Nova explosão de DIVÓRCIOS no Ocidente: a culpa é dos homens?

Algo mudou silenciosamente nas últimas décadas. Casar virou motivo de desconfiança, ter filhos passou a ser visto como atraso, e a família, antes símbolo de estabilidade, agora é tratada como opressão. Mas quem realmente ganha com isso?

Não é novidade o aumento, nos últimos anos, de grupos de homens que se autointitulam red pill e que decidem ensinar a outros homens alguns dos perigos de se relacionar com certos tipos de mulheres. Isso se deve, em parte, a riscos reais enfrentados pelos homens, como um Judiciário que acaba beneficiando as mulheres em praticamente qualquer disputa entre o casal. E não podemos deixar de citar a influência negativa de um discurso feminista que tem se tornado cada vez mais radical, visando criar discórdia e ódio entre homens e mulheres. Hoje em dia, muitas mulheres, manipuladas por esse discurso feminista, pregam que não se casar é uma fórmula para ser mais feliz. Algumas feministas mais radicais realmente cultivam ódio contra os homens e defendem que as mulheres não precisam deles para absolutamente nada.

Essa mudança de mentalidade das mulheres em relação ao casamento não é algo exclusivo do Brasil. Uma nova pesquisa do Pew Research Center revelou que jovens norte-americanos estão, cada vez mais, abandonando a ideia de casamento. Um dado da pesquisa mostra que, nos últimos 30 anos, a porcentagem de meninas do último ano do ensino médio que afirmam ter maior probabilidade de se casar um dia caiu de 83%, em 1993, para 61%, em 2023. Já a porcentagem de adolescentes que esperam se casar permaneceu relativamente estável, em torno de 75%.

Para variar, outra pesquisa feita nos Estados Unidos, do Institute for Family Studies, chegou à conclusão de que pessoas inclinadas à esquerda — ou seja, simpatizantes do Partido Democrata — estão cada vez mais solteiras e sem filhos. Já os direitistas americanos, conservadores e simpatizantes do Partido Republicano, estão valorizando mais o casamento e a criação de filhos. Essa divisão não acontece apenas nos Estados Unidos em relação ao viés político.

Esse estudo mostrou que mulheres conservadoras são muito mais propensas a se casar em todas as idades, e que essas mulheres casadas tendem a ter mais filhos do que as solteiras. No entanto, as diferenças entre mulheres conservadoras e mulheres de esquerda não são tão grandes assim. As taxas de natalidade e de casamento são menores hoje em todos os grupos. Mesmo assim, essas diferenças são suficientemente relevantes para que partidos políticos atraiam eleitores completamente diferentes.

Para se ter uma noção do que estamos falando, nos Estados Unidos, os condados que apoiaram o presidente Donald Trump na eleição de 2024 apresentaram taxas de natalidade mais altas do que os condados que apoiaram Kamala Harris, como mostrou um estudo do Institute for Family Studies. Os pesquisadores observaram que, quanto maior a margem de vitória de Trump, maior a taxa de natalidade. Os 20% dos condados em que Trump teve a maior margem apresentaram uma taxa de fecundidade total de 1,76 — número acima da média nacional de 1,63 em 2024. Por outro lado, quanto maior a margem de vitória de Kamala Harris, menor a taxa de natalidade. Os 20% dos condados que votaram nela apresentaram uma taxa de fecundidade total de apenas 1,37.

Isso prova que a demonização da família feita pela esquerda tem consequências diretas na vida das pessoas que fazem parte desse grupo político. Um exemplo claro disso é o fato de a ex-vice-presidente Kamala Harris ter recebido 59% dos votos entre mulheres solteiras, mas apenas 48% entre mulheres casadas.

As mulheres conservadoras nascidas entre 1975 e 1979 — ou seja, mulheres que já tiveram filhos — têm uma média de 2,1 filhos por família, exatamente a taxa de reposição populacional. Já as mulheres moderadas, na mesma faixa etária, têm em média 1,8 filhos. As mulheres liberais, ou progressistas, como costumamos chamá-las aqui no Brasil, têm apenas 1,5. Entre as mulheres nascidas na década de 1980, especificamente entre 1985 e 1989, a diferença é um pouco menor. Nesse grupo, as conservadoras têm uma taxa de fertilidade de 2,1, enquanto as moderadas estão em 1,9 e as liberais em 1,7.

Já as mulheres conservadoras nascidas entre 1995 e 1999 tiveram, até o momento, apenas 0,7 filhos, o mesmo número das moderadas. As mulheres de esquerda, na mesma faixa etária, têm uma média ainda menor: apenas 0,4 filhos, um número extremamente baixo.

Vamos a outro dado relevante. Uma pesquisa recente da NBC News, a Decision Desk Poll, realizada pela SurveyMonkey, constatou que mulheres de esquerda da Geração Z classificam casar e ter filhos como algumas de suas menores prioridades para uma vida bem-sucedida. Elas priorizam empregos, conquistas acadêmicas, segurança financeira e saúde emocional. A mesma pesquisa constatou que os homens da Geração Z que apoiaram Donald Trump em 2024 classificaram ter filhos como o principal fator que define o sucesso pessoal. Já as mulheres da Geração Z que apoiaram Kamala Harris classificaram esse fator como o penúltimo em importância.

Muitas mulheres têm sido influenciadas por amigas solteiras ou por grupos que afirmam que a vida de solteira é mais feliz e a melhor forma de se sentirem realizadas hoje. No entanto, isso não é exatamente verdade, segundo um estudo publicado nos Estados Unidos chamado Women’s Well-Being Survey (Pesquisa de Bem-Estar Feminino), realizado com três mil mulheres entre 25 e 55 anos em território americano e publicado neste ano. Segundo o estudo, mães casadas relataram quase o dobro dos níveis de felicidade e taxas significativamente menores de solidão em comparação com mães solteiras ou mulheres sem filhos.

Um dado curioso revela que mulheres de esquerda que se casaram têm 30% mais probabilidade de se declararem “muito felizes” do que mulheres solteiras e sem filhos. A consequência das narrativas esquerdistas e antifamília propagadas por marxistas e progressistas é que a felicidade feminina despencou nos últimos dez anos entre mulheres de esquerda solteiras e sem filhos, enquanto permanece elevada entre aquelas que conseguiram se casar e formar uma família.

É inegável que as mulheres, apesar de serem extremamente competentes em diversas áreas do mundo empresarial, acadêmico e esportivo, possuem sim uma vocação natural para a maternidade, e isso tem um impacto positivo em suas vidas. O que tem acontecido é que propagadores de narrativas e mentiras progressistas, movidos por um profundo ódio à família, estão enganando muitas mulheres jovens, que se tornam excessivamente carreiristas e, iludidas por essas ideias, renunciam à maternidade e, mais tarde, acabam se arrependendo.

É nesse ponto que entra a hostilidade histórica do marxismo e do progressismo moderno em relação à família. Desde Marx e Engels, a família é vista como uma estrutura “opressora”, responsável por transmitir valores burgueses, a propriedade privada e normas morais que dificultariam a revolução. O pensador italiano Antonio Gramsci, ao reformular o marxismo para o campo cultural, compreendeu algo crucial: não basta tomar o poder político; é preciso conquistar a hegemonia cultural. E a família é o principal bastião dessa hegemonia espontânea, pois forma consciências antes mesmo que o Estado possa moldá-las.

Para Gramsci, instituições como a família, a religião e a tradição eram obstáculos à transformação revolucionária e, por isso, deveriam ser desconstruídas lentamente, substituídas por novos valores difundidos por escolas, mídia e aparelhos culturais. Essa lógica permanece viva no progressismo contemporâneo, que frequentemente apresenta a família não como um espaço de proteção, mas como um local de opressão estrutural.

Dentro desse contexto, certos ramos do feminismo moderno passaram a tratar a família como inimiga ideológica. Não mais como um arranjo livre entre indivíduos, mas como uma “instituição patriarcal” a ser desmontada. Ao fazer isso, essas correntes ignoram — ou deliberadamente ocultam — o fato de que a dissolução da família não liberta o indivíduo, mas o isola, tornando-o mais vulnerável ao controle estatal. Sem família, o indivíduo passa a depender do Estado para educação, sustento, cuidado emocional e até identidade.

A sociedade moderna precisa amadurecer. As pessoas, sejam homens ou mulheres, precisam parar de romantizar a vida a todo custo, especialmente o casamento. Embora homens e mulheres se ajudem e se complementem no matrimônio, a vida a dois e as relações familiares não são — e nunca serão — perfeitas, livres de conflitos ou dificuldades. Esses desafios, no entanto, não significam infelicidade; fazem parte da condição humana, algo que adultos maduros compreendem.

Se homem e mulher se dedicarem, se respeitarem e se sacrificarem mutuamente pelo bem do casamento, a vida em família pode se tornar uma grande fonte de felicidade, pois essa união é uma relação de longo prazo, orientada ao bem comum da família. Por outro lado, quando falta maturidade e preparo, o casamento se transforma em uma competição permanente para ver quem faz menos e exige mais.

Por fim, ao analisarmos a sociedade ocidental — especialmente a Europa atual —, não podemos ignorar como o ataque sistemático à família e a queda nas taxas de fertilidade fazem parte de um projeto de poder perverso de grupos influentes, como globalistas e comunistas. Criar caos social, dividir a sociedade, radicalizar mulheres contra a vida familiar e importar imigração hostil aos valores ocidentais e ao cristianismo tem transformado a Europa em um lugar cada vez mais inseguro. França, Inglaterra e Alemanha são exemplos claros desse processo.

Nosso objetivo aqui não é nos alongarmos sobre o caso europeu, mas destacar que o que acontece lá serve de alerta para latino-americanos, canadenses e norte-americanos.

Por fim, vale recordar a visão de dois grandes pensadores libertários. Murray Rothbard e Hans-Hermann Hoppe enxergam a família como uma instituição anterior ao Estado, surgida da cooperação voluntária e da propriedade privada. Para Rothbard, a família é um espaço onde as relações não são mediadas pela coerção, mas por acordos naturais e morais. Ela protege o indivíduo da dependência estatal ao oferecer suporte material, emocional e educacional fora da máquina pública. Quanto mais forte a família, menor a necessidade — e a legitimidade — da intervenção do Estado.

Hoppe vai ainda mais longe ao argumentar que a família é um dos principais obstáculos ao avanço do igualitarismo estatal. O Estado moderno precisa tratar indivíduos como unidades abstratas e intercambiáveis; a família, ao contrário, afirma diferenças naturais, hierarquias orgânicas e responsabilidades assimétricas. Pais educam filhos; não votam sobre isso. Essa assimetria é intolerável para ideologias que desejam nivelar todos sob um mesmo padrão político e moral imposto de cima para baixo.

O falecido conservador britânico Roger Scruton aprofunda essa visão ao afirmar que a família cria o senso de pertencimento, algo que nenhuma burocracia pode oferecer. Para Scruton, o indivíduo só se torna verdadeiramente livre quando está enraizado em laços afetivos, costumes e responsabilidades reais. A família é o primeiro “nós” que limita o “eu” sem destruí-lo. Ela ensina que liberdade não é ausência de vínculos, mas compromisso voluntário. Um Estado que busca controlar cada aspecto da vida precisa, antes de tudo, dissolver esses vínculos naturais, pois eles competem diretamente com sua autoridade.

Em suma, para conservadores e libertários-conservadores, formar uma família é um ato de resistência silenciosa. É o primeiro espaço onde o indivíduo aprende a ser livre sem tutela estatal, o elo que conecta passado, presente e futuro. E justamente por isso, sempre que projetos políticos buscam controlar integralmente a vida humana, a família se torna o alvo principal. Por isso, fica claro aqui, que todos os defensores da liberdade humana e que querem viver num mundo melhor, mais próspero, pacífico e desenvolvido, precisam defender a instituição da família.

Referências:

https://www.nbcnews.com/politics/politics-news/poll-gen-zs-gender-divide-reaches-politics-views-marriage-children-suc-rcna229255
https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/gabriel-sestrem/divorcio-culpa-e-homens-inadequados-para-casar-ou-progressismo-mulheres/
https://ifstudies.org/blog/the-growing-link-between-marriage-fertility-and-partisanship