13 Dez. 2023
Escritor: Agricultor Libertario
Revisor: Lord Caligula
Narrador: Kerygma
Produtor: Leandro Brito

A farsa dos agrotóxicos

O autor deste artigo é um libertário e agricultor. Antes de mais nada, é importante esclarecer que a aprovação do PL 1459 não significa necessariamente que sou a favor desse governo atual. Acredito que uma agricultura eficiente se dá com produtos novos e eficientes.

Há cerca de 4.500 anos, os sumérios já empregavam enxofre para combater ácaros e insetos, enquanto os chineses, mais de 3.200 anos atrás, utilizavam compostos de mercúrio e arsênico contra piolhos. Essa mesma civilização, há aproximadamente 2.500 anos, começou a perceber a relevância dos microrganismos e a ajustar os períodos de semeadura para prevenir surtos de pragas. Apesar dos avanços e pesquisas, ainda há indivíduos mal informados que se referem aos defensivos agrícolas como tóxicos.

Em contrapartida, os europeus, após a queda do Império Romano, depositaram sua esperança na fé religiosa, em vez de o fazer sobre o saber biológico, uma atitude que só começou a alterar-se com o Renascimento.

Nos dias de hoje, mesmo com o avanço das ciências agronômicas, as perdas provocadas por pragas e enfermidades ainda oscilam entre 10% a 90%, com uma média de 37,5% para todas as culturas de alimentos e fibras. Isso cria um forte estímulo para encontrar soluções para os desafios causados por pragas e enfermidades.

Historicamente, os primeiros inseticidas eram basicamente folhagens secas de determinadas plantas. A ciência moderna teve um papel fundamental na identificação de substâncias botânicas com ação inseticida e, subsequentemente, no desenvolvimento de produtos químicos mais efetivos, estáveis, seguros e econômicos para distribuição junto aos agricultores.

O emprego de defensivos agrícolas contemporâneos e precisos, juntamente com a tecnologia e inovação das máquinas agrícolas, progride junto aos métodos de aplicação.

Sem os defensivos agrícolas, ocorreria uma redução significativa na produção de culturas, e muitos alimentos não poderiam ser cultivados. É previsto que será necessário elevar a produção global de alimentos em pelo menos 70%, para nutrir uma população estimada em 10 bilhões de pessoas, até 2050. Atualmente, esses problemas são prevenidos, ou ao menos atenuados, graças ao progresso científico e ao uso criterioso dos defensivos agrícolas. Muitos defensivos químicos provêm de substâncias encontradas na própria natureza, que já possuíam função protetora para as plantas contra insetos e micróbios.

Defensivos Agrícolas Químicos:

Na segunda metade do século XIX, outras substâncias químicas começaram a ser empregadas, tais como os fungicidas, sendo o cobre o mais célebre. A combinação de sulfato de cobre e hidróxido de cálcio, conhecida como calda bordalesa, ainda é empregada hoje, principalmente na agricultura biológica. Produtos baseados em arsênio mantiveram sua supremacia até o começo do século XX.

Até a década de 1940, substâncias inorgânicas como clorato de sódio e ácido sulfúrico, ou produtos químicos orgânicos derivados de fontes naturais, ainda eram extensivamente utilizados no controle de pragas de maneira mais empírica. Isso sem formulações e exames que assegurassem a eficácia desses produtos.

Com o desenvolvimento de defensivos sintéticos, esses elementos tornaram-se vitais para a Revolução Verde, um marco histórico da agricultura. Este está intrinsecamente ligado à dinâmica de financiamento e às investigações promovidas tanto por entidades públicas quanto pela indústria, responsáveis por impulsionar e expandir as técnicas de cultivo de alimentos.

Alguns pesticidas eram subprodutos da produção de gás de carvão ou outros processos industriais, marcando o princípio da modernização na produção de defensivos agrícolas. Os primeiros defensivos orgânicos, como nitrofenóis, clorofenóis, creosoto, naftaleno e óleos de petróleo foram empregados contra fungos e insetos, enquanto o sulfato de amônio e o arseniato de sódio serviam como herbicidas.

Como diz um famoso político, larápio de nove dedos que não podemos citar, o maior plantador de arroz orgânico é o “três letras”. No entanto, dos 865 mil hectares de arroz plantados no Brasil, apenas 5 mil hectares são de arroz orgânico. Outra questão que devemos salientar é: seria mesmo esse arroz que alimenta nossa população? Avaliando os números acima citados, podemos acreditar que não.

Após a Segunda Guerra Mundial, constatou-se que muitos outros produtos químicos eram eficazes no controle de pragas agrícolas, inaugurando uma nova fase de defensivos.

A grande expansão na produção de alimentos deve-se ao melhoramento nas culturas e à aplicação de defensivos agrícolas. Graças a eles, temos seguridade alimentar a nível mundial, pois as tecnologias, aliadas à aplicação de defensivos agrícolas, possibilitaram a maior expansão na produtividade por hectare, assim produzindo mais alimentos em menor área.

Contrariando a narrativa dos ecochatos, que pregam que os agricultores vivem destruindo a natureza e espalhando veneno, saibam, ecochatos, que eles estão produzindo seu alimento neste exato momento; portanto, façam uma pausa e agradeçam ao agricultor.

Para ficar claro como o agricultor faz para produzir seu alimento, aqui vai um exemplo: se, por um acaso, o produtor decidir produzir a soja que compõe sua carne vegana, ele tem de preparar a terra, analisar e ver o que mais será necessário: correção de PH de solo e adubação; após esse custo, o agricultor ara a terra e planta. Se a chuva colaborar e o sol também, não será necessário replantar, e, posteriormente, entra-se 05 vezes na lavoura para controle de fungos, ervas daninhas e insetos. Se o tempo correr bem nesse período, teremos uma lavoura para colheita. Agora vem um problema maior: a estocagem e preços desses grãos. Lembre-se: entre o plantio e a colheita há um período de 06 meses ‒ isso, claro, se os maiores produtores de arroz orgânico não invadirem as plantações com “amor”; mas vamos deixar esse tema para um outro artigo.

Outras situações que não te contaram é que o produtor deve deixar cerca de 20% de sua propriedade privada. Agora você, sociopata de cabelo samurai comendo tofu e chamando agro de fascista, experimente separar cerca de 20% de seu cubículo na capital e deixe a flora e a fauna local procriarem e tomar conta ‒ lembrando que o produtor continua pagando impostos sobre todo o terreno. E, se o produtor tiver algum rio, córrego ou nascente em sua propriedade, ele deve isolar esse local, por ser considerado área de preservação permanente, não podendo entrar na parcela de reserva legal.

Para descontruir essa narrativa de que o agricultor vive espalhando veneno, há que se lembrar que os defensivos agrícolas custam dinheiro, e muitas vezes não é pouco. Por exemplo, um tratamento de fungicida na região sul brasileira pode custar R$ 42 reais por hectare, segundo a Embrapa. Muitas culturas necessitam de duas ou três aplicações para garantir a qualidade do alimento da população no prato.

Mas como essa PEC pode ajudar? É um simples efeito cascata. Ao possibilitar o aumento do mix de defensivos agrícolas oferecidos ao produtor, haverá uma disputa por fatias do mercado, reduzindo seus preços. Isso acarretará na diminuição no custo de produção, possibilitando negociar os alimentos com preço menor.

Outra narrativa que os críticos gostam de contar é que somos o maior consumidor de defensivos agrícolas. No entanto, quando vemos a utilização de defensivos por hectare, ou seja, por área produzida, usamos menos da metade que os países baixos, que estão no topo dessa lista. Estamos em nono lugar, atrás de Países Baixos, Bélgica, Itália, Montenegro, Irlanda, Portugal, Suíça e Eslovênia. Uma situação que poucas pessoas falam é que o Brasil é o quarto maior produtor mundial, sendo o maior exportador mundial de soja, açúcar bruto, carne bovina congelada e aves.

Para concluir, o PL 1459 tem o potencial de trazer benefícios significativos para a agricultura brasileira. No entanto, é crucial que a implementação desta lei seja acompanhada de medidas adequadas para garantir a segurança e a sustentabilidade do uso de defensivos agrícolas; entretanto, conforme o mercado aumenta o mix de produtos, o próprio mercado regula-se naturalmente.

Referências:

https://www.bbc.com/portuguese/brasil62746336#:~:text=MST%3A%20maior%20produtor%20de%20arroz%20org%C3%A2nico%20do%20Brasil%2C,Nas%20prateleiras%20dos%20mercados%20e%20no%20exterior%20 https://www.rondoniaovivo.com/noticia/agronegocio/2022/12/16/celeiros-veja-os-quatro-paises-que-mais-produzem-alimentos-no-mundo.html#:~:text=Voc%C3%AA%20sabia%20que%20o%20pa%C3%ADs%20que%20mais%20exporta,mais%20de%2010%25%20do%20total%20das%20exporta%C3%A7%C3%B5es%20globais. https://cooperitaipu.com.br/noticias/historia-dos-defensivos-agricolas-e-a-sua-importancia-na-producao-de-alimentos/ https://meioambienterio.com/reserva-legal-o-que-e-e-qual-a-sua-importancia/#:~:text=Obrigatoriedade%20da%20Reserva%20Legal%3A%20A%20Lei%20n%C2%BA%2012.651%2F2012%2C,a%20Amaz%C3%B4nia%2C%20esse%20percentual%20pode%20chegar%20a%2080%25.

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