que resista à prova do tempo. Essa será a última etapa que o PT precisará cumprir, para se unir à escória da política mundial: desaparecer por completo, quando o seu único e grande líder eclipsar de vez.
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc040913.htm
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https://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1272525-5601,00-MARINA+SILVA+ANUNCIA+SAIDA+DO+PT+E+DEVE+SE+FILIAR+AO+PV.html
https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-04/marta-suplicy-deixa-o-pt-e-diz-que-nao-tem-como-conviver-com-corrupcao
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0906200510.htm