Políticos e sindicalistas querem acabar com a jornada 6x1 e impor 36 horas semanais. Parece bom? Na prática, isso destrói empregos, sabota os pobres e rouba sua liberdade.
No calor do 1º de Maio de 2025, manifestações em algumas cidades brasileiras reivindicam o fim da jornada de trabalho no modelo 6×1. A proposta, encampada por partidos de esquerda e grupos sindicais, visa instituir por emenda constitucional uma jornada semanal máxima de 36 horas, extinguindo a prática comum de seis dias de trabalho para um de descanso. A ideia parece simpática à primeira vista. Afinal, quem não gostaria de trabalhar menos e viver melhor?
Mas o que se apresenta como avanço civilizatório e proteção ao trabalhador é, na verdade, mais uma camisa de força imposta pelo Estado, que pretende ditar, de cima para baixo, quantas horas uma pessoa pode ou não trabalhar por semana.
No mundo real, a escala 6×1 é utilizada por milhões de brasileiros em setores essenciais como comércio, indústria, saúde, transporte e segurança. Ela representa uma solução prática para manter a operação de serviços ininterruptos, ao mesmo tempo, em que permite ao trabalhador um dia fixo de folga por semana, organizando sua vida de maneira previsível. Claro que todo mundo quer trabalhar menos e ganhar mais, mas no mundo real não é tão simples assim.
Quando o Estado decide proibir esse modelo e impor outro — neste caso, uma jornada reduzida — ele não está oferecendo opções. Está retirando. E essa retirada trará, inevitavelmente, consequências negativas para os próprios trabalhadores que os políticos dizem querer proteger.
Sob uma ótica libertária, qualquer arranjo entre pessoas adultas, feito de forma voluntária, é moralmente legítimo. Se um trabalhador aceita uma jornada 6×1 por um determinado salário e condições, e o empregador concorda, o que o Estado tem a ver com isso? Qual a justificativa moral para que um deputado, um juiz ou um burocrata diga que esse contrato é inválido? Tem pessoas que precisam do emprego e, nesse caso, retirar esta opção não ajuda, apenas prejudica. Outros apenas preferem dividir sua jornada semanal de 44 horas de trabalho em seis dias ao invés de cinco.
A justificativa dos socialistas costuma ser a velha ladainha de que o trabalhador é a parte “fraca” e precisa de proteção. Mas ao “proteger” alguém impedindo que ele trabalhe sob certos termos, o que se está fazendo é eliminar sua autonomia e capacidade de decisão. O Estado, nesse caso, age como o pai autoritário que tranca o filho em casa “para o bem dele”, o impedindo de tomar decisões por conta própria. E se esse filho quiser trabalhar mais para ganhar mais dinheiro e conquistar seus objetivos?
A PEC que tenta acabar com o modelo 6×1 quer reduzir a jornada máxima de 44 para 36 horas semanais, sem mexer no limite de oito horas diárias. Na prática, isso implica reduzir o número de dias trabalhados, provavelmente para quatro. O discurso que justifica isso fala em qualidade de vida, saúde mental, tempo com a família. Tudo muito bonito. Mas quem vai pagar essa conta? Aliás, já somos abusados pelo leviatã estatal pagando tandos impostos, sendo que a produtividade do trabalhador brasileiro é baixa se comparada ao trabalhador americano.
Empresas que operam em regime contínuo vão precisar contratar mais gente para manter a produtividade ou, mais provavelmente, cortar parte do quadro, automatizar funções ou reduzir a oferta de serviços. Trabalhadores que hoje conseguem uma renda decente trabalhando seis dias vão ver essa renda cair — e não porque pediram isso, mas porque o governo decidiu que é “para o seu bem”.
Essa lógica também revela uma falácia econômica clássica: a ideia de que é possível aumentar o bem-estar sem aumentar a produtividade. Reduzir a jornada de trabalho sem reduzir a remuneração é, na prática, aumentar o custo da hora trabalhada. Isso, por sua vez, desestimula contratações e empurra o mercado para soluções alternativas, como automação, terceirização ou até a relocalização da produção para outros países.
Nos setores mais sensíveis da economia, a mudança obrigatória de jornada será desastrosa. Imagine hospitais, padarias, ônibus, supermercados e fábricas que dependem de plantões ou turnos longos. A simples obrigatoriedade de mudar esse arranjo quebrará negócios, destruirá empregos e aumentará a informalidade — e tudo isso para satisfazer uma agenda ideológica travestida de justiça social.
A premissa de que se pode criar bem-estar por decreto é uma falácia comum ao pensamento estatista, e dessa ideia de planejamento econômico centralizado. Para os adeptos do libertarianismo e os economistas da Escola Austríaca, o único caminho legítimo para uma sociedade mais justa e próspera é através da liberdade contratual. Isso significa permitir que empregadores e empregados definam livremente seus acordos, jornadas, folgas e salários, de forma descentralizada, voluntária e sem interferência do Leviatã.
Num mercado realmente livre, quem quiser trabalhar quatro dias por semana buscará vagas que ofereçam isso. Quem quiser trabalhar seis dias, fará o mesmo. A concorrência entre empresas e a diversidade de perfis pessoais e profissionais gerarão uma variedade natural de contratos e regimes. Isso já acontece hoje nos países mais livres e prósperos. Imagine o potencial que nossa economia tem, se o Brasil se transformar num país verdadeiramente livre?
Ao invés disso, o que se propõe no congresso é mais do mesmo: uma legislação ainda mais inchada, com mais regulamentos determinando como cada cidadão deve viver sua vida laboral. Um Congresso ditando quantas horas você pode usar do seu próprio tempo para ganhar seu sustento é uma coisa pra lá de soviética e autoritária. Temos ainda uma Justiça do Trabalho pronta para criminalizar quem ousar firmar acordos fora do modelo estatal. E, para não deixar de mencionar, temos uma multidão de políticos prepotentes fazendo pose de salvadores enquanto afundam a produtividade e aumentam o desemprego.
A esquerda que diz lutar pela “dignidade do trabalho” não quer, de fato, empoderar o trabalhador. Quer controlar sua vida. Quer que ele só trabalhe nos moldes que o Estado permitir. Quer que ele dependa de sindicatos, de legislações, de esmolas oficiais. Quer que ele seja submisso — não ao patrão que paga seu salário, mas ao político que lhe tira o direito de escolher como quer viver.
A jornada 6x1 não surgiu por decreto, mas como fruto de uma negociação ao longo do tempo entre empregadores e empregados, baseada em um equilíbrio natural entre produtividade, competitividade e sustentabilidade econômica dos negócios. Intervir nesse equilíbrio à força, por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição, é desconsiderar toda a complexidade envolvida nas relações de trabalho, além de violar o princípio fundamental da liberdade contratual.
Outro problema grave dessa proposta é que ela afeta diretamente a competitividade das empresas brasileiras. O setor produtivo nacional já é sufocado por uma carga tributária absurda, uma burocracia asfixiante e uma legislação trabalhista retrógrada. Impor agora mais uma restrição à liberdade de organização do trabalho é praticamente garantir que muitas empresas não terão condições de continuar operando como hoje. A consequência natural disso será o aumento do desemprego, da informalidade e a evasão de investimentos.
É exatamente esse tipo de mentalidade autoritária que vem afastando o Brasil da liberdade e da prosperidade. O que se vê, no fundo, é uma classe política que se coloca como dona da verdade, querendo impor a todos sua própria visão de "qualidade de vida". Até parece que um burocrata em Brasília sabe mais sobre a vida de um entregador, de um balconista, de um operário ou do dono de um comércio.
Além disso, a proposta padece de um vício típico do pensamento estatista: a crença de que a lei pode alterar a realidade econômica. Mas leis estatais não geram empregos, não criam riqueza, não melhoram a produtividade. O que move a economia são os incentivos, a liberdade de atuação e a capacidade de inovar — todos prejudicados quando o Estado se torna o agente central das decisões. Ao congelar a flexibilidade da jornada, essa proposta desincentiva exatamente aquilo que é mais necessário para o Brasil sair do atoleiro: o dinamismo do setor privado.
E não se engane: essa proposta não se resume a uma discussão técnica sobre jornadas. Trata-se, no fundo, de mais um passo rumo ao controle estatal total das relações econômicas - uma facada nos empresários e trabalhadores. O mesmo Estado que hoje diz quantas horas você pode trabalhar amanhã poderá dizer quanto você pode ganhar, onde pode trabalhar e com quem. Afinal, se o governo sabe o que é melhor para sua vida, por que ele não deveria ditar como você pode usar seu próprio dinheiro?
Do ponto de vista libertário, a única política pública legítima nesse campo seria a completa desregulamentação das relações de trabalho. Nada de salário mínimo, férias compulsórias ou encargos trabalhistas. Deixar que cada contrato seja livremente negociado entre as partes envolvidas, de forma voluntária e sob concorrência, é a melhor forma de proteger tanto o trabalhador quanto o empregador. O mercado, quando livre, naturalmente recompensa os acordos mais eficientes, os ambientes mais produtivos e as relações mais justas.
No fundo, o que está em jogo aqui é a própria concepção de liberdade. A liberdade não é fazer o que se quer sem consequências, mas sim poder escolher o que fazer com a própria vida, com o próprio tempo e com o próprio esforço, arcando com as consequências dessas decisões. Impor uma jornada máxima é roubar do indivíduo o direito de decidir quanto de si mesmo quer investir no trabalho. É tratar o trabalhador como um incapaz, alguém que precisa ser tutelado pelo Estado. É transformar adultos em crianças, com o governo no papel de pai autoritário.
Essa é a mesma lógica que faz o Estado proibir acordos voluntários de trabalho intermitente, proibir plataformas de transporte de definirem suas regras, obrigar empresas a seguirem convenções coletivas absurdas e punir quem tenta contratar sob regime PJ. É a lógica de um Estado paternalista, corporativista e estatizante, que vê na liberdade um inimigo, não um valor.
É preciso denunciar esse projeto não apenas por sua inviabilidade econômica, mas por sua imoralidade profunda. Não é papel do Estado determinar os termos da troca entre trabalho e capital. Por isso, a luta contra a PEC do fim da jornada 6x1 não deve ser apenas uma luta por “eficiência econômica”. Deve ser uma luta por princípios. Uma luta pela verdadeira liberdade individual. Uma luta pela dignidade, que é a dignidade de poder escolher, de poder negociar, de poder viver como se quer, sem tutela, sem amarras, sem o governo te humilhando e te chamando de burro.
Enfim, se o governo realmente se importasse com o bem-estar do trabalhador, começaria eliminando os impostos sobre a folha de pagamento, os encargos trabalhistas, as regras absurdas da CLT e as barreiras à livre contratação. Uma canetada não vai melhorar o Brasil e alterar a realidade, pois nosso país está estagnado devido ao peso do estado brasileiro, inchado de funcionários públicos. Essa PEC é uma grande farsa para aumentar o controle do governo sobre a vida das pessoas, enquanto as ilude com uma promessa de melhoria de vida. Como sempre, esses demagogos não estão interessados pelo bem-estar do povo — é o poder que eles querem, ao dividir a sociedade.
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/05/01/fim-da-escala-6x1-veja-em-que-estagio-esta-a-proposta-no-congresso.ghtml
https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-04/1o-de-maio-pec-do-fim-da-escala-6x1-continua-fora-da-pauta-da-camara
https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/economia/audio/2025-05/no-dia-do-trabalhador-mobilizacoes-pedem-fim-da-jornada-6x1
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/lula-defende-fim-da-jornada-6x1-e-fala-sobre-fraudes-no-inss/