Aproximação entre Putin e Kim-Jong-Un demonstra o total desespero da RÚSSIA

INIMIGOS COMUNS PODEM UNIR MAFIOSOS - ISSO É UM FATO. NO CASO DA RÚSSIA E DA COREIA DO NORTE, PORÉM, O QUE UNE SEUS LÍDERES DITATORIAIS É MESMO O DESESPERO PARA SE MANTER NO PODER.

No dia 12 de setembro, Vladimir Putin, presidente da Rússia, e Kim Jong-Un, o ditador da Coreia do Norte, se reuniram em território russo. A reunião se deu na base de lançamentos espaciais de Vostochny, no extremo oriente da Rússia, e transcorreu sem muito alarde. O que não é segredo para ninguém, contudo, são os reais objetivos dos dois ditadores. Embora os detalhes ainda permaneçam incertos, já se sabe que Putin e Kim se encontraram para alinhar o necessário fornecimento de munições norte-coreanas para o exército russo.
Se formos levar em conta as informações oficiais, divulgadas pela Rússia, a respeito do encontro, a coisa toda pareceu ser uma conversa de comadres. Kim Jong-Un rasgou seda para a Rússia, afirmando que o país “se levantou contra as forças hegemônicas” do Ocidente. O Nhonho coreano também expressou seu "apoio total e incondicional a tudo o que a Rússia faz em resposta” aos seus inimigos. Putin, por sua vez, também tratou de elogiar seu novo parceiro político e, ao que tudo indica, militar.
Mas, afinal de contas, o que a Rússia e a Coreia do Norte têm em comum? Normalmente, os norte-coreanos sempre parecem ser mais próximos dos chineses; na verdade, a China é a grande garantidora da soberania da Coreia do Norte, mesmo com todas as loucuras cometidas por seus líderes. Porém, é verdade também que a Rússia e a Coreia comunista guardam, entre si, grandes semelhanças.
Do ponto de vista geográfico, ambos os países possuem uma pequena fronteira. Sim, é preciso dar um zoom no mapa para conferir esse detalhe, mas a fronteira está lá: um pequeno trecho de 19km, onde há uma ponte e uma estrada de ferro unindo os dois países. Além disso, no passado, nos tempos da União Soviética, a relação entre russos e norte-coreanos era muito bem estabelecida. Ambos os países, hoje, possuem objetivos bastante semelhantes, embora de proporções diferentes. E, no fim das contas, ambos também são, na atualidade, párias internacionais.
Ao que tudo indica, a reunião entre Putin e Kim serviu para selar um acordo de fornecimento de armamentos para os russos, por parte dos norte-coreanos. Segundo o que foi apurado pelo Pentágono, os russos estariam interessados, principalmente, nas munições de artilharia disponibilizadas por seus amigos comunistas. É claro que, agora, você deve estar se perguntando: o quão mal das pernas a Rússia está, para precisar pedir socorro à Coreia do Norte?
A verdade é que as coisas para os russos não estão nada bonitas. Com seus recursos se exaurindo a cada dia, o país tem que buscar ajuda onde for possível encontrá-la, além de racionar o que puder de sua própria produção. É por isso, inclusive, que os russos suspenderam a venda de diesel e gasolina para o exterior. O que ainda sobrou de recursos em seu território, vai ser gasto no esforço de guerra.
Contudo, é claro que, por mais que os dois ditadores tenham rasgado seda publicamente, essa negociação não representa um gesto altruísta por parte dos coreanos. Eles também têm seus interesses nessa história. E é aí que a coisa se torna ainda mais perigosa. Ao que tudo indica, Kim Jong-Un está muito interessado no recebimento de segredos militares por parte dos russos, para avançar o desenvolvimento de suas armas de destruição em massa.
O fato de ambos os ditadores terem se encontrado em uma base de lançamento espacial ajuda a compreender esse ponto. Atualmente, a Coreia do Norte tenta desenvolver seus mísseis balísticos de longo alcance, mas sem muito resultado. É provável, então, que a Rússia esteja disposta a colaborar com os coreanos nesse desenvolvimento, em troca das citadas munições. Também se acredita que os russos vão ajudar seus vizinhos a desenvolver sua tecnologia de satélites. E, muito possivelmente, os norte-coreanos também vão receber apoio no desenvolvimento de sua tecnologia nuclear.
Enquanto a relação entre os dois países se estreita, o Nhonho coreano continua lançando seus foguetinhos para ameaçar o Ocidente. Putin, por sua vez, se vê tão acuado, que agora é necessário recorrer ao ditador mais caricato do mundo, para não perder a guerra de vez. E precisamos frisar bem esse ponto: a Rússia está tão isolada, que agora precisa se aliar à Coreia do Norte. Seus grandes aliados de longa data simplesmente pularam fora de seu barco furado.
Contudo, conforme já adiantamos, essa aproximação não é algo genuíno - ela se dá por mero interesse. Afinal de contas, ambos os ditadores são tão paranoicos, que seriam incapazes de se confiar mutuamente. Acredite ou não, Kim Jong-Un fez sua viagem para a Rússia em um trem blindado, extremamente pesado, que levou 3 dias para percorrer os 3 mil km de distância. O ditador é tão cagão, que não tem coragem de viajar de avião, por acreditar que a aeronave pode ser derrubada a qualquer momento.
Também viralizou no Twitter o vídeo dos dois ditadores segurando seus copos de bebida, após o brinde. Cada um dos patetas parece estar com medo de beber do copo antes do outro, temendo ser envenenado. Afinal de contas, você sabe como funciona a mente de um mafioso, não é mesmo?
Porém, deixando a questão geopolítica de lado, é importante levarmos em conta o quanto a aproximação entre Rússia e Coreia do Norte nos ensina a respeito do estado. Nesse arranjo criminoso e coercitivo, em que as máfias se alternam no comando, é mais do que comum que as piores dessas gangues se aliem, para consolidar seu próprio poder.
Tanto o governo de Putin quanto o de Kim só sobrevivem graças ao uso da força, do controle da informação e todo tipo de violência contra os dissidentes. Não existe democracia, não existe livre expressão de ideias, não existe qualquer grau de liberdade. Por mais que a Rússia ainda não tenha um regime tão absurdo e caricato quanto o norte-coreano, o fato é que o país já se tornou uma ditadura. A constante perseguição aos desafetos políticos de Vladimir Putin deixa isso bastante claro para todos, sem mencionar que nenhum cidadão russo pode se opor abertamente ao regime no poder.
O alinhamento ideológico de ambos os ditadores é o que viabilizou sua aproximação política. Como todos os outros países civilizados estão virando as costas para essas duas nações, elas resolveram dar-se as mãos, para tentar garantir sua própria sobrevivência. Isso, infelizmente, vai dar mais poder para os ditadores, pelo menos no curto prazo - o que vai penalizar ainda mais as já sofridas populações dos dois países.
Quanto ao resultado geopolítico prático dessa aproximação: talvez o pior disso tudo seja o fortalecimento da Coreia do Norte. Acredite ou não, mas a Rússia está tão arruinada, que é bem provável que o Kim só esteja se aproveitando dessa oportunidade para desovar munição antiga e canibalizar a tecnologia militar russa. Não, essas balas não vão fazer o Putin vencer a guerra na Ucrânia: o conflito já estava perdido para ele nos primeiros dias, quando ele não conseguiu derrubar o governo de Zelensky. A verdadeira guerra de Putin, agora, é interna, para se manter no poder. Nem que para isso, ele precise se aliar à Coreia do Norte.
Já para nós, brasileiro, a maior tristeza mesmo é saber que o presidente Lula também está se aliando a essa gentalha ditatorial. A relação quase promíscua e muito subserviente que o Molusco mantém com cretinos como Vladimir Putin, Xi Jinping, Nicolás Maduro e Daniel Ortega nos envergonha de tal forma, que é difícil até de explicar. Parabéns a todos os que fizeram o L pela democracia: vocês colocaram um corrupto no poder, apenas para vê-lo se aproximar de tudo o que há de mais antidemocrático e ditatorial no mundo.
Enfim, o encontro de Putin e Kim Jong-Un serve, basicamente, para nos mostrar que a Rússia realmente está desesperada. Quem diria que, transcorridos 18 meses do início da Guerra da Ucrânia, o segundo maior exército do mundo teria que mendigar munições junto da Coreia do Norte? De qualquer forma, esse caso também nos ajuda a lembrar que, embora todos os estados sejam máfias, alguns conseguem ser piores que os outros. Nessas circunstâncias, os piores tendem a se aliar, para tentar consolidar, juntos, o seu próprio poder ditatorial, às custas de sua penalizada população.

Referências:

https://www.bbc.com/portuguese/articles/crg411n0l53o