O Framboesa de Ouro, cheio de críticos esnobes revoltados com a vitória de Donald Trump, não iria perder a oportunidade de implicar com um filme claramente voltado para o eleitorado de direita.
Certamente, você já pelo menos ouviu falar do Framboesa de Ouro - uma premiação de zoeira, cujo único objetivo real (pelo menos alegado) é ser um contraponto à seriedade do Óscar. Criada em 1981, a premiação sempre possuiu um caráter cômico - a começar pelo prêmio em si: uma framboesa de plástico pintada de dourado, que custa pouco menos de 5 dólares. Contudo, e como tudo o que faz parte da cultura pop ocidental, o Framboesa de Ouro já se tornou, há um bom tempo, uma mera câmara de eco do que há de mais enfadonho e forçado na cultura woke norte-americana.
De forma geral, podemos dizer que o prêmio foi engraçado por um tempo - mas a piada ficou velha e a premiação se tornou mais e mais apelativa. Algumas polêmicas recentes mostram que, de fato, a premiação perdeu a mão. Em 2023, a atriz Ryan Kiera Armstrong, de apenas 11 anos, foi indicada para a categoria de pior atriz - o que gerou uma onda de críticas, justamente por se tratar de uma criança sendo massacrada publicamente pela crítica. Em função da repercussão negativa do caso, a organização do Framboesa de Ouro decidiu retirar a pequena atriz da lista de indicados.
Pouco tempo antes, em 2021, a premiação havia criado uma categoria exclusiva para sacanear o icônico Bruce Willis - chamada apropriadamente de "Pior Performance de Bruce Willis". O fato é que, como ficou demonstrado pouco tempo depois, o grande astro do cinema de ação estava atuando em uma tonelada de filmes de baixa qualidade naquela época para fazer seu "pé-de-meia", uma vez que seus dias como ator estavam contados, por causa de problemas de saúde. Mais uma vez, o Framboesa de Ouro precisou voltar atrás e se desculpar pela piada sem graça.
Dessa forma, não chega a ser surpreendente perceber que os indicados para o Framboesa de Ouro de 2025 são mais do mesmo. Não há nada de muito interessante, nem nada de muito engraçado. Como sempre, alguns filmes que tinham tudo para ser blockbusters estão na lista - é o caso de Madame Teia e de Coringa: Delírio a 2, o filme com mais indicações no Framboesa deste ano, um total de 7. Inclusive, nós já falamos sobre esse filme aqui no canal, no vídeo: “CORINGA: DELÍRIO A DOIS fracassa em sua ESTREIA, enquanto FILME CRISTÃO bomba nas bilheterias"- link na descrição.
Porém, o que realmente chama a atenção na lista do Framboesa de Ouro são as 6 indicações recebidas por determinado filme que, obviamente, tem um caráter político bastante definido. Trata-se da obra “Reagan” que, como o nome sugere, conta a história do grande presidente norte-americano Ronald Reagan - talvez, o mais direitista de todos os governantes dos Estados Unidos. O filme foi indicado às categorias de pior ator, pior ator coadjuvante, pior atriz coadjuvante, pior combo em cena, pior roteiro e, é claro, pior filme.
Com tantas indicações, era de se esperar que o filme fosse mesmo uma hecatombe cinematográfica; mas a história não é bem essa. A crítica não amou o filme, e criticou muitos de seus problemas de realização. Contudo, a obra está longe de ser tão ruim quanto o Framboesa de Ouro faz parecer. Além disso, o público amou “Reagan” - mas nós já vamos falar sobre ponto. Em resumo: o que a premiação mais zoeira do cinema americano fez foi, basicamente, apedrejar um filme porque ele escolheu retratar a vida de um presidente republicano.
Esse tipo de atitude, por sinal, não chega a ser uma novidade. Em 2019, o Framboesa de Ouro “premiou” o atual presidente americano, Donald Trump, com duas estatuetas. O Laranjão ganhou um prêmio como pior ator, em duas atuações documentais - uma das quais sendo uma peça esquerdista dirigida por Michael Moore; e também um prêmio de “pior dupla em tela”. A dupla, no caso, era Trump e seu próprio ego. Por motivos óbvios, Donald Trump não compareceu ao evento para buscar seus prêmios.
Por outro lado, o tratamento dado à esquerda política pela crítica especializada e pelas premiações do cinema é bastante distinto. Veja que, em 2020, a Academia premiou, com o Óscar de Melhor Documentário, a obra “Indústria Americana”, conhecida como o filme dos Obama, por ter sido produzida pelo casal presidencial. Concorrendo contra o filme esquerdista americano, estava o brasileiro “Democracia em Vertigem” - por sinal, outra bosta esquerdista completa. A disputa lacradora, portanto, era pesada. Contudo, era quase um consenso, entre os apreciadores de cinema, que o prêmio daquele ano deveria ter ido para o documentário macedônio “Honeyland”. Obviamente, esse belo filme não tinha a menor chance contra o lobby democrata.
A verdade, contudo, é que premiações como o Framboesa de Ouro, e mesmo o Óscar, não significam muita coisa para a sustentabilidade de projetos cinematográficos. O Óscar, por exemplo, já premiou filmes que floparam miseravelmente nas telonas, ou que nunca tiveram um apelo comercial muito grande. Por outro lado, grandes sucessos ficaram de fora das premiações, sendo esnobados pelos críticos, mas caindo no gosto do público e fazendo um baita sucesso comercial.
O Framboesa de Ouro, por sua vez, é recheado de gafes e injustiças, nesse sentido. Logo no primeiro ano da premiação, Stanley Kubrick foi indicado como pior diretor pelo filme “O Iluminado” - um dos mais aclamados filmes de terror de todos os tempos. Menos de 10 anos depois, em 1990, o Framboesa de Ouro indicaria Danny DeVito para o prêmio de pior ator, por seu icônico papel como Pinguim no filme “Batman Returns”. Mais absurdo do que isso, só dois disso!
As premiações especializadas, portanto, não são capazes de mudar por completo os rumos comerciais de determinada obra - embora possam, sim, dar alguma ajudinha nesse sentido. E, no fim das contas, o que realmente importa é se o filme se paga ou não; se ele dá ou não lucro para os seus realizadores. Embora grandes fracassos estejam presentes na lista do Framboesa de Ouro de 2025 - como os citados Coringa 2, Madame Teia, e também Megalópoles - a implicância típica da esquerda de Hollywood não pode ser desprezada.
E quanto a “Reagan”? Será que ele escapa dessa tendência? Bem, ao que tudo indica, o filme realmente não é lá grandes coisas; e sua bilheteria, até o momento, está apenas equilibrada, com seus US$ 30 milhões de arrecadação doméstica. Por outro lado, a avaliação do público em sites especializados, como o Rotten Tomatoes, é de 98% de aprovação. Ou seja: pelo menos para o seu público-alvo, “Reagan” não é assim tão ruim - muito pelo contrário. E, no fim do dia, é isso o que realmente importa.
Isso, por sua vez, expande o debate para outro ponto: será que não tinha coisa pior na disputa para ocupar o lugar da cinebiografia do presidente responsável por destruir a União Soviética? Certamente, o ano de 2024 trouxe muitas opções cinematográficas pavorosas que mereciam muito mais figurar na lista de piores do ano. Mas você sabe como funcionam as coisas: essa gente vive da polêmica e da lacração. E, sempre que possível, o fator político vai ser usado como critério de desempate. A regra é clara: se o filme tem uma pegada conservadora, ou se retrata com lentes positivas alguma importante figura da direita, então ele precisa ser publicamente achincalhado.
Acontece que, de maneira geral, a crítica especializada e as grandes premiações estão sendo desacreditadas pelo grande público há um bom tempo. Fala sério: qual o percentual da população que realmente escolhe um filme por causa do número de indicações recebidas no Oscar? Até mesmo os cinéfilos têm optado, cada vez mais, pela crítica descentralizada, facilmente disponível no YouTube e em outras redes sociais.
Através dessa crítica, muito mais autêntica, com um viés que não é omitido - na verdade, geralmente ele é declarado, - os espectadores conseguem acesso a filmes que passariam ao largo das grandes premiações - seja por causa do lobby de Hollywood, seja por causa de algum tipo de implicância. Já o grande público: bem, para esse, o que realmente importa é o quanto de entretenimento escapista poderá ser obtido com um ingresso de cinema e um balde de pipoca. E, é claro, com o mínimo de lacração possível. É desnecessário dizer, portanto, que os filmes que tendem a agradar o público não são, nem de longe, os filmes que parecem agradar os críticos esnobes de Hollywood.
O cada vez mais sem graça Framboesa de Ouro demonstrou estar, ainda, totalmente atrelado a questões políticas. Nesse sentido, ele não serve sequer para fazer o tal contraponto ao Oscar - porque tanto o Framboesa quanto a Academia são formados por indivíduos esquerdistas até a medula dos ossos. Entre gafes e injustiças, o Framboesa de Ouro vai perdendo completamente sua relevância cômica e crítica, enquanto que a produção artística declaradamente de direita ganha cada vez mais espaço nas salas de cinema - não só nos Estados Unidos, mas no mundo todo.
https://rollingstone.com.br/cinema/framboesa-de-ouro-2025-indicados/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Framboesa_de_Ouro
https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2019/02/23/framboesa-de-ouro-destaca-donald-trump-e-holmes-and-watson-entre-os-premiados-dos-piores-do-cinema.ghtml
CORINGA DELÍRIO A DOIS fracassa em sua ESTREIA, enquanto FILME CRISTÃO bomba nas bilheterias:
https://www.youtube.com/watch?v=_fccUBOUPFQ