Quando o estado decide quantos filhos você pode ter, não espere um final feliz.
A China está assentada sobre a bomba-relógio demográfica mais perigosa do século. Um estudo da Oxford Economics aponta que o PIB chinês pode crescer 50% a menos do que o esperado, até 2050, uma queda sem precedentes. O crescimento econômico, que hoje roda perto de 4% ao ano, deve murchar para menos de 2% ao ano, no mesmo período. Essa tragédia econômica é parte das sequelas deixadas pela política do filho único, aquela camisa de força que o Partido Comunista Chinês enfiou no país de 1979 a 2015, e que marcou para sempre milhões de famílias que moravam e moram na terra dos pandas. Os números assustam: em 2025, a taxa de natalidade chinesa mergulhou para míseros 7,24 bebês por mil habitantes. Para comparar, EUA tem 11, Canadá 9,82 e Reino Unido 10. Se isso não fosse o suficiente, o peso dos idosos vai esmagar a pequena força de trabalho. Entre 2010 e 2060, a taxa de dependência, que mede quantos idosos cada trabalhador sustenta, vai saltar 60 pontos percentuais na China, enquanto no Brasil subirá 35 pontos e nos EUA apenas 10. Com menos gente produzindo, o consumo afunda, investimentos privados emperram, e as contas de aposentadoria explodem. O buraco é mais profundo porque a China quase não recebe imigrantes, e seu tamanho gigante trava soluções rápidas. O alerta é global: até países ricos como EUA, com welfare state estável, vão penar. A dívida pública americana pode passar dos 250% do PIB até 2060, se não cortarem benefícios e atrasarem aposentadorias.
Algumas notícias a gente lê e só consegue pensar: “Mas era óbvio que isso ia virar um desastre”. A política do filho único da China é um desses ovos demoníacos que estão prestes a eclodir. Durante décadas, o Partido Comunista Chinês meteu a mão no útero das mulheres, decidindo quantos filhos elas podiam ter, com multas absurdas, esterilizações forçadas e um controle doentio. Quase 50 anos depois, a fatura chegou. E ela é pesadíssima. A Oxford Economics jogou um balde de água gelada nos sonhos chineses. O mesmo país que se vangloriava de crescer 10% ao ano agora encara a possibilidade de ver seu PIB crescer pela metade. Tudo porque burocratas acharam saber melhor que as famílias quantas crianças valia a pena criar. E o pior é que não tem resolução para esse problema. Diferente dos EUA ou do Canadá, que podem compensar a baixa natalidade com imigração, a China tem uma cultura muito fechada e uma população gigantesca que torna essa estratégia impraticável. Eles criaram o problema e agora vão ter que conviver com as consequências por décadas.
A China é um retrato assustador do que acontece quando o estado acha que pode brincar de Deus. A política do filho único foi muito além de controle populacional. Foi uma máquina de triturar direitos humanos. Tudo para o “bem da nação” que meia dúzia de planejadores achavam entenderem melhor que o povo. Quase meio século depois, a conta chegou. Cada bebê que deixou de nascer por decreto estatal virou um buraco na economia: um trabalhador a menos, um consumidor que não existe, um contribuinte que some. É uma mente criativa que nunca surgiu, mãos que não vão cuidar de pais envelhecendo.
O baque econômico é de deixar qualquer pessoa boquiaberta. Com menos gente produzindo, cada trabalhador tem que carregar nas costas o dobro do peso para manter o país andando. E fica pior: enquanto a força de trabalho murcha, os idosos viram tsunami, sugando previdência e saúde num ritmo que nenhum PIB aguenta. Além disso, uma sociedade que envelhece perde o ânimo. Fica economicamente conservadora, com medo de risco, engessada. Juventude é combustível de inovação, ousadia, experiências, fé no futuro. Quando sua pirâmide vira de cabeça para baixo, a alma do país definha. Tem ainda a “geração esmagada”, como alguns definem. Filhos únicos presos entre dois pais e quatro avós dependentes. Uma geração inteira asfixiada financeira e emocionalmente. Imagina sustentar seis idosos com um salário só. Isso não é vida, é sobrevivência.
E o fantasma da engenharia social não assombra só a China. Até nos EUA o estudo da Oxford Economics avisa que a dívida pública pode passar de 250% do PIB até 2060 se não mudarem o jogo. Quando o número de aposentados supera o de trabalhadores, o país está condenado à ruína total. O mundo inteiro está colhendo os frutos podres de achar que o estado pode substituir escolhas individuais. E olha que estamos falando da Terra do Tio Sam, onde normalmente os indivíduos investem e possuem uma aposentadoria privada para se manterem durante a velhice. Se está assim por lá, imagine em locais como o Brasil, como essa realidade chegará.
Para a filosofia libertária, o desastre demográfico da China é uma lição de sangue. Um estado metendo colher em decisões íntimas sempre acaba em tragédia. A política do filho único pisoteou o alicerce sagrado do libertarianismo, seu direito de planejar sua família e sua vida, sem a tutela do poder público. O libertarianismo parte de uma verdade dura: ninguém conhece sua vida melhor do que você. Quando uma família pensa em ter filhos, é um quebra-cabeça íntimo: dinheiro no bolso, rede de apoio, sonhos pessoais, herança cultural. Coisas que nenhum burocrata de gabinete decifra. Ao impor uma régua de aço para 1,4 bilhão de almas, o estado chinês não apenas errou feio. Ele condenou, por decreto, seu povo à uma lenta e mórbida extinção. O mercado livre tem um jeito quase mágico de encontrar seu ponto de equilíbrio. Quando as famílias podem escolher sem amarras, elas acertam naturalmente o número de filhos com a realidade no terreno. Olha só: países ricos veem as taxas de natalidade caírem sozinhas já que educação e carreira abrem portas demais. Já nos mais pobres, os filhos ainda são a aposentadoria viva dos pais, a rede contra a miséria. E quando esses países pobres começam a ficar muito populosos, seus habitantes emigram ou trabalham de forma remota para os países ricos, unindo o útil ao agradável: o país rico recebe aquilo que não tem, ou seja, pessoas e mão de obra, e o país pobre recebe aquilo que não tem, ou seja, o dinheiro que aqueles que emigraram enviam às suas famílias, ou que aqueles que trabalham remoto ganham do exterior e gastam na economia local.
A receita libertária para desafios demográficos nunca é controle estatal, mas liberdade com mercado aberto. Deixe as pessoas migrarem, trabalharem, abrirem negócios e montarem família no seu tempo. Os desajustes se ajeitam sozinhos: países com poucos jovens atraem imigrantes, regiões cheias mandam força de trabalho para fora, e famílias recalibram planos conforme o vento sopra. A China é o retrato falado do colapso da previdência estatal. Quando o governo promete aposentadoria para todos, tá apostando que sempre haverá uma pirâmide perfeita de trabalhadores. Só que demografia é areia movediça, com envelhecimento, crises econômicas, e uma conta amarga a ser paga no futuro.
O caminho libertário? Aposentadoria nas mãos de cada um. Poupança individual e seguros privados, com mercado financeiro competitivo fazendo a roda girar. Assim você mata dois coelhos com uma só paulada: escapa da armadilha demográfica e vira dono do próprio nariz no futuro financeiro. Grandes famílias com vários filhos, que normalmente não possuem muito dinheiro herdado, normalmente cuidarão de seus idosos. Famílias menores, podem garantir uma poupança para os indivíduos senis, garantindo uma maior liberdade para os mais jovens. Tudo baseado na liberdade e respeito à vida das pessoas.
É importante notar que o livre mercado é muito mais eficiente em lidar com mudanças demográficas. Quando há escassez de trabalhadores, os salários sobem naturalmente, incentivando mais pessoas a entrarem no mercado de trabalho e empresas a investir em automação. Isso gera um boom econômico, fazendo com que as famílias tenham mais filhos, pois agora podem dar qualidade de vida para eles. Quando há excesso de idosos, surgem naturalmente indústrias especializadas em cuidados geriátricos, criando empregos e oportunidades de negócio. Se a economia definha, épocas de vacas magras fazem com que a natalidade diminua, e, assim, as coisas se nivelam.
Por fim, a experiência chinesa deveria servir de alerta para todos os países que ainda acreditam que o governo pode “planejar” a sociedade. Seja controlando a natalidade, seja controlando a economia, seja controlando qualquer outro aspecto da vida humana, o resultado é sempre o mesmo: distorções, ineficiências e sofrimento humano desnecessário. A lição deste caso é deixar as pessoas livres para tomar suas próprias decisões. Elas podem não ser perfeitas, mas são infinitamente melhores que as decisões tomadas por burocratas que acham que sabem o que é melhor para todo mundo.
https://exame.com/mundo/envelhecimento-e-queda-da-taxa-de-natalidade-podem-reduzir-pib-da-china-em-mais-de-50-ate-2050/
https://braziljournal.com/chinas-demographic-challenge-and-its-global-implications/
https://exame.com/mundo/envelhecimento-e-queda-da-taxa-de-natalidade-podem-reduzir-pib-da-china-em-mais-de-50-ate-2050/
https://www.cato.org/free-society/summer-2025/federal-failure-parental-freedom-story-movement