Milhões de norte-americanos cruzam a fronteira com o MÉXICO em busca de TRATAMENTO MÉDICO

A burocracia e a intervenção estatal na saúde, por parte do governo dos Estados Unidos, estão levando milhões de cidadãos americanos a se arriscar ao sul da fronteira, para buscar tratamento médico no México.

Sempre foi algo muito comum vermos mexicanos e outros latino-americanos cruzando a fronteira dos Estados Unidos rumo ao norte. Os motivos que levam a esse movimento geralmente estão relacionados com melhores perspectivas de vida do lado de lá da fronteira. Porém, nos últimos anos, um movimento contrário tem sido observado: o de cidadãos norte-americanos cruzando a fronteira com o México para buscar um tratamento médico que caiba em seu bolso. E, como era de se esperar, o culpado por essa história é o governo norte-americano.

Estima-se que, atualmente, um milhão de americanos atravessem a fronteira com o México, todos os anos, buscando tratamentos médicos mais baratos. Alguns indivíduos, inclusive, já fazem esse percurso há vários anos - sendo que, em alguns casos, esse movimento já dura décadas. Essas pessoas, naturalmente, se colocam em perigo ao fazer a travessia. Afinal de contas, o México é famoso por seus problemas com grupos criminosos, especialmente nas regiões fronteiriças. São bem conhecidos os casos de cidadãos norte-americanos que foram sequestrados por gangues criminosas e cartéis de drogas após atravessarem a fronteira. Alguns, inclusive, chegaram a perder a própria vida.

Os destinos médicos mais procurados são as cidades fronteiriças, como Matamoros, no estado de Tamaulipas. Nessas cidades, fortemente controladas por violentos cartéis de drogas, é que o turismo médico é mais forte. Algumas dessas localidades, inclusive, já se especializaram nesse pujante mercado, atraindo médicos de todo o país. Cidades como Nuevo Laredo, também em Tamaulipas, possuem toda uma infraestrutura preparada para receber os norte-americanos - com inúmeros consultórios para atender os pacientes, e redes de hotéis e pousadas para abrigá-los.

Os pacientes norte-americanos mais experientes tomam alguns cuidados, em território mexicano: evitam sair à noite, não andam a pé pelas ruas da cidade e procuram sempre andar acompanhados. Alguns ainda mais precavidos já possuem placas mexicanas para seus carros, para rodarem de forma mais discreta pelas cidades. A verdade é que, ainda assim, a tarefa de buscar saúde no México não é das mais seguras para os cidadãos americanos.

Mas, de forma geral, o risco parece valer a pena. Diversos serviços médicos e tratamentos de saúde, além de medicamentos, são muito mais baratos no México do que ao norte da fronteira. Supostamente, a qualidade dos serviços oferecidos é similar à dos hospitais americanos - ainda que existam dúvidas a esse respeito. Mesmo pessoas que possuem planos de saúde bancados por seus empregadores recorrem à saúde mexicana, por considerar essa alternativa mais economicamente viável.

Mas, afinal de contas, o que causou essa situação? O que faz com que o México seja um destino médico mais atraente para os americanos do que os hospitais do seu próprio país? Bem, como sempre acontece nesse tipo de caso, a culpa é do estado. De forma mais específica, os problemas se tornaram mais graves durante o governo do presidente Barack Obama - especialmente por ocasião do lançamento de seu programa de saúde, jocosamente batizado de “Obamacare”.

Esse ambicioso programa do governo democrata, supostamente, visava garantir a todos os cidadãos norte-americanos o acesso à saúde de qualidade. Obviamente, a coisa deu muito errado - e muito rápido. Para início de conversa, o Obamacare se mostrou uma bomba orçamentária, elevando de forma assustadora a dívida pública dos Estados Unidos. Isso, na prática, implica dizer que todos os pagadores de impostos norte-americanos são obrigados a subsidiar esse programa. Todos pagam para que uma parte da população tenha acesso a planos de saúde - em condições cada vez mais questionáveis, diga-se de passagem.

Acontece que o Obamacare criou também toda uma série de exigências estatais que impactaram de forma significativa o setor privado de saúde do país. Essas exigências, na verdade, beiram o absurdo, colocando em xeque a viabilidade econômica desse setor. Por exemplo: os planos de saúde passaram a ser obrigados a aceitar pessoas com doenças preexistentes sob os mesmos critérios contratuais que regem a relação com pessoas saudáveis. Isso, por óbvio, obrigou as empresas a reajustar seus valores para todos os clientes - saudáveis ou doentes. Na prática, pessoas sem doenças preexistentes precisam custear o tratamento dos clientes que já possuíam alguma enfermidade.

De forma geral, os reajustes no valor dos contratos foram substanciais. Estamos falando de aumentos de preços que variam dos 20% até os 100% - tudo isso para que as empresas pudessem atender às inúmeras exigências estatais. Isso, em resumo, tornou a saúde no país mais cara, e menos acessível à população mais pobre. Por outro lado, por conta de toda essa burocracia, muitas operadoras de planos de saúde simplesmente saíram do mercado. Isso reduziu a quantidade de opções para os clientes, e elevou ainda mais os preços dos serviços ofertados.

É  por isso que muitos americanos simplesmente desistiram de ter um plano de saúde. Até 2017, as regras do Obamacare puniam aqueles que não estivessem cobertos por algum plano de saúde com multas que podiam chegar a 2% da renda individual. Mesmo nessa época, muitas pessoas preferiam pagar a multa, do que gastar rios de dinheiro com planos de saúde. Em 2017, contudo, essa multa deixou de ser aplicada. Nesse ano, o número de americanos sem cobertura de plano de saúde era de 28 milhões. Agora, essa quantidade aumentou ainda mais.

O resultado prático dessa brincadeira estatal é que, agora, milhões de americanos se arriscam cruzando a fronteira, para buscar tratamentos médicos mais baratos no México. As insanas medidas eleitoreiras de Barack Obama não apenas não foram capazes de garantir saúde para todos os cidadãos norte-americanos. Elas também pioraram a situação, fazendo com que muitas pessoas que, antes, podiam pagar por um plano de saúde, agora fossem obrigadas a abandonar seu plano, por conta das altas tarifas.

Os americanos fogem da burocracia estatal no setor de saúde, para se tratar ao sul da fronteira. Afinal de contas, além de ter que pagar impostos para bancar a farra do Obamacare, essas pessoas ainda precisam pagar muito caro para ter um plano de saúde no país. No frigir dos ovos, pode realmente ser mais barato arriscar a vida para buscar condições de saúde mais baratas no México.

A verdade é que apenas o livre mercado é capaz de proporcionar saúde a um preço justo para as pessoas. Numa sociedade realmente livre, existiriam planos de saúde com coberturas variadas, atendendo às demandas dos consumidores. Haveria planos com valores mais baratos e com condições mais modestas, enquanto que existiriam também opções mais caras para aqueles que estivessem dispostos a pagar por elas. É assim que funciona qualquer mercado numa sociedade livre: as demandas dos consumidores são sempre atendidas, porque é isso que garante o lucro para as empresas.

Com tudo, quando o estado intervém, temos o exato oposto disso. E o Obamacare representa exatamente esse problema. Trata-se de um sistema centralizado de fornecimento de saúde, que, portanto, representa uma violação dos princípios do mercado e da liberdade individual. Nesse modelo, as necessidades particulares dos cidadãos não são levadas em conta. Pelo contrário, existe apenas o interesse político de atender às demandas populistas dos governantes. O verdadeiro interessado - a saber, o consumidor dos planos de saúde, - é deixado de lado.

Nós, libertários, não queremos dourar a pílula. Como tudo nesta vida, a saúde tem seu preço. E, por ser algo tão importante - que, basicamente, é uma questão de vida ou morte, - a saúde é algo consideravelmente caro. Principalmente, quando ela é perdida. Nesse sentido, não dá pra fazer milagre - e quem promete isso está, na verdade, mentindo. É justamente isso que os políticos, de qualquer país do mundo - até mesmo dos Estados Unidos, a terra da liberdade - fazem: mentem para seus cidadãos, afirmando ser capazes de conceder saúde barata e acessível a todos. Isso, nenhum estado pode garantir.

Se você realmente quer ter acesso a tratamentos de saúde que lhe garantam uma melhor qualidade de vida, então você precisará pagar por isso. O que temos hoje, infelizmente, é um cenário em que o estado nos obriga a pagar caro - via impostos, ou via planos de saúde artificialmente encarecidos pela burocracia - por uma saúde ruim. Nada além da ação estatal, portanto, explica tão bem o movimento de cidadãos americanos que atravessam a fronteira para buscar tratamento médico. A verdade é que a saúde é uma coisa muito importante, para estar nas mãos dos políticos.

Referências:

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c0w13kndq4eo