Aniversário da República do Brasil: 134 anos do mais infame golpe da nossa história

A República brasileira, proclamada por meio de um golpe militar, sem o apoio da população, já se revelou um grande fracasso - como era de se esperar.

Neste dia 15 de novembro, a República brasileira completa seus 134 aninhos de existência. E como estamos falando do Brasil, é claro que esse dia é um feriado - certamente mais um daqueles que vai derrubar o PIB do Brasil, de acordo com a opinião do Lula. Essa é mais uma daquelas datas cívicas que nós aprendemos a respeitar e a festejar naqueles antros de doutrinação estatal, que conhecemos por “escolas”. Porém, como já somos todos grandinhos, podemos nos perguntar: será que realmente temos algo a comemorar nesse dia?

Bem, já vamos chegar nesse ponto. Mas, antes de prosseguirmos, recomendamos que você assista também outro vídeo do nosso canal, e que trata sobre o tema do golpe republicano: “Uma visão politicamente incorreta sobre a proclamação da república” - link na descrição. E não, eu não usei a palavra “golpe” por acaso. Afinal de contas, é cada vez mais comum ver pessoas reconhecendo que o que aconteceu em 1889 não foi nada mais do que um belo de um golpe de estado.

Para tratarmos desse tema, vamos citar a obra literária de Eduardo Prado - ou, de forma mais específica, o seu livro: “Fastos da Ditadura Militar no Brasil”. E não, ele não escreveu essa obra logo após o golpe de 1964 - até porque o escritor morreu em 1901. Eduardo Prado foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, e sua citada obra, de 1890, retrata os problemas da república nascente. E sim: já naquela época, todo mundo sabia que a Proclamação da República tinha sido um golpe militar, e que o governo de Deodoro da Fonseca era uma ditadura.

Prado se destacou como um dos grandes críticos do regime nascente. De acordo com a sua concepção, a República brasileira nada mais era do que um modelo copiado do modelo americano, porém com uma série de problemas. É mais ou menos como aquele meme que ainda hoje faz sucesso: pode copiar, só não faz igual. Basicamente, o que o Brasil criou, a partir daí, foi uma república comprada na deep web.

É claro que a opinião do famoso escritor era muito bem embasada. Eduardo Prado considerava o nosso contexto social muito diferente daquele que criou a República norte-americana no século anterior. Para ele, a monarquia seria o modelo de governo mais adequado para a nossa realidade. E, em sua opinião, o que aconteceu em 1889 foi um golpe ilegítimo. Afinal de contas, naquela época quase ninguém queria a República - principalmente entre o povão.

Logo nos primeiros anos do novo regime, Eduardo Prado escreveu as suas impressões a respeito do governo militar que se instaurou comparando-o com o sistema monárquico que trazia em si um alto grau de liberdade. De acordo com suas palavras: “O Brasil está neste momento sob o regime militar. Quanto tempo durará este regime? No tempo do Imperador, quando o soberano resistia ao ministro, se estes insistiam, a coroa cedia. Hoje, quando o marechal Deodoro pensar de um modo e os seus ministros de outro, quem cederá?”.

Sim: a Proclamação da República foi realmente um golpe - não há o que se discutir a esse respeito. O mais engraçado é ver muita gente que hoje chama o Bolsonaro e o Michel Temer de golpistas e que reclamam de 1964, festejando o golpe de 1889. Porém, a coisa toda já aconteceu, a monarquia foi abolida: agora é bola pra frente. Ainda assim, podemos nos perguntar: será que a República valeu mesmo a pena?

O super ministro Xandão que me perdoe, mas a verdade é que o nosso sistema republicano é uma bosta. Tudo bem que a nossa monarquia também não foi grandes coisas, mas naquela época o Brasil experimentou um período de estabilidade, numa época muito tensa. Afinal de contas, estávamos ainda no início da nossa história enquanto país autônomo. Durante o período imperial, tivemos apenas uma Constituição - que, por sinal, não é apenas a mais duradoura da nossa história, como também a mais liberal, acredite ou não. Já na República, a coisa desandou com gosto. No novo regime, tivemos nada menos que outras 6 constituições, o que dá uma média de uma constituição a cada 22 anos. Em comparação, a carta magna imperial durou 67 anos!

Agora, falando da República em si: por incrível que pareça, a época mais criticada pelos professores de História, a República do Café-com-Leite, foi a mais estável desse regime. Se considerarmos o Brasil após esse período, ou seja, de 1926 para cá, apenas 6 presidentes eleitos nas urnas terminaram seu mandato: Eurico Gaspar Dutra, Juscelino Kubitschek, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. Todos os outros foram derrubados, renunciaram, se mataram ou foram impichados. Aliás, Dilma também sofreu impeachment mas terminou seu primeiro mandato.

Um amante da República, porém, talvez possa dizer: “a Constituição de 1988 nos trouxe alguma sorte. Afinal de contas, temos algum grau de estabilidade política atualmente!”. Só que não! Lembre-se que o primeiro presidente eleito democraticamente, depois de décadas de governo militar, confiscou as poupanças e sofreu o impeachment. É certo que o seu vice-presidente foi melhor; e o mesmo podemos dizer de Michel Temer que substituiu Dilma Rousseff. Parece mesmo que o Brasil é um país de vice-presidentes… Alô, Geraldo Alckmin!

A verdade, contudo, é que a República brasileira é uma grande viagem. Na prática, ela é uma federação fajuta. A formação do estado brasileiro está a quilômetros de distância da federação dos Estados Unidos, e a anos-luz de distância da federação da Suíça. E a cada nova Constituição aprovada no regime republicano, tivemos mais centralização, mais orçamento e menos liberdade. E o pior é que muito disso veio na base do voto! Com essa desorganização toda, é difícil acreditar que esse sistema poderia um dia funcionar.

Porém, mesmo diante de tantos fatos, alguns progressistas gostam de afirmar que a República é, sim, um regime mais evoluído do que a monarquia. É engraçado imaginar que muitos desses defensores da democracia são também aguerridos defensores dos direitos femininos. Essa gente vive afirmando querer mais presença feminina na política! Pois bem: se não fosse o golpe republicano de 1889, nós teríamos sido o primeiro país das Américas a ser governado por uma mulher - a Princesa Isabel, herdeira do trono imperial brasileiro. Mas os progressistas parecem se esquecer desse pequeno detalhe…

Então podemos nos questionar: qual o governo é melhor, no fim das contas? Como libertários, sabemos que o melhor mesmo é não ter governo nenhum - considerando, nessa história, governos impositivos como temos atualmente. Numa sociedade livre, governanças também existiriam, mas elas seriam voluntárias. De qualquer forma, o fato é que a democracia é, sim, uma praga - ou um deus que falhou, como nos diria Hans-Hermann Hoppe. As piores práticas estatais, que hoje nos castigam, foram todas legitimadas pelo desejo da maioria - a vontade popular manifestada pelo voto.

Precisamos ser sinceros: a maior parte da população tende a pedir por mais estado, porque todos acham que vão levar vantagem nessa história. E aí, você já sabe como a coisa funciona: quem promete mais, vence mais fácil. O resultado final disso é termos cada vez menos liberdade, com mais endividamento público e mais impostos.

Aliás, a história da república brasileira é a história da inflação. Ao longo das décadas, tivemos uma tonelada de moedas, que foram criadas e destruídas pelos presidentes: os antigos réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzeiro de novo, cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real e o real mais uma vez - para dar sorte. Desde a instituição da nossa moeda mais recente, em 1994, já vimos seu valor ser reduzido em quase 90%. Talvez, esse seja mesmo o maior dos talentos dos presidentes republicanos.

O pior de tudo, porém, não é sequer a questão monetária ou econômica. O grande problema é que, ao longo dos anos, a República se tornou um mecanismo para reforçar o poder do estado e cercear as liberdades individuais. Por incrível que pareça, era muito mais seguro agir de forma livre nos tempos do Império do que na atual República brasileira - onde os direitos fundamentais dependem da interpretação dos super-ministros. E, infelizmente, o que não faltam são exemplos para reforçar essa nossa percepção.

Voltando ao autor citado no início deste vídeo, Eduardo Prado: uma de suas obras, “A Ilusão Americana”, foi censurada pelo governo em 1895 - foi o primeiro caso de censura na história republicana brasileira. Ainda assim, o escritor pôde seguir com suas críticas ácidas ao regime, em seus últimos anos de vida. Agora, compare esse caso com a atual realidade brasileira, em que indivíduos são colocados atrás das grades, de forma preventiva, sem direito à própria defesa, por determinação do Excelentíssimo Calvíssimo da República.

O Brasil República é um grande fracasso; mas disso todos já sabiam - inclusive Eduardo Prado - quando do golpe militar que instaurou esse regime. Decorridos 134 do ocorrido, qualquer um que ouse criticar a República e suas instituições será colocado em cárcere privado - ou terá que se exilar do Brasil. Essa é a realidade em que vivemos. O governo do povo, para o povo se tornou o governo das elites políticas contra as liberdades individuais. Olhando em retrospecto, e com base em tudo o que acontece na atualidade, e ao nosso redor, podemos nos questionar: será que a República do Brasil realmente deu certo?

Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Prado#Biografia

https://www.youtube.com/watch?v=BCBWvzRkSrA

https://super.abril.com.br/historia/so-5-presidentes-eleitos-completaram-o-mandato-nos-ultimos-90-anos